- As três ações que mais ganharam preço na semana foram Via Varejo (VVAR3), Eletrobras ON (ELET3) e Eletrobras PN (ELET6)
- A varejista mostrou resiliência mesmo quando outros papéis do setor sofriam quedas, pressionados por dados negativos do BC ou por declarações de Paulo Guedes sobre a criação de um tributo para transações digitais
- O bom desempenho da Eletrobras na semana também teve o "dedo" do ministro da Economia, que prometeu três ou quatro grandes privatizações para os próximos meses - a elétrica é vista como a primeira da fila na venda de ativos do governo
A semana na B3 começou em meio a um certo desânimo, com o Ibovespa caindo abaixo dos 100 mil pontos. Com a piora do humor externo após o fechamento do comércio na Califórnia, por causa do coronavírus, Nova York operou no negativo e São Paulo foi atrás, inclinando-se à realização de lucros por parte dos acionistas.
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Na terça, o índice voltou a cruzar essa barreira, fechando em 100.440 pontos, graças a Petrobras, B3 e principalmente Vale, beneficiada pela cotação internacional do minério de ferro, em sua máxima histórica.
Os demais dias mantiveram o efeito gangorra: altas na quarta, embaladas pela expectativa de descoberta de uma vacina para a covid-19, baixas na quinta, com o viés negativo do exterior puxando para baixo principalmente as aéreas, e novas altas nesta sexta, na esteira da reforma tributária que Paulo Guedes se prepara para apresentar.
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Em meio a tantas oscilações, as ações que se destacaram foram Via Varejo (VVAR3), com 12,09% de valorização na semana, seguida pelos dois papéis da Eletrobras: ELET3, com 10,97%, e ELET6, com 9,49%.
Confira a seguir o que influenciou o desempenho desses três papéis:
Via Varejo (VVAR3): +12,09%
O otimismo que imperava no varejo sobre a esperada retomada da economia deu uma arrefecida nesta semana, com algumas notícias que pressionaram para baixo os papéis do setor.
Primeiro, na terça, o Banco Central divulgou o resultado do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de maio, que veio abaixo do esperado. O indicador subiu 1,31% no período, ficando aquém do piso de 1,9% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, cujo teto era de 7,2%, com mediana de 4,4%.
Depois, na quinta (16), Paulo Guedes defendeu um imposto sobre transações digitais, provocando mais receio e novas quedas no setor. VVAR3, porém, mostrou resiliência e fechou o dia com ganho de 2,98%.
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O alívio veio hoje (17), quando Guedes disse ter recuado da ideia de propor ao Congresso a criação de um imposto sobre transações digitais por enquanto, nesta primeira fase da reforma tributária. Segundo o ministro, este é um assunto controverso e não seria prudente entrar em uma disputa política que poderia atrapalhar o andamento do projeto que ele pretende enviar na terça-feira, 21.
Eletrobras ON (ELET3, +10,97%) e PNB (ELET6, +9,49%)
As falas da última quinta-feira do ministro da Economia, Paulo Guedes, foram a mola propulsora não apenas da B3 como um todo, mas de papéis como os da Eletrobras, de olho em declarações específicas sobre privatizações.
Durante participação no Expert XP, Guedes reiterou sua intenção de encaminhar “três ou quatro” grandes privatizações nos próximos meses. O ministro não citou nomes, mas o mercado enxergou na fala uma oportunidade de entrada nos papéis da Eletrobras, em geral vista como a “primeira da fila” nas vendas de ativos pelo governo.
“As falas do Guedes contribuem porque quem está no radar do mercado para ser privatizada é a Eletrobras”, explicou Bruno Madruga, sócio e chefe de renda variável da Monte Bravo.
Como consequência, apenas nesta sexta-feira o ELET3 subiu 14,35% e o ELET6, 11,84%. Devido justamente à “variação atípica” das ações e às “notícias que foram divulgadas pela imprensa sobre a potencial aceleração” da privatização de estatais, a Eletrobras divulgou um comunicado ao mercado na tarde de hoje afirmando que “não há informação nova a ser divulgada que já não seja de conhecimento do mercado acerca do seu processo de privatização”.
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Dias antes da disparada, os dois papéis abriram esta semana em baixa, puxada por um movimento de realização de lucros vistos na semana passada. “Muita gente os negocia não em busca de valor a longo prazo, mas para captar o noticiário de privatização. E sabemos que o processo de venda da empresa não é fácil e nem rápido”, diz o analista Henrique Esteter, da Guide Investimentos.
*Com Estadão Conteúdo