- Para o CEO da gestora, o investidor tem reagido bem ao ambiente de juros baixos e já entende que agora é necessário tomar mais risco pensando em um horizonte de longo prazo
- A AZ Quest tem R$ 16 bilhões de ativos sob gestão e 80 fundos no mercado
- Um novo fundo de crédito já está no radar de Walter Maciel
Para Walter Maciel, CEO da AZ Quest, o mercado de capitais será o maior beneficiado pelo cenário pós-pandemia de coronavírus.
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O executivo da gestora de investimentos que carrega R$ 16 bilhões de ativos sob gestão e 80 fundos disponíveis no mercado, diz que ainda que os planos de crescimento econômico tenham sido frustrados, o investidor tem reagido bem ao ambiente de juros baixos e já entende que agora é necessário tomar mais risco pensando em um horizonte de longo prazo.
“Já enfrentamos Mensalão, crise financeira internacional, protestos populares e impeachment. Bons gestores conseguem entregar retornos de longo prazo, independente de o ambiente ser bom ou ruim”, diz Maciel em entrevista ao E-Investidor.
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Quem deve se sair melhor da pandemia?
Os Estados Unidos. Já ficou provado que apesar de toda a disputa geopolítica, o governo americano controla a máquina de imprimir o dólar. Se você tem a moeda mais forte do mundo, a dívida nova que você emite é dívida de todos que querem comprá-la para se proteger. Além disso, vale lembrar que todas as reformas que o Brasil quer fazer por aqui, os americanos já fizeram. A China tem como se sair bem no ano que vem porque não fez grandes estímulos econômicos, não se endividou e as atividades já foram retomadas agora.
E como o senhor enxerga o Brasil nessa história?
Estamos atrás porque ainda não há clareza sobre o desenvolvimento da doença por aqui. Além disso, a confusão política traz o fator de incerteza que atrasa esse processo.
Então a política deve ditar o ritmo de recuperação?
É evidente que qualquer redução de incerteza é positiva para o mercado. O Brasil precisa usar esse momento para unir esforços entre as esferas do Executivo, Legislativo e Judiciário e promover uma continuidade no processo de reformas.
Com uma entrega ousada [de reformas],o ambiente certamente seria mais atraente para investimento estrangeiro no País.
Quando a aversão ao risco diminuir, o ambiente de juro baixo ajuda impulsionar a entrada de investidores na bolsa de valores?
Sem dúvida. Juros a 3% no Brasil são muito mais traumáticos do que 0% no exterior. Como o patamar dos últimos anos foi alto, o juro atual vai trazer uma mudança radical no planejamento dos investimentos. Já é uma tendência ver as pessoas tomando um pouco mais de risco para ter um retorno maior.
Quais setores se beneficiam na hora da retomada?
O fato é que as barreiras sanitárias vão se elevar, os pequenos produtores de proteínas devem sofrer, podem fechar as portas e haverá um choque positivo para o setor. Gostamos dos papéis de JBS, Marfrig e outros players desse segmento no Brasil. Como as compras estão migrando para a internet, também haverá uma tendência forte no e-commerce. Magazine Luiza, por exemplo, salta aos olhos como uma das vencedoras daqui para frente.
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Quem deve se sair vencedor no pós-crise?
O mercado de capitais vai ser o grande ganhador disso tudo. Primeiro porque houve todo o processo de digitalização e as empresas perceberam que é possível trabalhar e investir mesmo à distância. Além disso, a situação mostrou a importância de pensar em um horizonte de longo prazo. O investidor já está olhando para frente e sabe que precisa ter uma carteira equilibrada e com diversos ativos. Esse vai ser um trabalho cada vez mais difícil, porém necessário.
E como dar acesso para esse investidor?
O desafio é disponibilizar os produtos para todos e em diferentes plataformas. Tanto para os bancos, como para as plataformas digitais e os gestores independentes, essa crise acelerou o processo de colocar mais dinheiro em ativos de risco. Da nossa parte, já temos 27 fundos abertos ao público geral.
Qual é a próxima aposta da AZ Quest?
Temos um fundo de crédito saindo do forno. Ainda não posso dar os detalhes, mas a ideia é ter um produto de alta volatilidade, com prazo mais longo de resgate e que traga um retorno alto para o investidor.