Embora em leve baixa no fechamento da sessão, o Ibovespa hoje conseguiu sustentar a linha de 99 mil pontos nesta quinta-feira negativa no exterior.
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À espera do balanço da CSN, programado para depois do fechamento de hoje, o setor de siderurgia foi decisivo para limitar as perdas na B3, mesmo com Nova York no vermelho pelo terceiro dia seguido e queda perto ou acima de 2% nas principais bolsas da Europa. Aqui, o Ibovespa cedeu 0,28%, aos 99.054,06 pontos, com giro financeiro a R$ 23,6 bilhões na sessão. Na semana, o índice sobe 1,61% e, no mês, 4,70%, limitando as perdas no ano a 14,35%.
No exterior, a cautela e aversão ao risco se impuseram nesta semana com a progressão da segunda onda do coronavírus na Europa, que tem resultado em novas medidas restritivas em países como França, Reino Unido e Espanha, colocando em xeque a retomada econômica.
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“A própria Angela Merkel disse que a economia não aguenta um novo lockdown, então os países estão buscando restrições sociais, para evitar algo mais drástico”, aponta Roberto Attuch, CEO da Omininvest. “A eleição americana continua a ser o fator imediato de maior risco, especialmente se Trump vier a questionar os votos pelo correio”, acrescenta.
“Este descolamento que temos visto na B3 talvez reflita um pouco mais de otimismo quanto ao equacionamento da questão fiscal, sobre como virá o Renda Cidadã para 2021, sem comprometer o equilíbrio fiscal e a trajetória da dívida”, diz Attuch.
As três ações que registraram as maiores quedas no dia foram PetroRio (PRIO3), Cogna (COGN3) e IRB Brasil (IRBR3). Confira o que afetou o desempenho desses três papéis.
PetroRio (PRIO3): -5,60%
As ações da PetroRio tiveram o maior recuo do pregão, em meio à queda acentuada dos contratos futuros de petróleo. A aversão ao risco se instalou diante do noticiário sobre a segunda onda de casos de coronavírus na Europa e aumento das medidas de isolamento, além do persistente impasse nos Estados Unidos nas negociações por um novo pacote fiscal.
Com isso, o dólar avança e torna as commodities mais caras e, portanto, menos atraentes.
Cogna (COGN3): -3,45%
As ações ordinárias da Cogna tiveram queda de 3,45%, segunda maior do dia, mantendo o viés negativo da semana. Em entrevista ao Broadcast na semana passada, o sócio de auditoria e líder do setor de Educação na KPMG no Brasil, Marcos Boscolo, afirmou que o investidor estrangeiro ainda tem receio de investir em educação no País, destacando a “regulação muito forte pelo governo”.
Ambev (ABEV3): -2,61%
A trinca de maiores perdas se fecha com Ambev. Segundo o Bradesco BBI, a falta de cerveja nos supermercados noticiada pela imprensa nacional pode até beneficiar a Ambev no curto prazo. O relatório cita que, de acordo com a Neogrid, empresa de software que monitora os pontos de venda, o indicador de escassez de cerveja no varejo brasileiro está no maior nível em dois anos, em 16% – contra 9,5% a 10% em julho e agosto de 2019.
O problema pode estar relacionado a gargalos de produção, devido à escassez de abastecimento de latas e garrafas. Sobre isso, o Broadcast mostrou no último mês que a Ambev abriu uma nova fábrica focada na produção de latas, que estavam em falta no mercado. A capacidade de produção da unidade em Sete Lagoas, Minas Gerais, é de 1,5 bilhão de latas por ano.
A vantagem competitiva que a companhia deve ganhar com a queda das concorrentes, porém, não muda as expectativas do Bradesco BBI em relação ao papel da cervejaria. O banco acredita que o aumento da demanda por cerveja foi impulsionado pelo auxílio emergencial e ocorreu em um momento em que as concorrentes tinham gargalos na produção. Assim, as condições de vantagem da gigante são passageiras.
“Isso não muda nossa visão sobre a ação da Ambev (R$ 15,50), uma vez que o coronavoucher deve terminar no final de 2021, o que pode reduzir a renda disponível dos consumidores em 2021 e impactar negativamente a demanda por cerveja, e seus concorrentes estão crescendo em capacidade”, diz o analista Leandro Fontanesi.
*Com Estadão Conteúdo