O que este conteúdo fez por você?
- A poupança não tem prazo de vencimento, carência ou depósito mínimo. Com liquidez diária, os recursos podem ser resgatados a qualquer momento
- No entanto, nos últimos meses, o rendimento da poupança tem registrado índices menores do que a inflação
- Saiba quais são os outros tipos de rendimentos que remuneram melhor do que a poupança
(Por Aléxis Cerqueira Góis, especial para o E-Investidor) – A poupança é o investimento mais tradicional e popular entre os brasileiros. Criada há 160 anos pelo imperador Dom Pedro II, a aplicação de renda fixa é de fácil acesso e está disponível até para menores de idade.
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O ativo financeiro não tem prazo de vencimento, carência ou depósito mínimo. Com liquidez diária, os recursos podem ser resgatados a qualquer momento e pessoas físicas não pagam taxas e impostos.
No entanto, o rendimento da poupança tem registrado índices menores do que a inflação. Em 2020, os novos depósitos renderam cerca de 2,11%, segundo o Banco Central, enquanto a prévia oficial da inflação ficou em 4,23%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na prática, isso significa que quem teve os recursos aplicados nesse investimento perdeu dinheiro.
Como calcular o rendimento da poupança?
O rendimento da poupança é calculado de duas formas diferentes. Até o dia 4 de maio de 2012, quando passou a vigorar uma nova forma de cálculo, os juros sobre os depósitos da poupança eram de 0,5% ao mês, somados à Taxa Referencial (TR). Com isso, o rendimento mínimo anual era de 6,17%, considerando que a TR como zero no período.
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Taxa Referencial
Para encontrar o valor da taxa referencial, o Banco Central utiliza uma fórmula que envolve a média diária de juros utilizados nos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), com um fator redutor aplicado. A TR nunca será negativa, garantido a correção monetária dos investimentos vinculados ao índice.
Novo cálculo da poupança
Com a introdução da nova metodologia de cálculo, os juros da poupança passaram a depender também da Taxa Selic:
- Quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano, a correção da caderneta de poupança é igual a 70% deste valor.
- Se a taxa básica de juros estiver acima de 8,5%, vale a regra antiga de 0,5% ao mês + TR para calcular os rendimentos da poupança.
Essa diferença de metodologia faz com que os depósitos com regime antigo de cálculo tenham uma performance melhor, pois mesmo com a Selic no limite da metodologia, ou seja, 8,5%, os juros máximos anuais da renda fixa ficariam em 5,95% ao ano — abaixo do mínimo garantido para quem depositou os recursos antes de 2012.
Variação da Selic
Como o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne a cada 45 dias para definir a taxa Selic, os rendimentos da poupança podem variar a cada reunião. Entretanto, de agosto de 2020 a março de 2021, a Selic ficou em 2% ao ano e, consequentemente, a remuneração da poupança ficou em 1,4% ao ano no período.
Juros mensais
Os juros são aplicados a cada mês na data de aniversário da poupança: o dia da realização do primeiro depósito. Sempre que os recursos completarem 30 dias aplicados, o rendimento é somado ao montante investido. Caso o dinheiro seja sacado antes da data, os juros não são incluídos na conta.
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Para encontrar o rendimento do mês é necessário converter a taxa anual para a mensal, utilizando uma fórmula própria, calculadoras financeiras ou sites específicos. Os juros mensais da poupança no período em que a Selic esteve em 2% ao ano é, por exemplo, de 0,1159% ao mês.
Quanto rende mil reais aplicados na poupança?
Para calcular o rendimento de mil reais na poupança, é necessário considerar se o depósito foi realizado antes do dia 4 de maio de 2012 ou a partir desta data, bem como analisar os índices que influenciam nos juros do investimento: atualmente, a Taxa Referencial está em zero e a taxa Selic está em 4,25% ao ano.
Dessa forma, mil reais depositados pelas regras antigas, renderiam 0,5% mensais, ou seja, R$ 5 nos primeiros 30 dias. No final de um ano, com os juros compostos, o volume final do investimento seria de R$ 1061,68, um rendimento de 6,17% no período.
Considerando o depósito pelas regras novas, os mil reais, com a Selic no atual patamar, renderiam R$ 2,45, ou 0,245% no primeiro mês. Depois de 12 meses, mantendo a perspectiva da taxa básica de juros, o valor final seria de R$ 1.029,75, o que equivaleria ao juros anual de 2,975%.
O último Boletim Focus, divulgado pelo Copom, estima uma inflação de 4,28% para os próximos 12 meses. Com isso, os depósitos antigos apresentariam valorização real, acima do índice inflacionário, mas os novos investimentos em poupança registram perdas após a correção da inflação.
Quais outros investimentos de renda fixa remuneram melhor?
Apesar da popularidade da poupança, outros investimentos de renda fixa, que contam com as mesmas garantias, apresentam uma rentabilidade melhor. Confira as principais opções disponíveis:
- Certificado de Depósito Bancário (CDB): título de renda fixa emitido por instituições bancárias, com rentabilidade prefixada ou pós-fixada (atrelada ao CDI). O prazo de vencimento varia conforme o banco e pode haver prazo de carência.
- Letra de Crédito Imobiliário (LCI): são papéis que os bancos emitem para emprestar recursos para o setor imobiliário. O Banco Central estipula um prazo mínimo de vencimento de 90 dias e os papéis podem ser prefixados ou pós-fixados (atrelado ao CDI).
- Letra de Crédito do Agronegócio (LCA): títulos emitidos para que os bancos financiemfinanciam projetos agrícolas. Funciona de forma semelhante ao LCI.
- Tesouro Direto: programa do governo federal para emitir títulos da dívida pública. Também pode ser prefixado ou pós-fixado com índices relacionados à inflação ou à Selic.a Selic. Costumam ter prazo mínimo de médio e longo prazo, mas podem ser negociados antes no mercado secundário.
- Fundos de investimento de renda fixa: os bancos oferecem diversos fundos de investimentos atrelados a ativos de renda fixa, como os Fundos DI. A vantagem dessa aplicação é contar com gestores responsáveis por adotar a melhor estratégia para garantir uma rentabilidade maior que a inflação.
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