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Fundo do agronegócio conta o segredo para dar retorno de quase 20% em um ano

Fiagro adota estratégia diferente da média e evita calote nos títulos da carteira; veja o que fez o Sparta Fiagro

Fundo do agronegócio conta o segredo para dar retorno de quase 20% em um ano
Fiagros são os fundos de investimento no agronegócio (Foto: Envato Elements)
  • Investindo em CRAs de baixo risco e remuneração, a CRAA11 conseguiu bater os demais Fiagros no último ano
  • Setores do agronegócio brasileiro apanharam  em 2023. Produtores de grãos sofreram com a queda do preços das commodities
  • Fiagro é uma aplicação isenta de Imposto de Renda e permite pequenos aportes

O Sparta Fiagro (CRAA11) aparece no topo do ranking dos melhores Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) do primeiro trimestre de 2024, de acordo com levantamento da Grana Capital – veja os detalhes nesta reportagem. O fundo obteve valorização de 19,17% em 12 meses terminados em março de 2024 e, diante de tal desempenho, o E-Investidor conversou com os gestores do Sparta para entender o que diferenciou sua performance em relação às demais.

Para o investidor de Fiagro, a principal lição que fica é: valor de face (preço de emissão do título) não representa retorno. Investindo basicamente em Certificados de Recebíveis Agropecuários (CRAs) de baixo risco e remuneração, o CRAA11 conseguiu bater os demais concorrentes no último ano com um patrimônio líquido de R$ 50 milhões com uma carteira restrita a 40 ativos.

Marcio Takaya, gestor de Agro do Sparta, diz que o principal segredo foi focar em emissores do setor que têm boa qualidade de crédito e baixo risco. “A gente não teve nenhum evento de crédito, calote, nada do tipo, enquanto alguns fiagros sofreram com defaults“, diz Takaya.

Embora reconheça que os problemas de crédito tenham sido pontuais na indústria, alguns setores do agronegócio brasileiro apanharam  em 2023. Os produtores de grãos, por exemplo, sofreram com a queda do preços das commodities. Neste cenário desafiador, a gestão ativa fez a diferença. “Isso é um trabalho diário. Acompanhar o mercado secundário, monitorar os ativos da carteira, verificar a saúde financeira das empresas para a gente decidir se aumenta ou reduz a posição”, afirma, em referência à estratégia de gestão ativa.

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Takaya diz que seu fundo não dá origem a nenhum título e costuma acessar recursos por meio do mercado secundário, estratégia que dá mais liberdade de sair, trocar e vender ativos quando “a gestão achar que atingiu um preço atraente”. Gestoras de fundos de investimento podem optar por investir em ativos já existentes no mercado, estruturados por bancos, por exemplo, ao invés de desenvolvê-los. Evitar a originação de ativos, na visão da Sparta, permite acessar produtos do mercado que são muito mais líquidos.

O foco em empresas com baixo risco de crédito, gera, de cara, uma remuneração menor, com o fundo perseguindo o CDI + 2%. Este seria, na visão de Takaya, outro diferencial de seu fundo, que concorre com outros com carteira CDI + 5% até 6%. “Manter o título na carteira não quer dizer que o fundo vai entregar aquele retorno. Essa é a lição para os investidores. O carrego não leva em conta eventuais perdas com inadimplência”, comenta.

Em outras palavras, quanto mais prêmio um fundo promete, mais vulnerável ele está à volatilidade. Isso porque seus recursos estão mais expostos ao risco. “Compramos CRAs corporativos de empresas com balanço auditado e boa estrutura de capital”, diz. “Olhamos a empresa, não o setor.”

Os CRAs corporativos são geralmente lastreados por duplicatas ou contratos que têm como garantia o fluxo de pagamentos das empresas, enquanto outros tipos podem ter garantias baseadas em ativos agrícolas, como terras. “Garantia é plano B e a gente não leva a valor de face.”

Hora de investir em Fiagros?

