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- Conheça seis elementos que fazem as bolsas e contextos internacionais afetarem a Bolsa brasileira (B3) e o Ibovespa, seu principal indicador.
(Carlos Pegurski, especial para o E-Investidor) – Quem entra no mercado financeiro hoje pode não se lembrar da confusão que eram as transações por viva-voz, mas até 2005 a Bolsa de Valores brasileira (então Bovespa) funcionava com centenas de pessoas trabalhando juntas, entre papéis, gritos e telefones celulares jurássicos.
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Graças à internet, foi possível aposentar o modelo antigo, tornando-o mais organizado, seguro, veloz e transparente. Mas a conectividade não mudou apenas a forma das operações.
À medida que se compra e vende ações e outros ativos de qualquer parte do mundo instantaneamente, mais players entram nas bolsas de cada país, tornando esse espaço ainda mais complexo e suscetível a tendências externas.
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Mas como o mercado externo afeta a B3? Qual a relação dela com a bolsa de outros países? Quais os elementos do cenário internacional que mais pesam na performance do mercado financeiro do Brasil?
Confira seis fatores que regem a influência internacional na Bolsa brasileira.
1 – A economia aquecida demanda mais commodities
A primeira relação entre a Bolsa brasileira e o ambiente externo vem da expertise brasileira em exportar commodities. Mesmo com um mercado tímido, se recuperando dos impactos da pandemia, o Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento acredita que o agronegócio irá gerar R$ 1 trilhão em 2021.
A lógica é a seguinte: se a economia internacional estiver aquecida, como ocorreu na década de 2000 (caindo a partir de 2008), mais as pessoas vão consumir. Foi nesse período, conhecido como o “boom das commodities“, que a exportação dos produtos primários do Brasil explodiu.
Naturalmente, esse impacto chega à B3. As ações PETR4, da Petrobras, abriram sua atividade na bolsa em 2006 flutuando próximo a R$ 23. Em maio de 2008, um semestre antes da bolha imobiliária estourar nos Estados Unidos, estava precificada em R$ 50.
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Em 2021, quando a economia mundial sinaliza recuperação após um 2020 comprometido pela covid-19, fala-se em um novo boom das commodities. Ainda é cedo para saber se esse movimento é estável, mas a desvalorização do real torna a importação dos produtos brasileiros mais interessante, dinamizando o Ibovespa, principal indicador da B3.
2 – China e Estados Unidos são especialmente relevantes
Os Estados Unidos são a principal economia do mundo. Mas a China não perde por muito: o PIB do gigante asiático cresceu 18% no 1T2021 em relação ao mesmo período do ano passado, apresentando uma ótima recuperação da crise sanitária.
No total do ano, o país deve crescer mais de 8%, segundo o Fundo Monetário Internacional. E tudo indica que em 2028 ela alcance o PIB dos Estados Unidos, mesmo com uma moeda desvalorizada diante do dólar: são necessários CNY$ 6,5 para comprar um dólar atualmente.
O fato é que ambos são e devem continuar sendo os principais importadores do planeta. E o Brasil está entre os parceiros mais estáveis tanto dos Estados Unidos como da China. Em 2019, eles foram responsáveis por mais de 40% das exportações brasileiras, em um total de cerca de US$ 93 bilhões.
Por isso, a oscilação na economia desses países mexe diretamente com os índices daqui.
3 – Os BRICs e países emergentes também são importantes
Também em 2019, os argentinos foram responsáveis por mais de 4% das exportações do Brasil, que somaram quase US$ 10 bilhões. Veículos de cargas, automóveis e peças para veículos são os itens com maior destaque na balança comercial.
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Chile e México vêm logo atrás, comprando juntos outros US$ 9,5 bilhões distribuídos em diversos itens, sobretudo automóveis, carne bovina, óleos brutos de petróleo, semimanufaturados de ferro ou aço e motores de veículos.
Além disso, é interessante olhar para o mercado dos BRICs: Brasil, Rússia, Índia e África do Sul. Essas economias têm similaridades e observar tendências nelas pode ser uma forma de antever comportamentos por aqui.
Por esse conjunto de fatores, olhar para as economias emergentes também é importante. O aquecimento dessas economias mexe com a demanda brasileira e o contrário impacta negativamente
4 – Taxa de juros do FED e BCE
Dólar e euro são as moedas mais fortes do mundo e têm ótima liquidez. Quando há alguma turbulência no mercado, os investidores costumam procurar portos seguros. Assim, compram mais dessas moedas.
Mas, em períodos comuns, o que faz as pessoas comprarem mais essa moeda (e tirar capital de bolsas menores, como a brasileira) é a taxa de juros regulada pelo FED e pelo BCE, bancos centrais dos Estados e da União Europeia, respectivamente.
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Quando a taxa de juros está menor, afasta os investidores, que desejam valorizar seu dinheiro. Quando ela sobe, atrai capital, retirando investimento do Brasil e de outros países com as moedas menos estáveis.
5 – Empresas brasileiras têm capital aberto em bolsas estrangeiras
Muitas empresas do Brasil possuem capital aberto na bolsa de outros países, sobretudo nos Estados Unidos. Na New York Stock Exchange, se destacam a PagSeguro e a Azul. Na NASDAQ, que reúne empresas menores e de tecnologia, estão a Stone, a Afya Educacional e a XP Investimentos.
E existem também empresas que fizeram abertura de capital (IPO) em outros países. A Vale, por exemplo, possui ações na Hong Kong Stock Exchange.
Nesses casos, as organizações têm a possibilidade de captar investimentos em dólar, mas estão mais diretamente expostas ao mercado internacional e à flutuação cambial.
6 – O fuso horário é um bom conselheiro
Quando o assunto é investimento, não existe bola de cristal. Mas existe fuso horário. Quando a B3 abre suas atividades de commodities, futuro de índice e dólar, Ásia, Oceania, África e Europa já estão a pleno vapor.
Assim, inicia-se o dia financeiro sabendo as tendências de 16 das 20 maiores bolsas do mundo, sobretudo a London Stock Exchange, a Tokyo Stock Exchange, a Shanghai Stock Exchange, a Hong Kong Stock Exchange e a Euronext.
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