- Mais de 260 mil investidores brasileiros diversificam a carteira com exposição ao mercado externo aplicando em uma das 800 companhias oferecidas pela B3
- O BDR representa uma ação de uma companhia listada em uma bolsa estrangeira, podendo ser emitido pela própria empresa ou por instituições financeiras
- Os níveis de BDR determinam qual é o tipo de investidor que pode negociar os papéis e as exigências legais que a companhia deve seguir para oferecer o investimento
O Nubank (NUBR33) cancelou seu registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), anunciou o fechamento de capital na B3 e, com isso, teve de reestruturar os seus Brazilian Deposit Receipts (BDRs). Os investidores agora devem escolher entre vender os títulos, trocar por novos BDRs ou ações da fintech na New York Stock Exchange (NYSE).
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Os BDRs do banco digital continuam a ser negociados no balcão da Bolsa de Valores do Brasil (B3). A B3 registra mais de 260 mil investidores em mais de 800 opções de empresas negociadas em mercados internacionais.
Confira, a seguir, o que são BDRs, seus tipos, como e por que investir nesse título.
O que são BDRs?
Os BDRs são papéis de empresas listadas em bolsas de valores de outros países que são negociadas na B3. “Assim o investidor não precisa abrir conta internacional para comprar ações vinculadas às empresas estrangeiras para diversificar a sua carteira”, explica Eduardo Edart, especialista em investimentos.
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Na prática, o título é um recibo que é lastreado em ação estrangeira no mercado local. “Os American Depositary Receipt (ADR) tem uma dinâmica muito parecida quando esses recibos são negociados nos Estados Unidos”, completa Tiago Feitosa, especialista em mercado financeiro da T2 Educação.
Existem três tipos de BDRs, que são regulamentados pela Instrução 332/200 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Eles podem ser patrocinados, quando são emitidos com ligação à companhia, ou não patrocinados, quando uma instituição financeira emite o papel de forma independente.
Veja quais são as características de cada nível de BDR.
BDR Nível 1
Os BDRs Nível 1, patrocinados ou não, são limitados para 50 investidores institucionais e são comercializados no balcão. Como esse público tem um grau de especialização no mercado financeiro, não há tantas exigências para serem emitidos. Não é necessário, por exemplo, registro na CVM nem divulgar balanços em português.
“O investidor profissional tem mais competência para analisar, porque no Mercado de Balcão não há tanta transparência na formação de preço”, comenta Fred Figueiredo, assessor de Investimentos da Miura Investimentos.
BDR Nível 2
Apenas os BDRs patrocinados podem ter o Nível 2. A empresa estrangeira precisa estar registrada na CVM, o que aumenta a exigência da apresentação de documentos. Isso dá mais informações sobre o investimento e também permite a aplicação de recursos por qualquer investidor.
O BDR Nível 2 deve ser lastreado em ações que já tenham sido emitidas, e não pode ser emitido ao mesmo tempo dos papéis que representa.
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BDR Nível 3
Já o BDR Nível 3 tem as mesmas características do Nível 2, entretanto pode ser emitido ao mesmo tempo que uma oferta inicial de ações (IPO). Esse foi o caso do Nubank, que estreou na Bolsa de Valores de Nova York ao mesmo tempo que passou a ofertar as BDRs na B3.
Com o cancelamento de registo na bolsa brasileira, as BDRs Nível 3 da fintech deixam de existir, e o investidor deve optar entre vender o papel e trocar por ações ou BDRs Nível 1.
O que dizem os especialistas sobre a mudança nos BDRs do Nubank?
Os serviços prestados para clientes no Brasil não mudam, mas os clientes que participaram do IPO e receberam BDRs terão três opções:
- Se tem entre um e cinco BDRs, será obrigado a vender.
- Se tem mais de seis BDRs e não é qualificado ou profissional, precisará aceitar a ação no exterior;
- Se tem mais de seis BDRs e for qualificado ou profissional, receberá as novas BDRs Nível 1.
Cada investidor deve adotar a melhor estratégia para a sua carteira. Para tanto, é importante analisar os números que mostram os resultados financeiros da empresa. “Não há vantagem para o cliente nessa mudança; se ele pretende manter as ações, precisará aceitar o que a empresa lhe oferecer”, avalia Figueiredo.
Entretanto, como os papéis da empresa são listados em Nova York, o investidor deve ficar atento aos detalhes legais. “Trocar por ações diretamente deve incidir maiores custos e perder a facilidade de negociar o papel no mercado com conta em banco nacional”, afirma Edart.
“O investidor com um volume pequeno e nenhum outro tipo de investimento no exterior é muito complexo para o tamanho de operação que ele pretende fazer”, declara Feitosa. Por outro lado, se tem um volume maior e acredita que a empresa deve valorizar pode ser uma opção de aplicação de recursos.
Como investir em BDRs?
Para investir em BDRs, diferentemente de ações listadas em bolsas estrangeiras, não é necessário ter um registro em uma instituição financeira no exterior. Todo o processo é realizado por bancos e corretoras nacionais diretamente na B3.
Em vez de o investidor abrir uma conta no exterior, fazer a remessa de reais para dólar e comprar as ações nos Estados Unidos, por exemplo, tudo pode ser feito na Bolsa de Valores do Brasil.
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Assim como nas ações locais, a longo prazo, os investidores obtêm mais rentabilidade se optarem por ações de empresas lucrativas, que paguem dividendos ou estão crescendo anualmente.