- Em dezembro, o fundo Verde FIC FIM apresentou alta de 0,93%, abaixo do indicador de referência (CDI, +1,12%)
- A gestora diz que, conforme 2023 começa, seu time de gestão está “motivado para entregar excelentes retornos ajustados ao risco”
- Segundo a Verde, o país tem uma situação fiscal e de endividamento que inspira cuidados e cautela, mas os arroubos dos ministros solapam diariamente a confiança do setor privado
A Verde Asset Management, gestora que tem como sócio Luis Stuhlberger, inicia o ano segurando as posições já assumidas para seu fundo multimercado, mas destaca que seu time de gestão está “motivado para entregar excelentes retornos ajustados ao risco” em 2023. A informação consta na carta mensal da gestora.
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“O fundo manteve exposição na Bolsa brasileira, assim como a posição vendida (que opera na expectativa de desvalorização) na bolsa americana via opções. A posição comprada (que opera na expectativa de valorização) em inflação implícita no Brasil e a pequena posição aplicada (aposta na queda) em juro real também foram mantidas, além do risco tomado em juros na Europa”, descreve a equipe de gestão da Verde.
A gestora também informa continuar comprada em ouro e petróleo e vendida no euro contra o real. As posições em crédito tanto no mercado local quanto em high yield americano foram mantidas, segundo a carta.
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Em dezembro, o fundo Verde FIC FIM apresentou alta de 0,93%, abaixo do indicador de referência (CDI, +1,12%). Os ganhos vieram da posição tomada em juros na Europa, das posições de commodities (ouro e petróleo) e dos livros de bolsa global e de crédito. Já as perdas vieram das posições no Brasil, tanto ações quanto moeda, e da posição vendida no euro.
“Quando analisamos o ano de 2022 por inteiro, o grande destaque do fundo foi o portfólio de renda fixa, especialmente as posições tomadas em juro nos Estados Unidos e Europa, além da compra de inflação implícita no Brasil e os livros de crédito tanto local quanto offshore. Também a posição comprada em petróleo, as proteções de bolsa global, e os livros de trading agregaram retornos positivos à cota do fundo. Do lado negativo, a carteira de ações no Brasil foi o detrator relevante do fundo no ano”, descreve a carta.
Cenário para 2023
A gestora diz que, conforme 2023 começa, seu time de gestão está “motivado para entregar excelentes retornos ajustados ao risco”.
A afirmação se dá em meio a um “cenário volátil” no Brasil, “como tem sido a tônica desde a semana subsequente ao fim da eleição”, avalia a Verde, que monitora o novo governo a fim de “operar contra os exageros”.
“O novo governo parece adotar um modus operandi que lembra a frase de Azeredo Silveira sempre citada por Elio Gaspari – ‘tem gente que atravessa a rua para escorregar na casca de banana que está na outra calçada’ – com declarações absolutamente estapafúrdias sobre os mais variados temas, mas especialmente aqueles que dizem respeito à economia”, afirma a Verde, na carta mensal.
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“O país tem uma situação fiscal e de endividamento que inspira cuidados e cautela, mas os arroubos de vários ministros solapam diariamente a confiança que o setor privado necessita para investir e ajudar o país a crescer. Tal fórmula já foi testada nos governos Dilma e sabidamente levou a um desastre. O ponto de partida hoje é substancialmente pior que em 2010, mas parece não haver reconhecimento disso”, acrescenta.
Para a gestora, ainda levará um tempo para que se possa distinguir ruído de sinal e quais interlocutores do governo estão de fato sinalizando políticas públicas e quais são “irrelevantes”. “Com isso em mente, temos tentado operar contra os exageros, aumentando risco em Bolsa e real nos momentos de stress das últimas semanas, e reduzindo risco quando o silêncio impera e o cenário global se sobrepõe”, descreve a carta.
A Verde também avalia que o contexto global continua “bastante favorável” para o Brasil, “especialmente dada a surpreendente velocidade de reabertura da economia chinesa, com consequente melhora de preços para várias commodities”, afirma.
No caso dos Estados Unidos, a gestora observa nos sinais de arrefecimento da inflação um pano de fundo positivo para os mercados emergentes, dada a retirada de “pressão incremental das taxas de juros globais”.
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