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ESG conta na decisão de investir, mas dados confundem

Pesquisa da EY mostra que fundos alegam sérias dificuldades em obter dados relevantes para uma avaliação precisa

ESG conta na decisão de investir, mas dados confundem
Foto: Evanto Elements
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  • Ainda que a pesquisa tenha apontado que três quartos (74%) dos investidores se tornaram, desde a pandemia, mais propensos a desinvestir em caso de baixo desempenho ESG, há um descasamento entre a intenção e a prática
  • O sócio-diretor da área de sustentabilidade da EY, Leonardo Dutra, explica que os gestores estão conhecendo profundamente os temas e precisam aprender a tratar o impacto de ESG nos negócios

Wladimir D’Andrade – Os grandes fundos de investimento globais consideram importante observar o desempenho das empresas nas questões ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança). Segundo a sexta edição da Pesquisa Global com Investidores Institucionais da consultoria internacional EY (antiga Ernst & Young), 90% dos grandes gestores respondem que essas diretrizes devem ser levadas em conta na tomada de decisão sobre os portfólios.

Apesar disso, poucos trataram de mudar as políticas ou estratégias de investimento. Muitos alegam sérias dificuldades em obter informações relevantes para uma avaliação precisa das ações ESG das empresas. A qualidade dos dados é ruim, impedindo uma análise eficiente e também a comparação entre empresas, segundo os relatos.

Intenção x prática

Ainda que a pesquisa tenha apontado que três quartos (74%) dos investidores se tornaram, desde a pandemia, mais propensos a desinvestir em caso de baixo desempenho ESG, há um descasamento entre a intenção e a prática. Menos da metade deles (44%) ajustou as estratégias e processos de gerenciamento de risco a padrões mais rigorosos nos temas ambiental, social e/ou governança.

O sócio-diretor da área de sustentabilidade da EY, Leonardo Dutra, explica que os gestores estão conhecendo profundamente os temas e precisam aprender a tratar o impacto de ESG nos negócios. “Ainda falta um entendimento metodológico sobre o assunto, eles precisam de algum tempo para se adaptar, rever modelos e criar métricas”, afirmou Dutra em entrevista ao Broadcast.

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Uma das barreiras que impede mudanças mais céleres nas estratégias dos fundos está na falta de informações claras que os ajudem na tomada de decisão de investimento. Na pesquisa, esse ponto fica evidente quando os investidores dizem que os desafios que enfrentam relacionados à análise de ESG das empresas estão nos seguintes aspectos: falta de informação sobre como a companhia cria valor a longo prazo (opção de 51% dos respondentes), falta de foco em questões que realmente importam (50%) e na desconexão entre os relatórios ESG e as principais informações financeiras da empresa (46%).

“O mercado não está amadurecendo e os investidores estão sentindo cada vez mais falta disso. Nos últimos dois anos vimos crescer as abordagens sobre ESG, mas as empresas necessitam de mais maturidade na comunicação”, afirma Dutra. A necessidade de informações claras se torna cada vez mais relevante à medida que os fundos de investimento estruturam suas análises não financeiras dos negócios candidatos a aportes.

Segundo a pesquisa, 78% deles já fazem avaliações estruturadas e metódicas de tais informações, ante 72% em 2020 e 32% em 2018. E 89% dos investidores gostariam de ver relatórios consistentes de desempenho ESG com base em parâmetros globais de avaliação se tornarem obrigatórios.

S de social

Quando perguntados sobre as questões sociais mais importantes no processo de avaliação de desempenho ou risco de uma empresa, os gestores dos fundos consultados apontaram para a satisfação do consumidor, com 35% deles tendo escolhido este como principal fator. Na análise da EY a escolha reflete a importância de conquistar a confiança do consumidor e as crescentes expectativas que eles depositam nas marcas.

“Esta descoberta pode refletir o fato de que o ativismo do consumidor e os protestos são formas poderosas para o público mostrar a insatisfação com as empresas quando se trata de avanços nas questões sociais”, afirma a líder de Serviços de Mudança Climática e Sustentabilidade (CCaSS) da EY EMEIA (Europa e África), Christophe Schmeitzky, no estudo.

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Seguido da Satisfação do Consumidor aparecem os itens Diversidade e Inclusão, com 32% dos apontamentos, e Impacto nas Comunidades Locais como a Criação de Empregos, com 28%.

Interesse é crescente

Os fundos de investimentos globais consultados pela EY atribuem importância a esses temas porque geram impacto relevante para o negócio. Essa percepção ficou mais forte com a pandemia de Covid-19 como exemplo das consequências devastadoras de riscos sistêmicos globais.

Para 86% dos investidores, o fato de uma marca possuir um bom arcabouço ESG e desempenho satisfatório na área afeta significativa e diretamente as recomendações de analistas nos dias atuais. “O mercado está 100% embarcado no ESG. Todos os clientes querem entender sobre o assunto e saber o que fazer com isso”, diz Dutra.

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