Investimentos

5 fundos imobiliários que mais pagaram dividendos em 12 meses; vale a pena comprar?

Analistas citam os pontos positivos e negativos de cada um deles

5 fundos imobiliários que mais pagaram dividendos em 12 meses; vale a pena comprar?
Fundos Imobiliários. Imagem: Adobe Stock
  • Um levantamento da Nelogica/Comdinheiro encomendado pelo E-Investidor mostra quais são os 5 fundos imobiliários que tiveram o melhor rendimento em Dividend Yield nos últimos 12 meses
  • Conforme a pesquisa, o FII Hotel Maxinvest (HTMX11) possui o maior dividend yield dos últimos 12 meses

O Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) sobe 18,1% nos últimos 12 meses. O indicador foi dos 2.858,23 pontos em 28 de abril de 2023 para 3.380,00 pontos em 22 de abril de 2024. A alta, segundo muitos analistas do mercado financeiro, é reflexo da redução gradual da taxa básica de juros da economia, a Selic, o que deixou a renda fixa menos atrativa.

Com isso, os investidores optaram por outros ativos para ganhar os dividendos dos fundos, que são pagos mensalmente.

Vale sempre observar o dividend yield, indicador que estabelece uma correlação entre quanto um determinado ativo paga de proventos e sua atual cotação, uma métrica que ajuda a identificar se o investidor está obtendo um retorno menor, igual ou maior do que sua aplicação.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Um levantamento da Nelogica/Comdinheiro encomendado pelo E-Investidor mostra quais são os 5 fundos imobiliários que tiveram o melhor rendimento em Dividend Yield nos últimos 12 meses, até 22 de abril.

Conforme a pesquisa, o FII Hotel Maxinvest (HTMX11) possui o maior dividend yield dos últimos 12 meses. O fundo pagou 18,81% do valor da sua cota do fechamento do dia 22 de abril, data final do levantamento da Nelogica/Comdinheiro, quando o papel encerrou o pregão a R$ 177,18.

O segundo lugar está com o Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11), que teve um dividend yield 16,45% nos últimos 12 meses.

O terceiro colocado é o Riza Akin (RZAK11), com um pagamento de 15,63% do valor da cota do dia 22 de abril de 2024 em dividendos. A lista segue com Urca Prime Renda (URPR11) com DY de 15,22% e com Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11), que pagou 15,03% de sua cota em dividendos.

Publicidade

Segundo Filipe Ferreira, diretor da Nelogica/Comdinheiro, o investidor deve se atentar a vários fatores nesse levantamento, visto que o Dividend Yield não é a única métrica que identifica que o fundo pode ser atrativo. "É possível que o fundo tenha essa métrica alta pelo fato de a cota ter caído por algum problema mais sério. Então, o melhor para o investidor é estudar e saber com detalhes a situação de cada fundo", explica Ferreira.

1° FII Hotel Maxinvest (HTMX11)

De acordo com Ricardo Salim, analista da casa de análise Lumi, o Hotel Maxinvest é um fundo de hotéis corporativos localizados em São Paulo.

Toda a renda do ativo vem do movimento desses estabelecimentos, que é cíclico e bastante dependente do fluxo de eventos na cidade. Por ser um período de férias, o faturamento caiu no início deste ano. As receitas totais somaram R$ 1,5 milhão em janeiro de 2024, queda de 56% na comparação com os R$ 3,42 milhões obtidos em dezembro de 2023.

"A causa principal do alto dividend yield no ano se deu pela venda de alguns quartos desses hotéis. Quando isso ocorre, o fundo perde possibilidade de faturamento com aluguel para o próximo mês, reduzindo o DY. Por ter fluxo de recebimento instável, o fundo é arriscado e recomendado para um perfil mais agressivo de investidor", diz Salim.

Marcos Banhara, analista da Guide Investimentos, aponta que a receita de janeiro deste ano é a última que o fundo tornou pública aos investidores."A empresa é muito ruim para soltar os relatórios. Não há muita informação e nós temos que fazer um trabalho de vidente", argumenta o analista. Ele diz que o DY aumentou justamente pelas vendas dos quartos de hotel. "Isso é quase 64% da receita, ou seja, o DY está alto porque o gestor está vendendo um patrimônio do fundo que poderia gerar receita, o que não tem agradado ao mercado. Se essa política continuar no longo prazo, o fundo vai se desfazer de seu patrimônio e não terá como gerar receitas e nem dividendos", diz Banhara.

