- Apesar de render apenas 70% da Selic e não ser o investimento mais seguro, a poupança teve captação líquida recorde em outubro
- Nesta quarta-feira (18), os investidores ganharam outra alternativa à caderneta: o Tesouro 3.0, lançamento da gestora Vitreo
- Nessa opção de investimento, o cliente tem acesso a uma carteira de títulos públicos administrada por profissionais. O objetivo é não só superar o rendimento mensal da poupança, mas ganhar da inflação
Apesar de famosa entre os brasileiros, a poupança decepciona tanto em rentabilidade, que perde para a inflação, como em segurança, já que tem risco maior em comparação a outros produtos conservadores, como os títulos públicos. Ainda assim, a velha conhecida dos brasileiros teve captação líquida de R$ 7,02 bilhões em outubro, maior alta desde 1995.
Leia também
E nesta quarta-feira (18), os investidores ganharam outra alternativa à caderneta: o Tesouro 3.0, lançamento da gestora Vitreo. Nessa opção de investimento, o cliente tem acesso a uma ‘carteira’ de títulos públicos que é administrada por profissionais, em uma gestão ativa – o que significa que, de tempos em tempos, a estratégia será ajustada para maximizar os ganhos.
Assim, o foco será não só superar a rentabilidade mensal da poupança, de 0,11%, mas ganhar também da inflação – grande desafio quando o assunto é renda fixa, já que o atual patamar de juros é de 2%, a mínima histórica.
Publicidade
O novo produto tem liquidez diária e investimento mínimo de R$ 100. Para quem comprar a carteira depois do dia 27 de novembro, haverá uma taxa de gestão, ainda não definida. Antes disso, esse custo é zerado.
“Na plataforma do próprio Tesouro Direto, o cliente investe e a gente compra uma combinação de títulos públicos, de tal forma que vamos tentar ganhar da inflação”, explica George Wachsmann, sócio e chefe de gestão da Vitreo. “Hoje, nem a poupança, nem os Fundos DIs conseguem fazer isso”, diz.
De fato, com rentabilidade de apenas 70% da Selic, ou 1,4% ao ano, a Caderneta de poupança tem retorno menor que a inflação projetada para 2020 e 2021, de 3,25% e 3,22%. Os Fundos DI, compostos majoritariamente por títulos atrelados à taxa de juros, também tiveram retorno real negativo em outubro e seguem com dificuldades.
Segundo Wachsmann, esse produto é feito para quem não pode correr muitos riscos. “Você pode pensar: ‘ah, mas qualquer título do Tesouro que seja atrelado à inflação, ganha da inflação’. Entretanto, esse tipo de papel é um pouco mais ‘nervoso’, queremos fazer uma carteira calma, para quem está vindo da poupança e quer alocar a reserva de emergência.”
Carteira administrada x Fundo de Investimento
Apesar de ambos serem geridos por profissionais, uma carteira administrada é diferente de um fundo de investimento. No primeiro caso, em que o Tesouro 3.0 da Vitreo se encaixa, os títulos são propriedade do investidor, que apenas terceiriza a gestão para os profissionais.
Já no segundo o cliente compra uma cota da aplicação, mas os ativos não são de propriedade do investidor. “No Tesouro 3.0, os títulos do Tesouro Direto são registrados diretamente no CPF do cliente”, diz Gabriel Mallet, coordenador de renda fixa da Vitreo. “Além da potencial vantagem no rendimento, o tesouro é mais seguro do que a poupança pois são emitidos pelo governo, são títulos de risco soberano”, complementa.
Jornada E-Investidor discute gestão ativa na renda fixa
É cada vez mais importante ter uma gestão ativa na renda fixa para conseguir rentabilidades maiores. Marília Fontes, economista da Nord Research e colunista do E-Investidor, explicou o conceito na série de entrevistas feitas com especialistas na Jornada E-Investidor.
Publicidade
“As pessoas estão acostumadas com a maneira antiga de operar renda fixa, que é comprar um título, investir e levar até o vencimento”, diz Fontes. “Mas o que as pessoas não percebem é que no Tesouro Direto existem três tipos de títulos e cada um deles se comporta de maneira diferente a depender do cenário macroeconômico.”
De acordo com a especialista, é possível ter retornos tão agressivos na renda fixa quanto na renda variável, desde que o investidor saiba escolher o título certo para se beneficiar de cada momento econômico.
“Desde 2016 até o começo deste ano, com as quedas das taxas de juros, teve um título que deu retorno de 40% ao ano”, afirma. “Quando os juros subirem, será preciso vender esse papel e comprar aquele que se beneficia disso”, conclui a especialista.
Publicidade