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Ações do setor de saúde amargam perdas. É hora de comprar ou vender?

De todas as empresas do setor listadas na Bolsa, 70% estão com ações negativas desde agosto

Ações do setor de saúde amargam perdas. É hora de comprar ou vender?
Foto: Tiago Queiroz/Estadão
  • De acordo com o levantamento feito pela Economatica, as perdas nas empresas chegam a ser superiores ao patamar de 20% no acumulado de agosto a 5 de outubro
  • A operadora de saúde Qualicorp (QUAL3) foi a empresa que apresentou a maior perda durante o período
  • Uma das principais causas, na avaliação de analistas, é a redução dos casos de covid-19 que influenciou no aumento das outras demandas de serviços médicos

De todas as empresas prestadoras de serviços médicos listadas na Bolsa, 70% apresentaram resultados negativos no valor das ações no acumulado de agosto até o último dia 8 de outubro. O levantamento feito pela Economatica, a pedido do E-Investidor, mostra que a operadora de saúde Qualicorp (QUAL3) e a rede de laboratórios Dasa (DASA3) foram as únicas companhias que registraram perdas acima de 20%. Mas na avaliação de analistas, o momento é de ir às compras para garantir bons retornos no futuro.

As razões são as mais diversas para o cenário de baixa no setor. Segundo Heloise Sanchez, analista da Terra Investimentos, o segmento teve grande destaque no início da pandemia, mas não tem conseguiu manter a performance com o avanço do controle da crise sanitária. Sanchez destaca o caso da Qualicorp, que viu as ações chegarem ao patamar de R$ 35,78, mas na última sexta-feira (8) estavam cotadas a R$ 19,27. Entre agosto e outubro, os papéis da operadora de saúde sofreram uma derrocada de 25,4%. O resultado crava a maior perda de todo o setor.

Para Rafael Rovai, analista da Inside Research, há outro motivo que pode ter contribuído para esse resultado: a grande presença de planos de saúde corporativos. “O fato do volume de beneficiários da empresa estar fortemente correlacionado com as expectativas em relação à economia e à taxa desemprego, já que a grande maioria dos planos de saúde é corporativa”, justifica.

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Mas no contexto geral, Vitor Aguiar, analista do TC Matrix, ferramenta de análise fundamentalista do TC, cita o retorno da demanda geral dos serviços médicos como a principal justificativa para o baixo desempenho dos planos de saúde na bolsa. Segundo ele, as empresas tinham o melhor perfil de cliente até o ano passado: os que pagavam o plano, mas não usufruíam dos serviços.

“Os hospitais estavam lotados de pacientes com covid-19. Quando você vende um plano de saúde, você está vendendo um serviço para todos os tipos de doença. Por isso, as pessoas pagaram e não usaram”, afirma. Já nos últimos meses, com a queda nos casos de covid-19 e o avanço da vacinação, os clientes dos planos de saúde voltaram a demandar pelos demais serviços médicos, como consultas e exames de rotina. “Com a reabertura, as “doenças gerais” voltaram à tona”, diz.

Já em relação à rede de laboratórios Dasa, Armstrong Hashimoto, sócio da Venice Investimentos, cita a redução da liquidez como um dos motivos. Segundo ele, a empresa tinha muita liquidez na bolsa, mas decidiu recomprar por suas ações em 2014 e quase fechou o capital. Essa mudança reduziu a circulação dos papéis da empresa no mercado, o que prejudicou a sua avaliação. “Há poucas avaliações positivas e poucas recomendações devido ao baixo volume negociado”, afirma.

No mês de abril, porém, a empresa decidiu fazer um novo IPO. O problema é que a oferta pública de ações não atendeu as expectativas da companhia. “Eles esperavam alavancar cerca de R$ 5 bilhões e utilizar esse recurso para outras aquisições. No fim, foram colocados cerca de três bilhões de reais”, afirma. “A empresa continua com baixa liquidez e o preço do papel sofreu uma grande derrocada após o resultado desse novo IPO”, diz Hashimoto.

