Os preços das ações listadas na bolsa de valores brasileira variam de menos de R$ 1 até mais de R$ 200. O valor dos papéis muitas vezes pode confundir o investidor na hora de identificar os mais caros e os mais baratos. Para saber em quais apostar, você não deve se fixar no valor nominal, e sim no potencial que a ação tem de aumentar seu preço no futuro.
Por exemplo, se uma ação atualmente custa R$ 3, mas não tem espaço para subir mais, ela está cara. Já aquelas no patamar dos R$ 50, mas com capacidade de expandir futuramente, são classificadas como baratas.
“Não tem uma ligação direta entre a ação estar barata ou cara a partir do preço nominal”, diz Gustavo Akamine, analista fundamentalista e gestor de recursos da Constância Investimentos.
De acordo com um levantamento exclusivo feito pela Economatica, a pedido do E-Investidor, das 15 ações mais caras da B3, apenas seis tiveram desempenho superior ao do Ibovespa em maio. No mês, o índice subiu 8,57%. Destas, apenas duas ficaram entre as 10 maiores rentabilidades do mês, segundo dados do Estadão Broadcast.
Confira o ranking:
Posição
Ação
Classe
Código
Preço/R$
Rentabilidade maio
1
Bic Monark
On
BMKS3
207,00
9,17%
2
Comgás
PNA
CGAS3
164,08
3,41%
3
Comgás
On
CGAS5
160,00
5,26%
4
Mont Aranha
On
MOAR3
130,00
3,99%
5
RaiaDrogasil
On
RADL3
109,75
4,45%
6
B2W
On
BTOW3
91,40
25,08%
7
Excelsior
PN
BAUH3
89,99
0,44%
8
Nord Brasil
On
BNBR3
77,79
0,87%
9
Telebras
On
TELB3
76,76
-6,39%
10
Bahema
On
BAHI3
70,50
-0,57
11
Cosan
On
CSAN3
68,29
9,13%
12
Ceb
On
CEBR3
65,00
16,81%
13
Nutriplant
On
NUTR3
65,00
12,07%
14
Pão de Açúcar
On
PCAR3
64,75
-4,05%
15
Magazine Luiza
On
MGLU3
63,7
29,48%
*Levantamento realizado até o fechamento do dia 1º de junho
O analista e gestor da Constância Investimentos explica que existem duas possibilidades para uma ação estar com um valor elevado. A primeira ocorre quando uma empresa apresenta um bom desempenho e, por isso, seus papéis se valorizam. Porém, a alta também pode acontecer devido à baixa oferta de ações que geralmente são controladas por um grupo.
“No segundo caso, o valor alto é um indicativo ruim, pois poucas ações estão concentradas com poucas pessoas e mostra que a empresa não tem mais interesse pela negociação dos ativos e, normalmente, isso faz a ação ter uma rentabilidade menor”, explica Akamine.
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José Francisco Cataldo, superintendente de research da Ágora Investimentos, concorda com essa visão. Para ele, uma ação é interessante quando se valoriza graças à boa perspectiva para a empresa.
Segundo ele, muitos dos papéis com alto valor, no entanto, não podem ser justificados pelo seu desempenho.“Muitas vezes um valor alto reflete um número baixo de ações disponível na mão de poucas pessoas”, diz Cataldo.
Quais ações ‘caras’ refletem o bom momento?
Para os especialistas, dentre as 15 ações mais caras apenas quatro justificam o preço alto pelo bom desempenho. São elas, RaiaDrogasil (RADL3), B2W (BTOW3), Pão de Açúcar (PCAR3) e Magazine Luiza (MGLU3).
“São empresas que já estavam em um bom momento e não foram tão prejudicadas pela crise”, afirma Cataldo.
Vale ressaltar que RaiaDrogasil (RADL3), B2W (BTOW3) e Pão de Açúcar (PCAR3) são as únicas do ranking que também estão entre as ações mais indicadas para o mês de agosto, segundo corretoras consultadas pelo E-Investidor.
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Dessa forma, Akamine conta que, apesar de caras, as ações de outras empresas não são tão atraentes para o investidor. “Essas empresas costumam ser estatais ou controladas por uma família, não ligando muito para a bolsa.”
Com elas, ele ressalta que o investidor corre o risco de ‘perder tempo’. “Essas têm pouca liquidez e o investidor não consegue realizar o lucro”, diz ele.
A ‘quebra’ do preço de uma ação
Segundo os especialistas, ter papéis com valores altos pode não ser vantajoso para a companhia. “São menos investidores que podem comprar o papel”, afirma Cataldo.
Akamine lembra de um processo muito comum chamado de desdobramento de ações, em que a empresa “quebra” o preço do papel e o divide em mais unidades. “As empresas fazem isso para atrair os investidores e ter um potencial de liquidez maior do que com o preço anterior”, diz o analista e gestor da Constância Investimentos.
Em agosto de 2019, a Magazine Luiza passou por esse processo. Na ocasião, a varejista quebrou seus papéis em uma proporção de oito por um, dividindo uma ação de cerca de R$ 277 para outras oito de R$ 36.