Se 2023 foi um ano desafiador para o setor agropecuário, 2024 aparenta ser de normalização. Os produtores que tiveram margens pressionadas agora conseguem comprar insumos em um preço mais baixo também. Perspectiva positiva, portanto, para os fiagros. “Os custos caíram e os preços das commodities estão melhorando”, avalia Utcho Levorin, sócio-gestor da Multiplica Investimentos, que cuida do Fiagro EGAF11. “Juros mais baixos melhoram a rentabilidade do setor”, completa.

Em 2020 o PIB do agronegócio brasileiro teve expansão recorde de 24,3%, alcançando participação de mais de 26% no PIB do País. Em 2021 foi registrado outro aumento de 8,3%, batendo mais de 27% da produção total brasileira e, em 2022, houve um recuo de 4,2%, seguido da queda de 2,9% em 2023, com o agro passando a representar cerca de 24% de toda riqueza produzida no Brasil, segundo números da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

O fenômeno climático El Niño tem impactos sobre a produção agrícola brasileira, principalmente no Sul do País. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a safra agrícola 2023/2024 será influenciada pela fase quente do El Niño com excesso de chuvas.

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O gestor lembra que há dois benefícios para investir neste tipo de fundo. O primeiro vem do fato da aplicação ser isenta de Imposto de Renda. E segundo, o fiagro é um produto que pode gerar alta rentabilidade com investimentos pequenos – a partir de R$ 100 já é possível aplicar. “Os custos são a taxa de administração e gestão do fundo, taxa de sucesso e a corretagem da Bolsa”, diz Levorin.

As plataformas de investimentos oferecem acesso aos mais variados fundos do agronegócio, além dos sites das gestoras. O retorno depende do tipo de fundo se é de papel (CRA), terras ou outro tipo.

Os principais riscos envolvem safra, terra ou cadeia de insumos. “Depois, é preciso ver a referência do fundo e se está dentro da expectativa do investidor”, comenta. A distribuição de dividendos, um dos atrativos, precisa ser compatível com o rendimento da carteira. “Se distribuir mais do que rende a carteira, o patrimônio do fundo diminui.”

Além do retorno financeiro, o investidor deve sempre investigar quem é o gestor, o administrador e o auditor independente do fiagro. A estratégia do fundo é muito importante, como vimos, além da liquidez.

Nem sempre olhar apenas o histórico de retorno do fundo pode dar uma uma boa referência. É preciso lembrar que o período de 2020 até 2022 foi de euforia do agronegócio, até que chegou a crise em 2023. “É importante olhar o desempenho dos fundos nesses anos mais difíceis”, completa Takaya.

O que são os Fiagros?

O Fiagro aparece no mercado como uma opção para o investidor que deseja diversificar a sua carteira e aumentar a exposição ao setor do agronegócio. O dinheiro pode ser aplicado tanto em ativos quanto em dívidas, por meio de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Entre os ativos estão, por exemplo, imóveis, como fazendas ou usinas de produção de commodity, como o açúcar. Os Fiagros Imobiliários (Fiagro-FII) podem obter rendimentos com venda ou locação de imóveis rurais.

A maioria dos Fiagros, porém, investe em dívidas. É como se o investidor “emprestasse” dinheiro para produtores rurais. Com esse financiamento, as empresas podem manter ou expandir suas operações, pagando juros aos investidores.

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Para o investidor pessoa física, uma das vantagens dessa classe de investimentos está na isenção de Imposto de Renda (IR). Mas esse benefício tributário só vale para fundos que possuam, no mínimo, 50 cotistas. O investimento pode ser feito por meio de corretoras. Basta buscar o ticker (sigla que representa o ativo na Bolsa) do fundo e executar a compra por meio do home broker (plataforma de negociação).

Antes de escolher o fundo, especialistas recomendam verificar o histórico da gestora e das empresas que fazem parte do portfólio. Essas informações estão disponíveis no relatório gerencial. Nesse documento, o investidor também consegue verificar qual é a composição da carteira de ativos e se há diversificação de portfólio, o que pode diminuir os riscos do investimento.

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