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Fundos de investimentos batem recorde em 2020. Veja quais ativos brilharam

A destaque do ano ficou com as classes de multimercado e ações

Fundos de investimentos batem recorde em 2020. Veja quais ativos brilharam
(Foto: Pixabay)
  • Os fundos atingiram o patrimônio líquido recorde de R$ 6 trilhões em 2020. A captação líquida no período foi de R$ 156,3 bilhões
  • Fundos de multimercado e de ações foram os destaques do ano, com saldo positivo de R$ 97,5 bi e R$ 69,3 bi, respectivamente
  • A Selic na mínima histórica, 2% ao ano, impulsionou os produtos e 2021 deve ser mais um ano positivo para os fundos

A indústria brasileira de fundos de investimentos encerrou 2020 com um patamar recorde de R$ 6 trilhões de patrimônio líquido e mais de 24 milhões de contas ativas, a maior entrada de investidores no setor, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima).

Os resultados robustos colocaram o Brasil na 11ª posição entre as maiores indústrias de fundos do mundo, de acordo com a Associação Internacional de Fundos de Investimento (IIFA).

Considerando a captação líquida (diferença entre as aplicações e os resgates), o saldo de 2020 foi R$ 156,4 bi. Entre as diferentes classes de fundos, as que lideraram as captações foram os fundos multimercado (R$ 97,5 bi) e de ações (R$ 69,3 bi). Juntos, os fundos captaram mais de R$ 166,8 bilhões.

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A diferença entre os saldos acontece pela variação negativa dos outros tipos de fundos, como o de renda fixa. Os fundos de títulos públicos e privados, por exemplo, tiveram saldo negativo em 2020, com resgates somando R$ 41,2 bi.

Os fundos multimercado e de ações também estão entre principais os responsáveis pelo aumento de contas abertas no ano. Em 2020, as contas nas modalidades cresceram 1.144.481 e 641.190, respectivamente – números menores apenas do que os fundos imobiliários (FIIs), que registraram 1.475.754 novas contas.

“Mesmo com os efeitos da crise, a indústria de fundos se mostrou resiliente, teve uma rápida e consistente retomada e entregou ótimos resultados”, disse Carlos André, vice-presidente da Anbima, em coletiva de imprensa na terça-feira (12).

Selic a 2% impulsionou os fundos multimercado e de ações

Como a Selic estabeleceu um novo piso histórico em 2020, de 2% ao ano, os investimentos em renda fixa foram desestimulados. Isso porque a rentabilidade real de algumas aplicações, como a poupança, passou a entrar no campo negativo.

Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos, dá o exemplo de um investimento ou um fundo comercializado com rentabilidade 200% acima do CDI. Segundo ele, descontado o Imposto de Renda (IR) e a inflação, a pessoa perde poder de compra em vez de ganhar. “A rentabilidade nominal é muito boa, mas, na realidade, é um retorno real negativo, pois o valor perde para a inflação”, diz Musa.

Para driblar a situação, os investidores se viram obrigados a buscar outros produtos e aumentar a exposição ao risco para manter suas aplicações gerando ganhos reais na carteira.

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“Aconteceu um movimento natural de mudança nos portfólios. E uma das formas de conseguir um retorno melhor foi aplicar em fundos multimercado e de ações”, afirma Adriano Germenink, analista do time de estratégia da Ágora Investimentos.

Movimento deve continuar em 2021

Para os especialistas, o movimento de entrada no mercado de fundos, principalmente nos de multimercado e de ações, deve continuar forte em 2021, uma vez que a perspectiva é de que a Selic continue em um patamar baixo neste ano, ainda perdendo para a inflação.

De acordo com o último Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (11), a projeção do mercado financeiro é de que a Selic em 2021 fique em 3,25% a.a e a inflação em 3,34%. Ou seja, a atratividade da renda fixa deve continuar baixa e os investidores continuarão buscando por opções mais rentáveis.

“O cenário de 2020 da renda fixa vai se repetir esse ano”, diz o sócio da Acqua, lembrando que em um passado não muito distante a taxa básica de juros brasileira estava em mais de 10% a.a.

O vice-presidente da Anbima também crê no aumento da captação e da rentabilidade dos fundos em 2021 e afirma que o cenário para este ano é ainda mais positivo. “Nós enxergamos a trajetória com bons olhos. É Ainda existem alguns fatores de incertezas importantes, mas as perspectivas são melhores para este ano”, comentou Carlos André.

Amplo mercado

Apesar do destaque dos fundos multimercado e de ações, os especialistas alertam que eles são indicados para investidores mais arrojados, por serem produtos com mais riscos e volatilidade maior.

O investidor deve ter consciência sobre a aplicação, respeitar o seu perfil para não correr riscos desnecessários e deve aproveitar do amplo mercado de fundos para escolher aquele que faz mais sentido com a sua atual estratégia.

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“Os fundos são indicados para qualquer investidor, pois existem tipos para o perfil ultraconservador até o outro lado do espectro”, afirma Mário Avelar, superintendente de produtos da Ágora Investimentos, salientando que há fundos cambiais, de ETFs, de previdência e entre outros.

Veja os fundos multimercados e de ações mais rentáveis de 2020

Fundos multimercados Rentabilidade*
BTG Pactual Ouro Usd FI Mult 53,32%
Trend Ouro Dolar FI Mult 53,26%
Trend Bolsa Americana Dolar FI Mult 50,73%
Orama Ouro FI Mult 49,34%
Vitreo Ouro Fc de FI Mult 49,32%
Versa Fit Long Biased FI Mult 48,90%
Truxt Long Bias Advisory Fc Mult 44,40%
Hashdex Criptoatia Discovery FICFI Mult 40,13%
Trend Tecnologia FI Mult 37,38%
Versa Tracker FI Mult 25,91%

Fundos de ações Rentabilidade*
Ms Global Opportunities Adv Fc FIA Ie 91,31%
Western Asset FIA Bdr Nivel I 66,02%
Safra Consumo Americano Fc FIA Bdr Nivel 42,96%
Axa Wf Fr Dig Econ Adv Fc FIA Ie 42,77%
Warren Green FIA Bdr Nivel I 41,32%
Ip Partici Ipg Fc FIA-Bdr Nivel I 27,59%
Constellation Inst Adv Fc FIA 17,69%
Safra Arquimedes FIA Bdr Nivel I 17,12%
Safra Faraday Acoes Fc FIA 16,11%

*Até o dia 31 de dezembro de 2020 / Fonte: Economatica

 

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