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Itaú, Bradesco, BB e Santander: Por que as ações dos bancos entram com tudo em 2021

Com a retomada da economia e a chegada de uma vacina contra a covid, os analistas projetam valorização nos papéis

Itaú, Bradesco, BB e Santander: Por que as ações dos bancos entram com tudo em 2021
  • Depois de nove meses no vermelho, o Ibovespa finalmente reverteu as perdas e agora acumula alta de 0,44% no ano
  • Por outro lado, as ações dos maiores bancos do País, como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander, sofrem com quedas acima de 10% no acumulado do ano
  • 2020 foi marcado pelas novidades do Banco Central: além do lançamento do novo meio de pagamento digital, o PIX, a discussão sobre o Open Banking avançou no País e já tem data marcada para sair do papel

O ano de 2020 não economizou nas surpresas para os investidores. Uma delas foi a queda de boa parte das ações listadas na B3 durante o primeiro semestre por conta da pandemia de coronavírus. Embora sejam consideradas as maiores instituições do país, os bancos tradicionais não escaparam ilesos e também sofreram com quedas relevantes no decorrer do ano.

Durante o pior momento da crise para o mercado acionário, o Ibovespa chegou a acumular desvalorização de 45% no dia 23 de março. Depois de nove meses no vermelho, o índice finalmente reverteu as perdas e agora acumula alta de 0,44% no ano. Enquanto isso, os papéis dos maiores bancos do País, como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11), sofrem com quedas 16,51%, 20,70%, 26,68 e 11,49%, respectivamente.

Contudo, considerando um período mais recente, de outubro até o fechamento de mercado do dia 17 de dezembro, a valorização acumulada já apresenta um aumento significativo. Os upsides variam de 32,85%, no caso do Banco do Brasil, até 61,23%, com as ações do Santander.

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Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, reforça que os bancos de grande porte sofreram, assim como quase todos os setores da economia, mas que os resultados do 3º trimestre mostram uma melhora significativa nas margens. “Isso indica que indica que o pior já passou”, diz. Não é por acaso que as corretoras já voltaram a indicar as ações em suas carteiras recomendadas de dezembro. Banco do Brasil (BBSA3) e Itaú (ITUB4) aparecem entre as mais indicadas.

Nessa toada de sobe e desce, os leitores do E-Investidor votaram para ler um balanço sobre o setor:

De acordo com os analistas, o segmento de bancos pode ser dividido em três categorias:

  • Grande porte – Grandes nomes do mercado e já consolidados, como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander;
  • Médio porte – Categoria focada em crédito para pequenas e médias empresas;
  • Bancos digitais – A nova geração de instituições bancárias, 100% on-line e sem estruturas físicas de atendimento ao cliente.

Parte da recuperação é reflexo dos quase 10 milhões de brasileiros que se bancarizaram de março até outubro deste ano, segundo informações do Banco Central (BC), e da inclusão digital das pessoas nos canais virtuais do sistema bancário.

Para Igor Cavaca, analista da Warren Investimentos, os bancões, como são conhecidos, são vistos como parte da velha economia. “Com a pandemia, vimos uma alteração entre velha e nova economia. Desta forma, as grandes instituições foram impactadas no começo da crise, principalmente por conta da expectativa que o mercado tinha”, afirma.

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Com a redução da taxa de juros Selic ao longo do ano, hoje em 2%, era esperado que o consumidor final fosse impactado na ponta. “Na economia brasileira são raros os momentos em que vemos uma redução da taxa básica de juros afetar o spread de crédito da pessoa física”, diz Cavaca.

As novidades do ano: Pix e Open Banking

Uma das grandes novidades do ano foi o lançamento do PIX, em outubro. O meio de pagamento 100% digital que permite enviar e receber dinheiro de forma quase instantânea foi um sucesso: na primeira semana de operação, a modalidade movimentou cerca de R$ 11,8 bilhões, segundo dados do Banco Central.

o PIX também foi centro das atenções por outro motivo: a tributação. No decorrer de 2020, os brasileiros foram surpreendidos com a notícia de que a CPMF poderia voltar, não nos moldes do passado, mascom uma nova roupagem. Depois  de muito vai e vem, o ministro da economia, Paulo Guedes, desistiu, por ora, de taxar o PIX com alíquota de 0,2%.

Outro destaque no ano para os bancos foi o Open Banking (sistema financeiro aberto, na sigla em inglês), mais uma iniciativa do BC para revitalizar o sistema bancário no país. Na prática, quando o cliente mudar de um banco para o outro, suas informações poderão ser compartilhadas livremente entre as instituições financeiras. Ou seja, o cliente não precisará informar novamente todo o seu perfil financeiro quando fizer a migração.

Com o Open Banking, as instituições financeiras terão mais informações para analisar. Sendo assim, os bancos podem ofertar mais crédito com uma taxa menor de juros. “De forma geral, é muito positivo para a economia, pois pode afetar tanto a oferta quanto o preço do crédito”, diz Cavaca.

Digitais ou tradicionais

2020 também foi um ano marcado pela expansão dos bancos digitais. “Os novos players têm se esforçado para oferecer serviços além do essencial. São instituições que vão além dos produtos bancários mais tradicionais”, diz França.  “Ainda há um bom espaço de penetração de desenvolvimento de plataformas. Em 2021, provavelmente veremos mais pessoas utilizando meios digitais para as suas operações bancárias e também outros produtos e serviços que não estavam acostumados a consumir via banco.”

O boom dos novos entrantes é visto como um fator de risco para os bancões, porque trazem uma nova forma de ofertar o serviço e a expectativa é que seja mais barato, principalmente para o investidor. “Vimos uma série de bancos digitais abrindo no mercado, mas a penetração deles ainda é baixa. Existe potencial para ser explorado, mas ainda não vimos nenhuma ação efetiva”, diz Cavaca.

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Um levantamento feito pelo banco UBS constatou que o Brasil possui 60 milhões de contas digitais. O relatório também mostra que esses bancos ultrapassaram os tradicionais no número de downloads de aplicativos no ano: em 2019, 52% dos downloads de apps foram referentes aos bancos tradicionais contra 48% dos seus pares digitais. Neste ano, esse valor percentual se inverteu e, agora, os bancos digitais correspondem a 52% dos downloads, frente aos 48% dos bancões.

O grande campeão foi o C6 Bank, que em setembro atingiu a marca das 3 milhões de contas abertas.

O que esperar de 2021

Apesar da recente alta nas ações, os analistas acreditam que a retomada da economia e a chegada de uma vacina contra a covid-19 devem abrir mais espaço para a valorização nos papéis. “Uma vez que as instituições recuperem o lucro no ano que vem, consequentemente as ações podem ter um ano bem positivo”, diz França, da Ágora.

Com a transformação digital batendo na porta dos grandes bancos, a expectativa é que o modelo atual também seja adaptado para conseguir competir com aqueles que já nasceram no ambiente digital. “Os bancões vão começar a se transformar digitalmente para não perder espaço no mercado. Desta forma, o setor como inteiro está favorável para a entrada de novos investidores”, afirma Cavaca.

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