2º Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11)

O segundo colocado, o Cartesia Recebíveis Imobiliários, é um fundo de papel. Na opinião de Banhara, esses ativos devem ser considerados de alto risco. "O maior receio de um fundo de papel é pagar um preço acima do que ele vale de fato. Se o investidor fizer isso, será preciso manter o ativo por cerca de 12 meses para vendê-lo a um preço atrativo, visto que ele pagou um valor alto e o fundo deve demorar para ficar acima desse patamar em que o dinheiro foi aportado", explica Banhara.

Ele aponta que cada cota do Cartesia Recebíveis Imobiliários está R$ 4 mais cara do que o seu valor real e ressalta que o fundo não divulga para quais empresas emprestou dinheiro. Por iso, é possível afirmar que ele tem uma carteira de ativos pulverizada. Banhara classifica o ativo como um bom investimento, mas lembra que ele está mais caro que o valor justo.

Publicidade

Salim, analista da Lumi, observa que o atual patamar do IPCA permite que o Cartesia Recebíveis Imobiliários mantenha os dividendos nos níveis atuais. "Contudo, trata-se de um fundo cujos ativos alocados são mais voláteis e com chance maior de inadimplência, o que pode ser arriscado para o investidor".

3º Riza Akin (RZAK11)

O Riza Akin detém uma posição elevada de CRIs da empresa Starbucks, que solicitou recuperação judicial em dezembro. "Esse fato pode diminuir as receitas do fundo, fazendo com que o dividendo também diminua. Dada a incerteza gerada pelo evento citado, acreditamos que existam outras opções mais interessantes para o momento", aponta Salim.

Em outubro de 2023, o valor da cota começou a cair. De lá pra cá, o ativo foi de R$ 92,61 para R$ 87,40, uma queda acumulada de 5,6% até 22 de abril.

Banhara concorda com o analista da Lumi. Ele comenta que, embora o fundo estime em seu relatório que busca pagar 1,10% em dividend yield por mês, o investidor deve ter em mente que Riza Akin não possui reservas muito altas. "Uma vez que o Starbucks atrase os pagamentos, o fundo deve diminuir o dividendo justamente por não ter uma reserva. Ou seja, essa pode não ser uma opção interessante para o investidor", afirma o analista da Guide.

4º Urca Prime Renda (URPR11)

Salim, analista da Lumi, avalia que este é um fundo de risco muito elevado pelo fato de trabalhar com ativos da renda fixa de alto risco, como debêntures.

Ele também diz que o fundo estava entregando um dividendo médio, o que fez com que o mercado jogasse o preço do ativo para baixo. Isso fez com que o indicador dividend yield (preço dividido por dividendo) fosse maior nos últimos 12 meses. "Contudo, ainda existe muito risco embutido na carteira URCR11 fazendo com que a decisão seja assimétrica entre risco e retorno que o fundo proporciona", lembra Salim.

Banhara,  analista da Guide vê alguns pontos positivos no ativo, como a conclusão das operações do fundo, que é o encerramento do pagamento de alguns títulos de dívidas que fazem parte da carteira. Na visão da Guide, isso passa maior confiança do fundo para o mercado.

Publicidade

Ainda assim, o analista lembra que para os próximos meses o fundo não deve manter o ritmo de pagamentos aos investidores. "Isso faz com que a cota não seja atrativa, visto que ele possui ativos de muitos riscos e que vão pagar o mesmo dividendo de fundos de papel que tem médio risco", salienta.

5º Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11)

O especialista da Guide afirma que o fundo possui dois ativos: o primeiro é da torre de um prédio localizado na Chucri Zaidan em São Paulo. O edifício está 100% alocado para uma empresa de química, física e biologia. No entanto, o inquilino já sinalizou que sairá do prédio no final de 2025.

Com isso, a gestora tem o desafio de trazer um novo inquilino para o prédio, visto que ele é responsável por 70% da receita do fundo. Caso essa nova locação não aconteça até o encerramento do contrato atual, o fundo verá uma queda em seus dividendos. Ainda assim, o analista da Guide diz que a cota é negociada a um preço atrativo.

"A cota está com 40% de desconto. Mesmo se enfrentar esse problema com o inquilino, ela continua atrativa e sendo uma boa oportunidade de longo prazo para o investidor. O pagamento de dividendos deve continuar estável até o fim do próximo ano, visto que o aluguel deve se manter até o fim do contrato. O investidor só deve esperar uma queda no dividendo caso ele não encontre nenhum outro inquilino para colocar no lugar do atual", relata Banhara.

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos