- Na Bolsa de Valores de Tóquio, o pregão terminou com uma desvalorização de 12,4%, o pior desempenho desde 1987
- Os índices das principais Bolsas de Valores ao redor do mundo também caíram; petróleo e ouro também encerraram o dia em baixa
- O Volatility Index, mais conhecido como “índice do medo”, subiu 64,9%, a 38,57 pontos
Do Japão aos Estados Unidos, o mercado financeiro mundial poucas vezes teve uma segunda-feira tão agitada quanto este 5 de agosto de 2024. Essa história começou na quarta-feira (31) passada, quando o Banco Central do Japão elevou sua taxa de juros. Já na sexta-feira (2), em que dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos vieram abaixo das projeções, o mau humor dos investidores se transformou em aversão a risco.
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Hoje, o temor sobre uma recessão na economia americana e a fuga de operações de carry trade em iene levou a uma queda generalizada nas Bolsas de Valores e na disparada do chamado “índice do medo”.
Como foi a segunda-feira de pânico nos mercados globais?
O “pânico” nos mercados globais nesta segunda-feira foi o maior desde o anúncio do início da pandemia em março de 2020. O VIX (Volatility Index em inglês, mais conhecido como “índice do medo”), calculado com base no preço de mercado para opções no S&P 500, subiu 64,9%, a 38,57 pontos. Da pandemia para cá, o índice operava na casa dos 20 pontos.
Mas se de um lado o índice do medo ficou em alta, a volatilidade tomou conta dos ativos, com as principais Bolsas de Valores encerrando as negociações no campo negativo. Por aqui, o Ibovespa caiu e a cotação do dólar chegou a se aproximar dos R$ 5,90.
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Confira a seguir os fechamentos nesta segunda-feira.
Bolsas de Valores
- Nova York (EUA) – Dow Jones: -2,60%, aos 38.703,27 pontos;
- Nova York (EUA) – S&P 500: -3,00%, aos 5.186,33 pontos;
- Nova York (EUA) – Nasdaq: -3,43%, aos 16.200,08 pontos
- São Paulo (Brasil) – Ibovespa: -0,46% aos 125.269,54 pontos;
- Londres (Inglaterra) – FTSE 100: -2,04%, aos 8.008,23 pontos;
- Frankfurt (Alemanha) – DAX: -1,95%, a 17.317,58 pontos;
- Paris (França) – CAC 40: -1,42%, a 7,148,99 pontos;
- Milão (Itália) – FTSE MIB: -2,27%, aos 31,293,52 pontos;
- Lisboa (Portugal) – PSI 20: -1,87%, aos 6.467,97 pontos;
- Madri (Espanha) – Ibex 35: -2,34%, aos 10.423,50 pontos;
- Hong Kong(China) – Hang Seng: -1,46%, aos 16.698,36 pontos;
- Xangai (China) – SSE: -1,54%, aos 2.860,69 pontos;
- Tóquio (Japão) – Nikkei 225: -12,4%, aos 31.458,42 pontos.
Moedas
- DXY (dólar): -0,50%, a 102,689 pontos;
- EXY (euro): +0,35%, a 109,580 pontos;
- BXY (libra): -0,25%, a 127,701 pontos;
- JPY (iene): +1,70%, a 69,37 pontos;
- USD/BRL (cotação dólar para o real): +0,56% a R$ 5,7414;
- Bitcoin: -6,45%, a 54.671,4 pontos.
Commodities
- Petróleo Brent (outubro): -0,66%, a US$ 76,30;
- Petróleo WTI (setembro): -0,79%, a US$ 72,94;
- Minério de ferro (Dalian): +1,97%, aproximadamente US$ 108,80 (776,50 iuanes);
- Ouro: -1,02%, a US$ 2.444,40 por onça-troy.
Antecedentes do caos no mercado financeiro
O caos no mercados financeiro já dava sinais de que poderia começar. Desde o primeiro pregão de agosto, o principal índice da Bolsa de Tóquio, a Nikkei 225, encerrou as negociações com perdas. No entanto, a maior queda ocorreu nesta madrugada: o pregão terminou com uma desvalorização de 12,4%, o pior desempenho desde 1987. Além de elevar os juros para 0,25% — lembrando que o país foi um dos poucos a não elevar a sua taxa com a pandemia —, o Banco Central do Japão (BoJ, pela sigla em inglês) sinalizou a possibilidade de novos aumentos nos próximos meses.
Isso, por si só, já traz impactos significativos para os mercados globais. Mas as operações de carry trade entraram como um ingrediente extra no caos financeiro vindo do Japão. Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, explica que, diante desse cenário, os investidores que aproveitavam dos juros baixos japoneses para pegar empréstimo e aplicar em países onde os juros estavam mais elevados, estão correndo para rever essa estratégia. “O Japão começou a subir juros com medo da inflação por lá”, diz.
Apesar disso, para o economista o carry trade foi mais impactado pelas intervenções do BoJ a fim de valorizar o iene. Entre junho e julho, o banco central teria mobilizado 5,535 trilhões de ienes (aproximadamente US$ 36,2 bilhões) em intervenções cambiais. “Todo mundo correu para desmontar o carry trade em iene. Isso provocou um estrago também nas moedas emergentes e ajuda a explicar o dia”, afirma Gala.
Junto a isso, o Departamento do Trabalho americano divulgou na sexta-feira o relatório de empregos, conhecido como payroll, que mostrou a criação de 114 mil vagas em julho, em termos líquidos. O resultado ficou abaixo do piso das expectativas de analistas consultados pelo Broadcast, que variavam de 135 mil a 225 mil vagas, com mediana de 180 mil. Além disso, a taxa de desemprego aumentou para 4,3% em julho, ante 4,1% em junho. A previsão era de que a taxa permaneceria em 4,1% no mês passado.
Em relação à economia americana, o estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, afirma que é importante manter a tranquilidade e aguardar a depuração deste processo. “Não há evidências de que a economia dos EUA esteja entrando em recessão, embora os riscos tenham aumentado”, afirma. Para ele, o caos no mercado financeiro desta segunda-feira foi “excessivo” e muito relacionado à desalavancagem técnica de posições.
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