- Em coletiva de imprensa, o CEO do TC, Pedro Alburquerque, acusou sócios da Empiricus de tramarem ataque contra a plataforma por meio de vídeo anônimo
- A briga entre a research e o TC se arrasta há meses. O início do conflito aconteceu em outubro de 2021, quando a Empiricus fez um relatório listando 10 motivos para apostar contra TRAD3
- No meio desse embate, pequenos investidores amargam prejuízos
Se as acusações e troca de farpas entre a plataforma de educação financeira TC (TRAD3) e a casa de research Empiricus estão no centro dos holofotes, os fundamentos da empresa listada na bolsa ficam em segundo plano – pelo menos quando se trata da atenção dos investidores. Os papéis, então, acabam sendo influenciados por fatores “extra-operação”. Isto é, em vez de refletirem os resultados da companhia, as ações acabam espelhando as polêmicas que envolvem a gestão.
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A análise vem de profissionais do mercado financeiro entrevistados pelo E-Investidor. Um deles, Pedro Accorsi, analista da Ticker Research. “Pelo TC ter um foco muito maior no que acontece fora do seu negócio, acaba tendo também um risco maior de investimento. Se fôssemos puxar em um valuation (metodologia para identificar o valor de um ativo), isso significaria que os investidores exigem um prêmio de risco maior para investir nela”, afirma Accorsi. “E mesmo se ela ganhar esse processo (contra a Empiricus) o risco não vai diminuir.”
É importante ressaltar que a briga entre Empiricus e TC se arrasta há alguns meses. Esta reportagem mostra a história completa para entender o conflito, que se intensificou em 26 de outubro de 2021 quando a casa de análises publicou um relatório intitulado “10 motivos para shortear TRAD3’”. A direção do TC rebateu as acusações e o caso foi parar na Justiça.
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No que realmente interessa ao investidor, as ações que vinham em uma intensa trajetória de queda, de 54,16% entre agosto e outubro de 2021, inverteram o sinal e subiram 33,73% em novembro, mês seguinte à recomendação de short feita pela Empiricus. A subida rápida e repentina dos papéis pode ter imputado prejuízos a investidores que montaram posições vendidas após o relatório da research.
Ainda assim, os papéis TRAD3 caem 53% desde o IPO, feito em julho do ano passado. “Há quem tenha dito que foi orquestrado também (a subida dos papéis após a recomendação de short)”, afirma Goulart. “Essa ação é muito volátil, as condições de valuation são difíceis de entender.”
No último dia 30 de junho, as ações da plataforma de educação financeira TC (TRAD3) sofreram um baixa de 27%, na esteira da repercussão do vídeo da “palhaça” e notícias sobre uma suposta investigação da CVM em curso. Novamente, investidores, especialmente as pessoas físicas, aferiram prejuízos em função de acusações não comprovadas e não correlacionadas à operação da companhia.
De acordo com Goulart, independentemente do desfecho desse novo embate entre TC (antiga Traders Club) e Empiricus, a recomendação é que os investidores se afastem dos papéis. O especialista vê a análise do negócio como “complexa”, dada todas as polêmicas que vez e outra machucam bastante os papéis. “Se mantenha longe. Não compre e também não shorteie a ação, só mantenha-se longe”, afirma Goulart.
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A mesma visão tem Accorsi. “O valuation dela é muito esticado e que não tem um diferencial competitivo tão grande. Vejo ela em um valor acima do que é justo”, diz. “Existem negócios semelhantes, com potencial de alta maior e que não tem todos esses empecilhos de conflitos da empresa.”