Veja a rentabilidade acumulada das empresas de serviços médicos:

Empresa Retorno entre agosto e outubro de 2021* Retorno nos últimos 12 meses**
Retorno no acumulado de 2021**
Alliar (AALR3) 26,04 19,33 15,14
Dasa (DASA3) -22,26 -31,38 -40,4
Fleury (FLRY3) -8,43 -21,67 -18,54
Hapvida (HAPV3) -9,48 0,66 -15,33
Ihpardini (PARD3) 13,18 -1,4 -0,97
Intermedica (GNDI3) -10 9,37 -7,77
Mater Dei (MATD3) -12,21
Odontoprev (ODPV3) 11,28 18,79 2,69
Qualicorp (QUAL3) -25,4 -34,95 -40,57
Rede D Or (RDOR3) -2,16 -0,73

*Entre 31/07 a 08/10 de 2021 / **até 8 de outubro de 2021

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Fonte: Economática

 

Resultados positivos

Alliar (AALR3), Hermes Ihpardini (PARD3) e Odontoprev (ODPV3) foram as empresas que reportaram os melhores resultados do setor durante o período destacado pelo levantamento. Das três, a Alliar tem o maior destaque, com rentabilidade acumulada de 26,04% desde agosto. Na avaliação de Danielle Lopes, sócia da Nord Research, a empresa de diagnóstico médico por imagem tem um bom desempenho devido à tentativa de compra da Rede D´OR São Luiz, que animou os investidores.

“Eles (Rede D´OR São Luiz) chegaram a anunciar a oferta e logo depois entrou o empresário Nelson Tanure na disputa. Essa “briga” chamou a atenção do mercado e a ação da Alliar disparou”, afirma. Segundo ela, a empresa de diagnóstico Hermes Ihpardini também se beneficiou desse momento de negociação. “O mercado imaginou que a próxima que poderia ou receber alguma oferta de compra, ou querer entrar na transação de compra de Alliar, poderia ser PARD 3. Mesmo sendo apenas especulação, isso mexeu no preço”, diz.

Já sobre a Odontoprev, Lopes aponta a volatilidade do mercado como a principal justificativa. “Se você olhar como um recorte de seis meses, as ações da Odontoprev ficaram de lado. Recentemente, deu um salto, mas isso é mais volatilidade do mercado”, afirma.

Repercussões negativas

O envolvimento das empresas em acusações de irregularidades durante a pandemia também pode ter contribuído para o acúmulo negativo no valor das ações. É o caso da Hapvida, que sofreu com uma derrocada de 2% no valor dos papéis após ser citada na CPI da Covid-19, no dia 22 de setembro. Nas últimas semanas, a operadora de saúde entrou novamente no radar do mercado ao ser acusada de ter pressionado médicos a receitarem a pacientes medicamentos considerados ineficazes contra a covid-19.

Apesar da repercussão negativa para a imagem da operadora de saúde, alguns analistas não consideram esse cenário como determinante para a queda registrada no período. “Se as repercussões mexem no preço? Sinceramente, acredito que ainda não. Talvez, no futuro, caso tenha grande relevância para dentro de grandes fundos, aí sim. Eu acho que esse assunto tem relevância, mas ainda não faz preço”, afirma Lopes, da Nord.

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Hashimoto, da Venice, tem a mesma percepção. Segundo o especialista, a exposição das empresas em polêmicas negativas não fazem o valor das ações saltarem, mas também não são responsáveis por fortes quedas. “Essa exposição não tem nada de positivo, mas não vimos aqui um grande impacto no valor por causa da CPI da Covid”, cita.

No caso específico da Hapvida, as recentes quedas no valor das ações se devem, na avaliação dele, às incertezas da fusão da companhia com o Grupo Notre Dame Intermédica. “As baixas mais recentes são muito por conta do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) protelar a fusão das duas companhias”, afirma.

Recomendações

Mesmo com os resultados negativos para a maioria das empresas, os analistas avaliam o momento como ideal para ir às compras. É o caso da avaliação de Aguiar, do TC. Segundo o analista, o valor das ações segue barato e tende a ter uma apreciação a médio e longo prazos. “É natural do ser humano ter um certo pessimismo, mas o investidor precisa mudar essa mentalidade e entender que a hora de comprar é esse momento”, afirma.

Já Lopes, da Nord, recomenda aos investidores a compra das ações da Hermes Ihpardini e da Rede D´OR São Luiz. “A Rede D´OR, por exemplo, é uma das empresas que mais crescem no setor. Eles fazem muitas aquisições e fazem muito bem. Os players que vieram depois tentaram imitar”, aponta. A Rede D´OR também é uma das recomendações da Terra Investimentos, que está com um preço-alvo de R$ 84. A outra aposta da casa é a Fleury, com preço-alvo de R$ 30.

Rovai, da Inside Research, também recomenda a compra das ações do setor. De acordo com o analista, há uma perspectiva de retomada do setor no longo prazo. “O nível de churn (taxa de rotatividade) deve voltar aos patamares históricos com a retomada da economia e do número de empregos. Estamos otimistas quanto ao investimento que vem sendo feito na digitalização e em canais de vendas”, afirma.

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