A Ambev (ABEV3) divulgará seu balanço do terceiro trimestre de 2024 na quinta-feira (31), antes da abertura do mercado. Analistas esperam que os resultados operacionais não sofram grandes alterações em relação aos períodos recentes. A visão majoritária é de que as operações da empresa no Brasil devem seguir positivas, enquanto os segmentos internacionais podem pesar nos números consolidados.
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O time da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI espera um trimestre saudável para a companhia, com tendências semelhantes às de períodos anteriores. As casas estimam receita líquida de R$ 22,6 bilhões, alta de 11% em base anual, enquanto projetam um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 7 bilhões, o que representa um crescimento de 6,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o lucro estimado da Ambev é de R$ 3,65 bilhões, uma contração de 7% em um ano.
Na visão da Ágora e do BBI, os destaques positivos do balanço da Ambev no 3º tri devem continuar sendo as operações no Brasil e nas regiões da América Central e do Caribe. Já para os negócios na América do Sul como um todo e no Canadá, as expectativas são negativas: o cenário econômico na Argentina deve fazer com que os volumes caiam 8% na zona sul-americana, uma contração mais branda em relação aos trimestres anteriores, mas ainda considerável. Já no Canadá os volumes devem recuar 2% em relação ao mesmo período de 2023.
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O Itaú BBA compartilha a mesma visão. “As fracas condições do mercado mundial seguem influenciando negativamente as operações internacionais da companhia, ainda que em menor grau do que no primeiro semestre de 2024″, ressalta a casa, destacando que espera uma redução anual de 7% no volume da América do Sul, sem considerar o Brasil.
Para o banco, os custos financeiros e os impostos devem ter um impacto de maior magnitude nos resultados do segundo semestre da companhia como um tudo. Essa condição é determinante para a expectativa mais pessimista da casa em relação ao lucro líquido, projetado em R$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre. Já o Ebitda e a receita estão estimados em R$ 6,9 bilhões e R$ 22,2 bilhões, respectivamente.
A XP Investimentos segue a mesma visão das outras casas, considerando que as operações da Ambev no Brasil devem manter a tendência positiva, enquanto os negócios internacionais provavelmente continuarão pesando no desempenho consolidado. Ainda assim, não espera um crescimento empolgante de volume no segmento de cervejas brasileiras. “Apesar de dados fortes de produção de bebidas, estimamos um crescimento anual de volume de 2,0% na categoria de cerveja no Brasil, pois acreditamos que a companhia enfrenta competição crescente”, indica a corretora.
O BTG Pactual tem uma projeção mais positiva, de 3,4%, para o crescimento anual do volume na divisão de cervejaria brasileira. De acordo com o banco, os volumes do mercado têm crescido em um ritmo acelerado, impulsionados em grande parte pelo impulso promocional do Grupo Petrópolis (GP). No entanto, os preços mais agressivos do GP podem estar pesando sobre as principais marcas da Ambev.
Veja a seguir um compilado das prévias para os resultados da empresa de bebidas no terceiro trimestre de 2024:
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A XP, que tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 13,90 para os papéis da Ambev, não vê os resultados do terceiro trimestre como um catalisador para as ações. Já o Itaú BBA acredita que os investidores estão esperando um momento mais dinâmico do mercado antes de se expor à tese de investimento – também tendo recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 15 ao final de 2025. A ação no Ibovespa está sendo negociada hoje em torno de R$ 13.
A equipe da Ágora e do BBI, por sua vez, enxerga que a relação atual entre risco e retorno nas ações da Ambev melhorou em comparação aos últimos anos, mas ainda luta para ver gatilhos que possam permitir que os ativos tenham um desempenho superior. “Acreditamos que volumes mais fortes de cerveja no Brasil por si só devem fazer pouco para mudar as expectativas do mercado sem uma história de recuperação de margem mais tangível, especialmente porque alguma pressão de custo deve retornar no ano que vem”, afirmam os analistas Ricardo França, da Ágora, e Henrique Brustolin, do BBI, em relatório.
Na opinião dos especialistas, um cenário competitivo mais acirrado também parece estar superando o ambiente de consumo favorável quando se trata de preços. Outro fator de preocupação é o pagamento de dividendos: embora a opção da empresa de acelerar o repasse de proventos permaneça em vigor, a visibilidade sobre a materialização dessa proposta segue baixa. Tanto a Ágora quanto o BBI têm recomendação neutra para os papéis da Ambev, com preço-alvo de R$ 13.
O BTG é outro que acredita que o terceiro trimestre não parece ser um gatilho para mudanças no sentimento, capaz de desencadear uma expansão de múltiplos mais relevantes ou esperanças de crescimento sustentável. “O ambiente competitivo está se mostrando ainda mais difícil do que o previsto”, indica o banco. “Dada a falta de catalisadores de curto prazo, mantemos nossa recomendação neutra para as ações da Ambev“, complementa, indicando ainda que o seu preço-alvo para o papel é de R$ 15.