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Ações CCR (CCRO3): tudo o que você precisa saber

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor explicam que a companhia vem se recuperando dos impactos da crise do coronavírus

Ações CCR (CCRO3): tudo o que você precisa saber
Pedágio do Grupo CCR (Foto: JF DIORIO/ESTADÃO)
  • Apesar de ter sido impactada pela pandemia, com a redução de fluxos de veículos em rodovias e aeroportos, a CCR reportou pequenos crescimentos no tráfego de mobilidade urbana em rodovias e aeroportos em outubro
  • Para Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, o papel tem boas perspectivas de crescimento se considerada a atual abertura política brasileira na área de infraestrutura, tanto no governo federal, através do Ministério da Infraestrutura, como no próprio Congresso Nacional

Grupo CCR, listado na B3 sob código CCRO3-0,85%, é um gigante brasileiro do ramo de concessões de infraestrutura, transportes e serviços. Antiga Companhia de Concessões Rodoviárias, a empresa é líder na administração de rodovias no País, com 3.955 mil quilômetros administrados.

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor, para uma análise solicitada através de enquete no Twitter, ressaltam que a companhia sofreu com a crise do coronavírus devido ao baixo movimento em rodovias e aeroportos, onde ela tem forte atuação. Contudo, eles destacam que o grupo vem, aos poucos, se recuperando.

Segundo os analistas, o desafio para o futuro é de diferenciação competitiva, já que a concorrência no mercado de concessões está aquecida.

Como é a atuação da CCR?

A companhia, com projetos locais e internacionais de alto impacto, foi fundada em 1999, com atuação nos segmentos de concessão de rodovias, mobilidade urbana, aeroportos e serviços.

O grupo foi o primeiro a ingressar no Novo Mercado da B3, ainda na antiga BM&FBovespa.

Dos quase quatro mil quilômetros de rodovias da malha nacional concedida, a empresa possui concessões em diversos estados, como:

  • CCR NovaDutra (SP-RJ)
  • CCR RodoAnel (SP)
  • CCR ViaLagos (RJ)
  • CCR RodoNorte (PR)
  • CCR MSVia (MS)
  • CCR ViaSul (RS)
  • CCR ViaCosteira (SC)

A CCR também tem atuação no segmento de transporte de passageiros, em que, através de suas concessionárias, opera linhas de metrô em São Paulo (Amarela e Lilás) e a linha Ouro de monotrilho de São Paulo.

Também é responsável pelo cuidado no transporte aquaviário de passageiros no Rio de Janeiro e pelo sistema metroviário de Salvador e Lauro de Freitas, na Bahia, além de ter participação na concessão do VLT Carioca.

No setor aeroportuário, o grupo tem participação acionária nas concessionárias dos aeroportos internacionais de Quito (Equador), San José (Costa Rica) e Curaçao (Caribe).

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Já no Brasil, é responsável pela gestão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Em 2015, o grupo também adquiriu a TAS (Total Airport Services), empresa norte-americana prestadora de serviços aeroportuários.

Como estão as ações da companhia?

Dados de 2020 mostram o papel CCRO3 sendo negociado a R$ 11,47, chegando ao valor de R$ 11,53 em momentos de alta. No acumulado de outubro do mesmo ano, a ação ficou entre as piores quedas do Ibovespa, com desvalorização na casa dos 8%.

Já no acumulado do ano de 2020, a desvalorização chegou a superar os 37%.

Vale dizer que, ainda em 2020, o papel atingiu seu recorde histórico no dia 23 de janeiro, com cotação de R$ 19,33. Dois meses depois, no início da pandemia no Brasil, a ação despencou para R$ 9,55 no dia 23 de março.

Como estão as contas da companhia?

No balanço do segundo trimestre de 2020, a CCR comunicou um prejuízo líquido de R$ 142,1 milhões, contra um lucro de R$ 347,4 milhões no mesmo período de 2019.

A companhia também apresentou queda na receita líquida, de 20,9%, atingindo a marca R$ 1,767 bilhão entre abril e junho do mesmo ano, contra R$ 2,234 bilhões no mesmo período do ano anterior (2019).

Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 38,1%, para R$ 853,6 milhões, e a margem Ebitda caiu de 61,8% para 48,3%. A dívida líquida teve um crescimento de 7,4% no ano e atingiu R$ 14,4 bilhões em junho de 2020.

O que esperar das ações?

O investimento em empresas de infraestrutura deve sempre ser considerado no longo prazo, uma vez que se tratam de operações que duram muitos anos, como a concessão de uma estrada ou metrô, por exemplo.

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Apesar de ter sido impactada pela pandemia, com a redução de fluxos de veículos em rodovias e aeroportos, a CCR reportou pequenos crescimentos no tráfego de mobilidade urbana em rodovias e aeroportos em outubro de 2020.

Foram 3,3% em aeroportos, entre os dias 9 a 15 de outubro do mesmo ano, e 5,5%, entre os dias 16 a 22 de outubro, ambos comparados aos mesmos períodos de 2019, destaca Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.

A infraestrutura é um dos setores que o País mais tem que investir. Então, a médio e longo prazo, ele vai se beneficiar e se valorizar muito, inclusive por uma taxa de juros mais baixa”, avaliou Bertotti em entrevista.

Para Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, o papel tem boas perspectivas de crescimento se considerada a abertura política brasileira na área de infraestrutura no ano de 2020, tanto no governo federal, através do Ministério da Infraestrutura, como no próprio Congresso Nacional.

“O País tem, hoje, um ministro [Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura] que tem uma capacidade de execução muito boa, ou seja, de liberação de obras, de concessões. Então, há uma perspectiva positiva para esse papel e todos os outros de infraestrutura no geral”, disse Tozzi na época.

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A CEO da AGR reforçou que a empresa tem grandes desafios pela frente. Além de ter operações sob risco, como o fim da concessão da Dutra, que teve nova licitação em 2021, Tozzi ressaltou que a competição no mercado de concessões está mais aquecida. Um caminho, na visão dela, seria ampliar os horizontes de atuação.

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