- O Bradesco estima um potencial de R$ 500 bilhões em ofertas de ações e de dívida local no Brasil no próximo ano, o primeiro da gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
- O cenário considera uma retomada dos IPOs (aberturas de capitais) e um novo recorde na renda fixa doméstica, mas depende de uma trégua no patamar de juros do País e também no ritmo e na extensão do processo de aperto monetário nos Estados Unidos para se tornar realidade
- Depois de um ano sem aberturas de capitais no Brasil, o Bradesco prevê entre 30 e 50 ofertas de ações para 2023, que somadas podem movimentar R$ 100 bilhões
O Bradesco estima um potencial de R$ 500 bilhões em ofertas de ações e de dívida local no Brasil no próximo ano, o primeiro da gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O cenário considera uma retomada dos IPOs (aberturas de capitais) e um novo recorde na renda fixa doméstica, mas depende de uma trégua no patamar de juros do País e também no ritmo e na extensão do processo de aperto monetário nos Estados Unidos para se tornar realidade.
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“O ano para o mercado de capitais brasileiro foi muito ruim. Vimos o ano ir embora absolutamente morno em todos os mercados. O juro alto é antônimo, é inimigo do mercado de capitais”, avaliou o vice-presidente executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, em coletiva de imprensa, durante o CEO Forum Conference, promovido pelo Bradesco BBI, em Nova York.
Em 2023, esse quadro pode mudar com a queda dos juros no Brasil e nos EUA, à medida que a galopante inflação é domada. Dentre as várias simulações feitas pelo Bradesco, o cenário base indica a queda da Selic, a taxa básica da economia brasileira, no segundo semestre, encerrando o ano em 11,25%. Atualmente, os juros no País estão em 13,75% ao ano, após o ciclo mais intenso de aperto monetário na história do País, com 12 elevações consecutivas.
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Diante disso, a expectativa é de um “ano difícil”, com as melhores janelas para captações no mercado de capitais esperadas para o segundo semestre. “Existem empresas querendo fazer IPO, mas estão esperando janela”, disse Noronha.
Depois de um ano sem aberturas de capitais no Brasil, o Bradesco prevê entre 30 e 50 ofertas de ações para 2023, que somadas podem movimentar R$ 100 bilhões, considerando IPOs e follow ons (operações subsequentes). Dentre os setores que devem ser motores, estão saneamento, saúde, consumo e varejo, imobiliário para baixa renda e educação.
O cenário traçado pelo Bradesco é mais otimista que o visto em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, quando R$ 90 bilhões foram captados via ofertas de ações no Brasil. Representa ainda uma mudança de paradigma frente a 2022, quando os mercados se fecharam para essas transações, com a maioria do volume financeiro levantado motivado pelo follow on da Eletrobras. Para o próximo ano, um evento como este, porém, está descartado, conforme Noronha.
“Neste ano, foram 13 follow-ons. A gente imagina que ano que vem seja um número maior, agora, vai depender da perspectiva da queda de juro. Com uma melhor definição sobre os juros, prevemos, primeiro, os follow ons e, depois, [a retomada] dos IPOs”, disse o diretor executivo do Bradesco, Bruno Boetger.
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Já para a renda fixa local, o Bradesco vê novo recorde em 2023, com o mercado chegando à marca inédita de R$ 400 bilhões. Neste ano, a expectativa é de um volume também recorde, de R$ 370 bilhões. “Esse ano foi ano super bom, considerando 2021 que já foi recorde, com R$ 358 bilhões de emissões”, avaliou Boetger, mencionando como impulsionadores o segmento de infraestrutura e os títulos isentos para pessoas físicas no Brasil.
Quanto à dívida externa por parte de companhias brasileiras, o cenário desenhado pelo Bradesco é “mais difícil”, segundo os executivos. Pesa, sobretudo, a elevada taxa de juros nos EUA, o que encarece o custo de captação para esses emissores. Como resultado, este ano deve somar algo em torno de US$ 12 bilhões, abaixo da faixa de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões vista nos últimos três anos.
Para 2023, o banco estima um volume de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões em emissões de companhias brasileiras no exterior. “Vai ser um ano difícil e depende da queda de juros [nos EUA]”, alertou o diretor do Bradesco.
O Bradesco espera ainda que o ambiente para fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no Brasil continue positivo. Os setores mais promissores para novas transações são varejo, infraestrutura e saneamento.
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“Assumindo um cenário de retomada de ofertas na bolsa, deveríamos ter um aumento de M&A porque empresas usam ações como moeda de troca”, disse Boetger.