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Investimentos

Renda fixa invade carteiras no 1º semestre e não deve parar por aí; veja onde investir agora

Embalados pela Selic em 10,5% ao ano, títulos do Tesouro se destacaram em junho. Perspectiva para julho é semelhante

Renda fixa invade carteiras no 1º semestre e não deve parar por aí; veja onde investir agora
A renda fixa tem se firmado como um dos principais destinos de alocação de investimentos em 2024 impulsionado pelo alto nível dos juros Selic. (Foto: insta_photos em Adobe Stock)
  • Junho foi marcado por um movimento de abertura nas curvas, refletindo alguns fatores macroeconômicos do Brasil e exterior
  • Para julho, a perspectiva é de que o cenário seja bastante parecido e que deve continuar favorecendo os títulos pós-fixados
  • Especialistas também recomendam outros veículos da renda fixa que são isentos de IR para quem é pessoa física

Junho se consolidou como o mês dos juros elevados. Não por acaso, na última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) o Banco Central manteve a taxa Selic estacionada em 10,5% ao ano. E se de um lado a aversão ao risco afastou os investidores da renda variável, a renda fixa tem se firmado como um dos principais destinos de alocação. O destaque fica por conta dos títulos pós-fixados do Tesouro Nacional.

O último mês foi marcado por um movimento de abertura nas curvas, refletindo alguns fatores macroeconômicos do Brasil e do exterior. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continuou a manter a sua taxa de juros do país no maior patamar em 22 anos, no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano, além de reduzir as projeções de cortes para 2024.

Já por aqui, além do BC interromper o ciclo de cortes na Selic, o governo tem acendido o alerta do mercado ao mostrar dificuldades em gerar superávit para estabilizar as dívidas públicas. Somado a isso, a tragédia climática no Rio Grande do Sul também deve refletir na inflação e demandar recursos federais.

Em relatório, o Itaú BBA aponta que, com as taxas em patamares elevados em toda a extensão das curvas de juros locais, junto a um cenário desafiador devido às incertezas quanto à condução fiscal pelo governo, o investidor brasileiro tem pensado em horizontes mais distantes. “Continuamos entendendo como atrativas as taxas de ativos atreladas à inflação de médio e longo prazo, além de ver oportunidade tática em vértices prefixados de prazo intermediário”, escreve Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa do banco.

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Mas não apenas a renda fixa se tornou a “queridinha”, como os títulos pós-fixados – Tesouro Selic – ganharam vantagem ao entregarem maior rentabilidade. “Os demais títulos sofreram com abertura nas taxas. Ou seja, hoje os títulos pré-fixados e híbridos [Tesouro IPCA+] estão sendo negociados a prêmios mais altos do que no começo do mês e isso faz que seus preços sejam reduzidos”, explica Gustavo Saula, analista de renda fixa do Grupo SWM.

O que esperar da renda fixa em julho?

Se este mês as agitações macroeconômicas fizeram preço nos investimentos de renda fixa, para julho a perspectiva é de que o cenário seja bastante parecido. Segundo Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, em relação aos EUA, os investidores precisam se atentar com a evolução dos dados de emprego e inflação. “Eles podem influenciar a política de juros do Fed e a continuidade dos cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE)”, diz.

Sobre o Brasil, dados de emprego e produção industrial vão ficar no radar do mercado, assim como o impacto das ações governamentais e os eventos climáticos. “A incerteza fiscal e política pode continuar a pressionar as expectativas de inflação, tornando o desempenho do Tesouro em julho potencialmente volátil, já que ele é dependente desses fatores”, explica Chinchila.

Considerando esse cenário, Gustavo Saula, do Grupo SWM, afirma que uma boa estratégia que pode ser adotada pelos investidores consiste em aproveitar algumas distorções apresentadas pelas curvas de juros em relação às projeções econômicas.

“Hoje, se considerarmos uma Letra do Tesouro Nacional (LTN, também conhecido como Tesouro Prefixado) com vencimento em janeiro de 2027, seria possível obter uma rentabilidade acima de 11%. Pois para um título pós-fixado apresentar uma rentabilidade igual a esse prefixado, que é de 11%, deveria haver uma alta na Selic”, ressalta.

No entanto, segundo o analista de Renda Fixa, se forem consideradas as perspectivas presentes no Boletim Focus mais recente, a taxa básica de juros prevista para o final de 2026 é menor que esse porcentual, com projeções apontando para 9% ao ano. “Ou seja, há uma diferença expressiva entre o que está previsto na curva de juros e quais são as perspectivas dos economistas.”

Quais são as recomendações de títulos para o próximo mês?

O fim antecipado do corte na taxa Selic faz dos títulos pós-fixados os principais beneficiados no curto prazo, pelo menos é isso o que aponta Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa do Itaú BBA. “Continuamos a manter a alocação no Tesouro Selic 2027, que cumpre as funções de prover liquidez à carteira, amortecer a volatilidade e continuar a rentabilizar o capital acima da taxa de inflação”, revela.

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Junto a isso, o especialista frisa que o Tesouro IPCA+ funciona como proteção a surpresas inflacionárias a médio prazo, além dele se beneficiar com uma eventual compressão de taxa em um cenário de retomada do otimismo no cenário local. “Contudo, à medida que a inflação implícita sobe, os prefixados passam a ganhar atratividade e, neste momento, são uma combinação interessante com os pós-fixados.”

Na mesma toada em relação aos títulos indexados à inflação, Gustavo Saula, do Grupo SWM, destaca aqueles com prazos intermediários, com média de cinco anos, já que eles estão sendo negociados a patamares de IPCA+6,30%. “É uma taxa atrativa para os investidores quando comparado ao patamar histórico dos juros reais. E faz sentido a exposição, uma vez que os dados de atividade econômica vem apresentando resultados positivos e a inflação está relativamente controlada, o que reforça que o nível de juros reais parece elevado”, diz.

Além do Tesouro, onde mais investir?

Embora os títulos públicos do Tesouro Nacional estejam encabeçando a preferência dos investidores, eles apresentam uma pequena desvantagem: a tributação. Vale lembrar que o rendimento pode ter uma dedução do Imposto de Renda (IR) entre 15% e 22,5%, além da incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) caso a aplicação seja inferior a 30 dias. Por isso, os especialistas ouvidos pelo E-Investidor também recomendam outros veículos da renda fixa que são isentos de IR para quem é pessoa física.

Neste caso, alguns títulos prefixados, sobretudo os que trazem uma rentabilidade atrelada à inflação mais juros reais, podem apresentar prêmios mais interessantes do que alguns títulos públicos, que remuneram sem um prêmio de risco. Pelo menos é isso o que Simone Albertoni, especialista em renda fixa na Ágora Investimentos, explica. “Se pegarmos algumas Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), vemos taxas bem interessantes do ponto de vista da inflação, com prazos um pouco mais longos, a partir de quatro anos”, afirma.

Outro papel da renda fixa indicado, com isenção de imposto de renda, são as debêntures incentivadas. A especialista da Ágora afirma que houve um aumento na demanda por esse veículo, sobretudo devido a bons ratings de crédito (classificação de risco) e porque alguns estavam pagando acima do IPCA+6% líquido. “Há bastante oportunidade tanto no mercado secundário quanto em ofertas públicas. Ao investidor que tem apetite para esse tipo de risco, vale muito a pena diversificar a carteira e melhorar o retorno médio das aplicações”, recomenda.

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