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- O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (30) em queda de 0,56%, aos 105.008,70 pontos, e teve giro financeiro de R$ 29 bilhões
- As três ações que mais perderam preço no dia foram Pão de Açúcar (PCAR3), Ambev (ABEV3) e Bradesco PN (BBDC4)
O dia foi de números negativos em todo o mundo e isso foi precificado pelo mercado. Queda de 10% no PIB da Alemanha, queda de 32,9% na leitura anualizada para o PIB dos EUA no segundo trimestre e, aqui no Brasil, também não faltaram quedas nos balanços do segundo trimestre divulgados pelas companhias.
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No Bradesco, por exemplo, os lucros caíram 40% no período, com aumento das provisões para inadimplência, o que provocou baixas de 3,50% na ação PN e 2,54% na ação ON. Os resultados da Vale também provocaram desvalorização do papel em 2,67%.
Apesar do desempenho negativo em setores de grande peso, como commodities e bancos, o Ibovespa até que sofreu pouco: baixa de 0,56%, aos 105.008,70 pontos, sustentando a linha de 105 mil, reconquistada ontem pela primeira vez desde o início de março. O giro financeiro totalizou R$ 29,0 bilhões. Na semana, o índice avança 2,57% e, no mês, 10,47%, cedendo agora 9,20% no ano.
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As três ações que registraram as maiores quedas no dia foram Pão de Açúcar (PCAR3), Ambev (ABEV3) e Bradesco PN (BBDC4). Confira o que afetou o desempenho desses três papéis.
Pão de Açúcar (PCAR3): -6,27%
A maior baixa do Ibovespa foi a das ações ON do Grupo Pão de Açúcar, após a divulgação dos resultados da varejista no segundo trimestre. O mercado considerou os números, que apontaram uma alta de 20,3% nas vendas em mesmas lojas (que considera apenas unidades abertas há mais de um ano) do multivarejo, positivos.
Entretanto, diferentes casas viram o GPA desfavorecido na comparação com o rival Carrefour Brasil. Guilherme Assis e Felipe Reboredo, do Safra, disseram que a alta das vendas foi ofuscada pelos “impressionantes” 30% de avanço do Carrefour.
Para Daniela Bretthauer e Eric Huang, da Eleven Financial, a diferença indica que o Carrefour “ganhou muita participação de mercado durante a crise”.
Ambev (ABEV3): -3,96%
Ambev ON chegou a abrir em alta superior a 4%, mas fechou o dia com a segunda maior perda. O volume de cerveja comercializado no segundo trimestre sofreu queda de 9,2%, enquanto o mercado esperava baixas entre 13% e 30%. Enquanto esse aspecto do balanço provocou empolgação, outros suscitaram um viés mais cauteloso, em especial as margens.
A Eleven Financial considerou que a baixa de 980 pontos-base na margem Ebitda, para 28,8%, foi um ponto frágil, com a mudança no mix de produtos vendidos e a depreciação do real ante o dólar. A moeda americana mais forte pode fazer com que o movimento se repita nos próximos trimestres, segundo a analista Diana Stuhlberger, considerando-se as atuais proteções cambiais (hedges) da cervejaria.
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Ainda assim, parte do mercado elevou suas projeções para a empresa com base no resultado. O Credit Suisse elevou a recomendação de Ambev ON para ‘outperform’ (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 20, 32% maior que o de ontem, considerando que a Ambev protegeu os volumes e a participação de mercado e que avançou sobre a concorrência durante a crise.
O Citi espera reação positiva justamente pela queda menor do que a esperada nos volumes comercializados. “A companhia claramente teve uma execução soberba”, comentam os analistas. Para o banco, a queda no Ebitda e nas margens “não é o ideal”, mas para o longo prazo, proteger os volumes e a participação de mercado é o mais importante.
Bradesco PN (BBDC4): -3,50%
Assim como visto na temporada de resultados do primeiro trimestre, o balanço do Bradesco reverteu em parte as expectativas trazidas pelos números do Santander Brasil, e o setor recuou em bloco.
O lucro do Bradesco encolheu 40,1% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2019. Assim como no resultado do intervalo encerrado em março, as provisões adicionais para enfrentar a inadimplência diante da crise econômica causada pela pandemia da covid-19 impactaram a linha final do balanço. No último trimestre, o Bradesco separou mais R$ 4,5 bilhões para o colchão contra perdas. No total, as provisões causadas pela covid já somam R$ 8,9 bilhões no caso do banco. O volume provisionado ficou 20% acima do que previa o Goldman Sachs, por exemplo.
Os resultados como um todo vieram dentro do esperado, e foram elogiados por casas como Credit Suisse e Citi. No entanto, em movimento também visto no primeiro trimestre, os resultados contrariaram a expectativa de parte do mercado após o balanço do Santander Brasil. No primeiro trimestre, a operação brasileira do banco espanhol fez uma provisão após não separar reservas adicionais, contrariando o bloco formado por Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil. Entretanto, o CEO do Santander, Sérgio Rial, afirmou que outras provisões não seriam necessárias neste ano.
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Diante disso, no comparativo, o movimento do Bradesco trouxe cautela. “A fala do Rial mostra que o cenário é este para o Santander, mas não para os demais”, diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. De acordo com ele, mesmo com a queda da inadimplência do Bradesco, as maiores provisões indicam ao investidor que a expectativa do banco é de um repique nos próximos trimestres.
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou hoje em live que a companhia pode voltar a fazer provisões em razão dos efeitos adversos que o coronavírus provocou na economia. Apesar de não conseguir calcular a dimensão da pandemia, ele estima que as provisões devem ser menores do que as reportadas até o momento.
*Com Estadão Conteúdo