- Safra brasileira deve crescer em 2023. Além disso, preços elevados das commodities beneficiam empresas relacionadas ao setor
- Estabilização do preço dos insumos e redução nos custos de produção também estimulam o setor
- Ações de empresas produtoras e até mesmo com relação menos direta com o plantio são recomendadas. Dividendos podem ser interessantes
Preço alto de commodities, recuperação da produtividade e diminuição nos custos de produção devem beneficiar o desempenho das empresas ligadas ao agronegócio em 2023. Os bons resultados podem impactar positivamente a distribuição de dividendos.
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Segundo projeção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio em 2023 deve aumentar 8%, após um recuo de 1,7% em 2022.
Além disso, há uma expectativa de aumento da safra brasileira para este ano. De acordo com o boletim de acompanhamento produzido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume da produção para a safra 2022/2023 deve subir 13,8% em comparação à colheita anterior.
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“Os preços das commodities têm subido nos últimos anos, com destaque para o efeito da guerra na Ucrânia. A perspectiva é uma queda gradual ao longo dos próximos anos, mas ainda estamos com preços bastante elevados”, diz o chefe de análise de ações da Órama Investimentos, Phil Soares.
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Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca de 60 quilos de soja no porto de Paranaguá, por exemplo, que chegou a custar US$ 41,28 em março de 2022 — hoje é comercializada a US$ 30,17. O grão é um dos destaques no Brasil da estimativa de safra 2022/2023 da Conab.
“Com base nos preços das commodities agrícolas, existe uma expectativa positiva de lucros, mas os custos de alguns insumos, grande parte deles importados, também impactam diretamente na lucratividade”, pondera o engenheiro agrônomo e sócio da gestora Araújo Fontes, José Benevides Romano.
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Conforme diz o head de agro, alimentos e bebidas da XP, Leonardo Alencar, haverá uma queda no custo de produção no setor para este ano, o que também contribui para o otimismo em relação ao desempenho financeiro e a margem de lucro. Para ele, no entanto, o resultado não deve ser o mesmo para todo o setor. Produtores que compraram insumos tardiamente, com preços menores, provavelmente conseguirão melhores margens.
Além disso, o cenário de juros elevados pressiona a margem de lucro das empresas. “Não fosse a taxa de juros no patamar atual, o agro surpreenderia com dividendos para esse ano”, aponta Alencar.
Soares, da Órama, também aponta para uma estabilização do custo dos insumos. Estatísticas sobre o Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços apontam que o preço de importação de adubos e fertilizantes teve uma variação negativa de 24,4% em março deste ano comparado ao mesmo mês do ano anterior.
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Um levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, mostra bons resultados na distribuição de dividendos em empresas de agricultura. A pesquisa levou em conta apenas as companhias listadas dentro desse segmento, não incluindo, por exemplo, frigoríficos, empresas de açúcar e álcool ou celulose.
De acordo com o estudo, a BrasilAgro (AGRO3) teve um dividend yield (índice que mede rentabilidade comparando preço da ação e dividendos) de 18,25% no ano de 2022. Para a SLC Agrícola (SLCE3), o valor foi de 6,78%.
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Segundo Alencar, a expectativa de dividend yield da XP para a BrasilAgro em 2023 é de 10,6% no próximo ano. Análise feita pela Genial Investimentos aponta para uma estimativa de 20,5%, o que colocaria a empresa como maior pagadora de proventos da bolsa, na avaliação da casa.
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“Muito do efeito positivo nos dividendos da Brasil Agro é no momento de venda de fazendas. Porque eles estão sempre comprando fazenda e vendendo fazenda”, explica o especialista da XP. Em divulgação de resultados do trimestre encerrado em dezembro de 2022, a empresa menciona a “geração de valor por meio da transformação e venda de terras” como potencial para a safra 2022/2023.
O top pick (preferências) da XP no setor de produtores, contudo, fica com a SLC Agrícola. “A diferença é que na SLC esses dividendos estão muito vinculados a capacidade de produção agrícola em alta produtividade, margem, todos esses pontos”, diz. A consultora ainda tem recomendações no setor de açúcar e etanol para a São Martinho (SMTO3).
Segundo o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, a Jalles Machado, também do setor de açúcar e etanol, é uma das recomendações da plataforma. “É uma empresa que a gente gosta muito da gestão, que fez e propôs uma expansão sem pagar preços absurdos para fazê-la e de fato entrega isso.”
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Cruz também menciona uma companhia que não está listada dentro do setor do agronegócio, mas que pode se beneficiar do seu bom desempenho: a Rumo (RAIL3). “A empresa fez investimentos grandes, mas se ela tem esse cenário de produção bem mais elevado, projeção mais mais alta, com tickets mais altos também. Você consegue botar tarifas mais altas e acabar se beneficiando”, aponta.
Na Órama Investimentos, Soares destaca Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3) e Minerva (BEEF3). “Minerva é uma empresa tocada de uma forma superconservadora e que vem de um bem que vai ser cada vez mais tratado como um bem de luxo, que é a carne bovina”, aponta. “Nos casos de Suzano e Klabin, especificamente, a perspectiva de celulose de longo prazo para gente é muito boa, celulose de fibra curta. Como o preço está bastante alto, as empresas têm registrado recorde de lucros e e de receita.”
Em análise, a Genial Investimentos pondera que “se a alta dos grãos afeta negativamente os produtores de proteínas, o impacto nas empresas agrícolas é positivo”. Para os analistas da casa, além desse aspecto, fatores climáticos têm impactado os níveis de produção na América do Norte e na Argentina. “No Brasil o cenário é positivo, com produções recordes e câmbio favorável. Podemos ver o setor forte em 2023 e, por consequência, pagando um boa quantidade de dividendos para seus acionistas.”
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