Investimentos

Renda fixa: quais são os riscos do mercado secundário de títulos?

Entenda os riscos e como funciona a rentabilidade, que pode passar dos 18% ao ano na atual taxa de juros

Renda fixa: quais são os riscos do mercado secundário de títulos?
Quando falamos em renda fixa, temos a impressão de que sempre vamos sair ganhando, mas isso não é verdade – Foto: Envato
  • Investidor pode comprar no mercado secundário títulos de renda fixa com vencimento mais curtos e chance de retorno maior
  • Os preços dos títulos funcionam por marcação a mercado e, portanto, podem ter volatilidade maior
  • No caso das títulos privados, o investidor deve ficar atento à capacidade de pagamento do emissor

No mercado secundário de renda fixa os investidores que não podem carregar os títulos adquiridos até a data de vencimento repassam seus investimentos para outros compradores. Nele, então, investidores encontram a oportunidade de comprar títulos de renda fixa com prazos de vencimento mais curtos e chance de retorno maior correndo grau de risco semelhante, visto que os papéis são os mesmos do mercado primário. Bom negócio, não?

De fato, pode configurar um ótimo negócio. Mas não pense que as operações são livres de riscos. Os preços dos títulos funcionam por marcação a mercado e, portanto, podem ter uma volatilidade maior do que os ativos comprados direto com o Tesouro Direto.

“O mercado secundário funciona como um parâmetro para olhar que a que nível o investidor sairia, se quisesse ter liquidez hoje – e pode ser tão vantajoso quanto prejudicial. Em um movimento de estresse no mercado, o investidor pode olhar a posição dele e ver que está deixando de ganhar dinheiro ou até perdendo”, diz o operador de renda fixa da RB Investimentos Lucas Visconti.

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A saída de um título de renda fixa antes do prazo estabelecido pode significar perda de ganhos – ou mesmo prejuízo – para o investidor. Ao antecipar o vencimento, o dono do papel sofre com uma espécie de multa pelo não cumprimento do contrato cobrado pela corretora, o spread. Esses valores são repassados ao recolocar o título no mercado secundário.

“Para a corretora não faz sentido nenhum ficar com um CDB (Certificado de Depósito Bancário) que não é seu, por exemplo, em sua tesouraria. Por isso ela repassa o ativo com taxas mais altas, para conseguir fazer isso mais rápido”, diz a analista de renda fixa do TC Matrix Jaqueline Benevides.

Risco de crédito

Antes de investir ou disponibilizar um título no mercado secundário, o investidor deve ficar atento à liquidez do ativo, que pode variar junto com a oferta e a demanda.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, explica que o Tesouro Direto tem um risco “baixíssimo” de liquidez e de crédito. “Caso o investidor decida se desfazer desse investimento o Tesouro Nacional garante a recompra do título”, explica.

Mas, no caso das letras de crédito privadas, o investidor deve ficar atento à capacidade de pagamento da instituição emissora. “Falando de risco de crédito, quando o emissor é o governo, o investidor tem a garantia soberana”, explica completa Jorge.

Rentabilidade

A pedido do E-Investidor, Jaqueline Benevides, analista de renda fixa do TC Matrix, fez uma simulação comparando a rentabilidade de um investimento de R$ 1 mil no Tesouro Selic, em um título pós-fixado do mercado primário e no secundário, de acordo com as taxas disponibilizadas nas corretoras.

Confira a simulação:

Tesouro Selic Mercado Primário Mercado Secundário
100% do CDI 118% do CDI 135% do CDI
Rentabilidade 13,65% 16,30% 18,85%
Final de 1 ano
(252 dias)
R$ 1.136,50 R$ 1.162,97 R$ 1.188,54

*Fonte: Jaqueline Benevides, analista de renda fixa do TC

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No mercado primário, o investidor encontra nas corretoras taxas de 118% do CDI com vencimento para 2026; no secundário, não só a rentabilidade é maior, mas os prazos de vencimento são menores.

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“Veja quanto tempo o investidor terá que prender seu dinheiro nesse título do mercado primário. Quando a Selic começar a baixar, esse título não será mais tão atrativo, e mesmo assim só vencerá em 2026”, destaca Benevides. “Já no mercado secundário, os investidores encontram taxas de 130% do CDI com vencimento em um ano. Como esse ativo já ficou na mão de outro investidor, seu vencimento é mais curto e, com isso, o risco de ficar preso no ativo por tanto tempo é menor”.

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