- As 10 empresas que mais se valorizaram do início do governo de Jair Bolsonaro até o fim de maio não têm uma correlação específica com a economia ou com uma decisão política
- Nos últimos anos têm ganhado força o growth investing, ou seja, a ideia é encontrar empresas que apresentam crescimento muito rápido e que não tenham relação com o desempenho macroeconômico
Quando o investidor menos acostumado aos altos e baixos da bolsa de valores olha o retorno absoluto de 8,58% do Ibovespa em maio e compara com a queda acumulada de 24,4% do indicador em 2020 pode se perguntar como é possível encontrar boas ações para se tornar sócio diante de informações conflitantes? A resposta é, justamente, olhar a parte e não o todo.
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“Não adianta tentar acertar um setor ou o que vai acontecer lá na frente. O investidor tem de buscar empresas que tenham potencial de crescimento independente da economia”, diz Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research.
As 10 empresas que mais se valorizaram do início do governo de Jair Bolsonaro até o fim de maio não têm uma correlação específica com a economia ou com uma decisão política. Cada empresa apresentou um diferencial para gerar retornos superiores a 100% no período.
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Embora o conceito de value investing (que privilegia a compra de ações a preço barato) ainda esteja presente na estratégia de alocação de recursos do investidor, nos últimos anos têm ganhado força o growth investing. A ideia é encontrar empresas que apresentam crescimento muito rápido e que não tenham relação com o desempenho macroeconômico – empresas ligadas à tecnologia são as grandes expoentes.
Duas empresas varejistas aparecem entre esses destaques. A Magazine Luiza é o caso no mercado brasileiro que mais se aproxima ao da gigante americana Amazon. Além de fortalecer o seu e-commerce nos últimos anos, a empresa conta com uma gestão liderada por Frederico Trajano que tem feito a diferença para os resultados – mesmo considerando um período difícil como o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 30,8 milhões, uma queda de 76,7% na comparação com o mesmo período de 2019. “Não teve um boom de crescimento de consumo no Brasil. A Magazine Luiza fez um trabalho dentro de casa, mais micro do que macro”, afirma Marco Saravalle, analista independente de investimentos.
A outra rede varejista que salta aos olhos é a Via Varejo, mas por um motivo completamente diferente ao de sua concorrente. A companhia vem fazendo um trabalho de turnaround, ou seja, recuperando e transformando o negócio. Com a força de marcas como Casas Bahia e Ponto Frio, os analistas do mercado financeiro enxergam um potencial de repetir o sucesso da Magalu, principalmente nas vendas pelo canal digital. “A Via Varejo saiu da aba do Grupo Casino e do Pão de Açúcar e é um caso bastante específico de mercado”, diz Rodrigo Menon, sócio-gestor da Arbitral Gestão de Recursos.
Há outros dois casos interessantes desse período. A PetroRio é o resultado da reestruturação da HRT Petróleo promovida pelas mãos do controverso empresário Nelson Tanure. Com dinheiro em caixa, a companhia passou a aproveitar, nos últimos anos, a oferta de campos maduros oferecidos pela Petrobrás e tem conseguido extrair bons resultados com extração e produção.
Já a JSL é uma holding formada parte por uma empresa de logística e parte dos locadoras de veículos leves e pesados. A combinação é que cada negócio tem conseguido crescer de forma independente. Além disso, dentro desse pacote há uma expectativa muito grande com relação à oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Vamos, a unidade voltada especificamente à locação de caminhões, máquinas e equipamentos no Brasil. Programado inicialmente para acontecer no fim de março deste ano e levantar R$ 1,5 bilhão, os planos foram adiados pela pandemia do coronavírus.
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