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- Small caps geralmente são empresas em estágio de crescimento e são procuradas para estratégias de ganho de capital
- O E-Investidor conversou com sete casas de análise e corretoras para identificar as small caps que vão se beneficiar com a queda dos juros
- Três companhias foram as mais recomendadas: Banco ABC (ABCB4), Valid (VLID3) e BR Partners (BRBI11)
A taxa Selic, recuou de 11,75% ao ano para 11,25% ao ano na última quarta-feira (31), como já era esperado pelo mercado. Foi a quinta redução seguida da taxa básica de juros, que se encontra no seu menor patamar desde março de 2022. Com este cenário de corte de juros, um grupo de empresas tende a se beneficiar. Trata-se das small caps, companhias com valor de mercado inferior a R$ 10 bilhões.
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Estas empresas de menor porte são conhecidas pela baixa liquidez na Bolsa, mas que agora devem ser favorecidas por um fluxo maior de investidores na renda variável e por apresentar forte potencial de valorização.
O E-Investidor conversou com sete casas de análise e corretoras para identificar as small caps que vão se beneficiar com a queda dos juros e podem pagar proventos interessantes em 2024. Três companhias foram as mais recomendadas: Banco ABC (ABCB4), Valid (VLID3) e BR Partners (BRBI11).
Banco ABC (ABCB4)
O Banco ABC foi o mais indicado pelos analistas, reunindo três recomendações. Nigri, da Dica de Hoje Research, explica que o banco empresta dinheiro apenas para empresas. O analista lembra que inicialmente o ABC tinha um foco de atender companhias corporate e high corporate, com faturamento superior a R$ 100 milhões. Contudo, nos últimos anos o banco começou a investir no segmento middle – empresas com faturamento anual entre R$ 30 e R$ 300 milhões. “Isso fez os resultados crescerem e os dividendos aumentaram”, pontua.
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Nos últimos trimestres, a alta da inadimplência reduziu o apetite do banco para potencializar o crescimento da carteira de crédito, mas na visão de Nigri, com um custo de captação de recursos menor por conta da queda da taxa básica de juros da economia, o banco deve recuperar o seu apetite de crescimento e alcançar lucros cada vez maiores.
“Acreditamos que o banco terá uma menor provisão para devedores duvidosos em 2024. Desta forma, vai focar novamente em crescer a sua carteira middle, que possui um spread (diferença entre o preço de compra e o preço de venda) mais elevado, assim que o índice de inadimplência começar a cair”, avalia o analista da Dica de Hoje Research.
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Ele também aponta que o banco ABC possui uma política de dividendos muito clara, distribuindo proventos geralmente em fevereiro e agosto – os anúncios são feitos na maioria das vezes nos últimos dias úteis de dezembro e junho. “Há mais de uma década funciona dessa forma”, diz. Os dividendos também são crescentes ao longo do tempo. Em junho de 2012, a companhia distribuiu R$ 44,5 milhões em proventos, enquanto em junho de 2023 o montante pago foi de R$ 184,8 milhões.
Nigri projeta que o banco pague dividendos de R$ 1,60 por ação neste ano, equivalente a um dividend yield de 7%. “É um banco que tem conseguido crescer e reportar bons resultados ao longo do tempo. Sempre que teve uma queda no lucro, o ABC conseguiu voltar a ter ganhos melhores e dividendos maiores”, destaca.
Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, destaca o potencial de crescimento da carteira de crédito que o ABC possui. Segundo ele, existem atualmente cerca de 30 mil empresas que integram o segmento middle, enquanto a base de clientes do banco é de apenas 2.521 empresas.
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Costa também enxerga nas multinacionais uma oportunidade de crescimento para o ABC – atualmente esse tipo de empresa representa menos de 4% da base de clientes do banco. O analista destaca ainda que o ABC consegue operar com um índice de inadimplência abaixo de seus pares, por conta do foco em pequenas e médias empresas. “O ABC tem menos despesa com PDD (provisões para devedores duvidosos) e uma carteira de crédito de melhor qualidade. No segmento middle, 47% da carteira de crédito possui garantias”, aponta.
Costa espera que as ações ABCB4 entreguem um dividend yield de 6% em 2024. Na Órama, Soares também projeta o mesmo patamar de retorno em dividendos.
Valid (VLID3)
Reis, da Blue3 Research, explica que a Valid trabalha com três segmentos: emissão de documentos no País como a CNH (carteira de motorista), emissão de cartões de débito e crédito no Brasil e na Argentina e fabricação do chip de celular.
Segundo o analista, até 2021 a companhia tinha alguns problemas de margem por conta de uma operação nos Estados Unidos. Mas vendeu essa unidade de negócio e melhorou bastante a estrutura de capital. “Com esse dinheiro extra conseguiram zerar a dívida deles, que é bem menor atualmente do que no passado”, comenta Reis. A alavancagem chega a ser inferior a 1 vez o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
Reis destaca que a Valid se transformou em uma empresa que vai pegar todo o lucro dela e distribuir aos acionistas. O analista projeta um dividend yield de 6% para 2024.
Soares destaca que pela sua dominância no mercado, a companhia tem pouca necessidade de investimento, o que abre espaço para devolver muito dinheiro ao acionista. “São negócios muito maduros, pouca necessidade de investimento, lucratividade boa e caixa operacional positivo, somado a oportunidade de devolver dinheiro aos investidores”, avalia. Ele também espera dividendos de 6% neste ano.
BR Partners (BRBI11)
Max Bohm, estrategista de ações da Nomos, explica que o BR Partners é um banco de investimento que gera muito caixa, possui um patrimônio baixo e utiliza os dividendos como principal fonte de remuneração dos seus executivos e funcionários.
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Para 2024, o analista espera que a companhia lucre até R$ 170 milhões, dos quais 70% devem ser direcionados para dividendos. “É uma empresa que sempre vai pagar bons dividendos. O dividend yield em 2024 deve ser de 7,5%”, destaca.
Soares destaca que a companhia tem muita oportunidade de crescimento e tem explorado o segmento de Advisory, consultoria estratégica e acompanhamento de grandes fortunas, além de usar mais capital proprietário nas operações. O analista espera um dividend yield de 6,5% neste ano.
Empresas cíclicas
Entre os setores cíclicos que vão se beneficiar com a queda dos juros, os analistas citaram construção civil e varejo. Companhias como Cury (CURY3), Lavvi (LAVV3) e Allied (ALLD3) devem ganhar destaque pela valorização e capacidade de remunerar os acionistas no curto prazo.
Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, afirma que a Cury deve se beneficiar com os incentivos do governo para construção de baixa renda, com programas como Minha Casa Minha Vida, Pode Entrar e Casa Paulista.
Segundo ele, a companhia tem caixa líquido sem pressão de custo financeiro e diante de um crédito mais baixo será possível impulsionar projetos e atender mais clientes que antes não tinham acesso ao financiamento por conta do custo. França projeta um dividend yield de 6% para CURY3 neste ano.
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