Proposta de federalização de Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) enfrenta desafios
(Foto: Divulgação Cemig)
O Banco Safra rebaixou a recomendação das ações da Cemig (CMIG4) de compra para neutro em um relatório divulgado na segunda-feira (2), reduzindo o preço-alvo do ativo de R$ 14,50 para R$ 13,20. Mas o prognóstico não é negativo. O time do banco destaca que a atualização do modelo acontece depois de um “ano incrível”, quando os papéis da companhia superam não só o Ibovespa, mas os pares do setor.
O bom desempenho reflete as melhorias operacionais e estratégicas significativas, incluindo iniciativas de redução de custos e venda de ativos não essenciais. Esse pacote positivo faz o Safra esperar por um bom pagamento de dividendos por parte da CMIG4: um dividend yield de 11% em 2024 com espaço para pagamentos adicionais. Ainda assim, o banco prefere manter a recomendação como neutra, tendo em vista o atual preço da ação e o potencial de retorno de 15%, incluindo os proventos.
O relatório do Safra destaca ainda que a Cemig pode ter um “futuro promissor” a frente, com as expectativas de que a companhia seja privatizada em Minas Gerais. O governo do estado levou à Assembleia Legislativa um projeto de lei que propõe a desestatização de empresas estatais de serviços públicos.
“Embora não seja uma meta nova do governo (como proposta de alteração da constituição para permitir a privatização foi enviada pelo governo do Estado em agosto de 2023), o novo edital permite ao governo de Minas Gerais considerar também o alienação de participação na sociedade ou em suas controladas. Destacamos que a Gasmig, que é uma empresa não-core ativo que avaliamos em ~R$ 7 bilhões, poderia ser considerado como um ativo potencial para venda”, diz o Safra. Ainda assim, o documento destaca que o processo ser complexo e pode levar tempo para ser concluído.
Vale a pena apostar na privatização da Cemig?
A privatização da Cemig e da Copasa (CSMG3) voltou ao radar do mercado em novembro e vem sendo reforçada pelo governador de Minas, Romeu Zema (Novo), em algumas entrevistas. Na última semana, o BTG soltou um relatório destacando alguns pontos sobre o processo depois de uma reportagem com vice-governador Mateus Simões no Brazil Journal.
No documento, os analistas do banco questionam alguns pontos levantados por Simões e se dizem menos confiantes no processo de desestatização das companhias do que o vice-governador. Um dos pontos levantados é em relação ao modelo: a proposta é que a Cemig seja transformada em uma corporation (sem controlador único) para depois ser federalizada.
“Esta afirmação não é convencional em vários aspectos e levanta múltiplas questões”, diz o BTG. “Quanto um investidor pagaria pelas ações detidas pelo estado, se o objetivo final fosse tornar-se minoria na administração federal (mesmo que a administração federal detenha apenas 20% das ações)? Que tipo de governança seria necessária para que os investidores se sentissem confiantes na compra das ações?”
O entendimento dos analistas é que a privatização da Copasa parece mais favorável nesse momento. A Cemig, segundo o BTG, já vem passando por um turnaround com pagamentos expressivos de dividendos e as ações não teriam grande vantagem com a desestatização.