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Ativo |
Retorno no
1º Semestre/2020 |
1 |
Ouro |
52,97% |
2 |
Dólar |
35,86% |
3 |
Euro |
35,83% |
4 |
CDI |
1,75% |
5 |
Poupança |
1,38% |
6 |
Ibovespa |
-17,80% |
*Fonte: Economatica |
Para Lucas Carvalho, analista de Toro Investimentos, esse resultado não é uma surpresa frente a conjuntura desfavorável que se desenhou na primeira metade do ano. “Sempre quando existe um risco muito alto os investidores correm para ativos de proteção, que é o caso do ouro e do dólar”, explica ele.
Em linhas gerais, quando a economia não está indo bem e o Ibovespa recua, ouro e dólar sobem. Esses são os chamados ativos de proteção ou de “hedge” por serem descorrelacionados com a bolsa de valores. “É importante lembrar da questão da diversificação porque é importante deixar espaço na carteira para esses ativos de proteção”, diz Ilan Arbetman, analista de equity research de Ativa Investimentos.
Outro aspecto que justifica a busca por ouro e moedas estrangeiras, nesse período, é a questão da liquidez. “São ativos que o investidor consegue converter em espécie de forma muito rápida”, afirma Carvalho.
Entretanto, de acordo com os especialistas consultados pelo E-Investidor, o melhor momento para o investimento em ouro e moedas estrangeiras fortes já passou e o segundo semestre deve trazer uma melhora substancial na conjuntura econômica global.
“Parece que o fundo do poço ficou para trás”, diz Arbetman. “Não vencemos os desdobramentos da crise, porque ainda há risco de uma segunda onda de covid-19, mas o maior impacto negativo maior passou.”
A renda variável apanhou feio da renda fixa
Em quarto no lugar no ranking com valorização de 1,75% aparece o CDI, o índice referência para as aplicações em renda fixa. Segundo André Fernandes, head de produtos de Ágora, a crise do coronavírus provocou um efeito na curva da taxa de juros. A Taxa Selic atingiu a mínima histórica de 2,25% ao ano, mas os juros futuros estão em alta. “Dada essa conjuntura, os papéis prefixados mais longos foram favorecidos”, afirma Fernandes.
Em relação à segunda metade de 2020, Fernandes indica que o crédito privado também pode aparecer como uma boa opção para os investidores. “Pode ser uma ótima alternativa para quem busca um maior prêmio, em relação à Selic”, diz ele.
A seguir entre os principais retornos do primeiro semestre de 2020 aparece a velha conhecida dos brasileiros, a poupança, com ganho 1,38% no primeiro semestre.
“O pagamento do auxílio emergencial fez a poupança aumentar a captação e, agora, com a prorrogação desse auxílio, isso deve se manter”, afirma Arbetman. “Não vai ser uma hora que o investidor brasileiro, que é muito tradicional, vai mudar suas convicções.”
Somente na lanterna dos retornos vem o Ibovespa. Apesar da alta expressiva de 9,53% no melhor junho desde o ano 2000, a Bolsa ainda caiu 17,22% no semestre. “Mesmo com a queda, não significa necessariamente que quem estava na Bolsa se saiu pior”, explica José Cataldo, head de research de Ágora. “Tiveram muitas empresas que devolveram todos os prejuízos de março e estão subindo.”
Essa também é a opinião de Arbetman, que afirma que a Taxa Selic na mínima histórica leva o investidor a buscar alternativas fora da renda fixa. “Só nesses primeiros seis meses do ano, ganhamos 1 milhão de investidores na Bolsa”, diz ele.
Desde o fundo de poço em março, a bolsa vem em uma trajetória de recuperação robusta. Em junho, a valorização acumulada foi de 8,76%, aos 95 mil pontos. Na visão dos especialistas, o segundo semestre ainda pode ter bastante volatilidade devido às eleições americanas e as relações entre Washington e Pequim, mas o viés continua sendo positivo.
O que esperar da bolsa para o segundo semestre?
“Nós acreditamos que o IBOV não terá grandes problemas para passar de barreira dos 90 mil pontos nos próximos meses e esperamos uma volta aos níveis pré-crise em 2021”, explicou Arbetman. “O mercado, hoje, está mais preocupado com a recuperação, a queda já está precificada.”
No primeiro semestre os setores apontados como mais resilientes à crise foram e-commerce e commodities, como minério de ferro. Na outra ponta, o segmento mais penalizado, segundo os especialistas, foi o turismo. Os papéis da CVC, Azul e Embraer, por exemplo, ainda estão caindo 58%, 65% e 59% no ano, respectivamente.
“Para aquecer a economia, muitos países investem em infraestrutura”, explicou Carvalho. “E quando a gente fala de infraestrutura, a gente fala de minério de ferro. Portanto as empresas ligadas à siderurgia devem continuar a valorizar bem também no próximo semestre.”
Após a diminuição das tensões entre Arábia Saudita e Rússia e o choque de demanda que fez o petróleo atingir cotação negativa, o óleo também é visto como oportunidade para os próximos meses. “Nós acreditamos que houve um desconto muito grande nas ações de Petrobras e PetroRio, por isso são nossas indicações de compra”, explicou Carvalho,
Outro setor que pode ser uma boa aposta para o investidor, seriam os de shoppings centers. “As empresas ainda estão sofrendo e vão sofrer, mas estão muito descontadas”, disse o analista da Toro. “Desse segmento, nossa indicação de compra é Iguatemi.”