Publicidade

Mercado

Opções de Cogna (COGN3) viraram pó. Qual o futuro do papel?

Investidores apostaram alto em uma valorização que não se concretizou

Opções de Cogna (COGN3) viraram pó. Qual o futuro do papel?
Cogna Educação (Crédito: Arquivo Estadão)
  • Expectativa de compradores era de grande valorização do papel, com boa parte dos contratos buscando cotações entre R$ 9, R$ 9,80 e R$ 11,80. Contudo, nesta segunda-feira, o papel fechou o pregão negociado a R$ 6,87
  • Estima-se que o volume de contratos de opções de compra de COGN3 que viraram pó seja de pelo menos R$ 60 milhões
  • Para os especialistas, o investidor pessoa física errou a mão. Porém, eles afirmam que não dá para estabelecer uma relação entre as opções e o papel daqui em diante e que o que vai determinar a cotação serão os fundamentos da empresa

A montanha-russa que tem caracterizado a trajetória das ações da empresa de educação Cogna (COGN3) ganhou mais um desdobramento nesta segunda-feira (17), data de vencimento dos contratos de opções sobre ações deste mês, que movimentou R$ 12,8 bilhões na B3, dos quais R$ 5,78 bi em opções de compra e cerca de R$ 7,02 bi em opções de venda.

O destaque ficou justamente a Cogna, a empresa mais negociada no mês: apenas as seis calls mais compradas de COGN3 possuíam mais de 200 milhões de contratos em aberto.

A expectativa desses compradores era de grande valorização do papel. Boa parte desses contratos buscava cotações entre R$ 9, R$ 9,80 e R$ 11,80. O principal elemento no horizonte que deu ensejo a essa perspectiva foi o IPO da Vasta, subsidiária da Cogna na Nasdaq, em Nova York.

A ação de fato se valorizou ao longo das semanas anteriores ao certame, marcado para o dia 31 de julho. Mas os resultados do IPO em questão, que captou US$ 405,8 milhões, ficaram aquém das expectativas do mercado, e a partir daí o preço de COGN3 inverteu a tendência, passou a cair e estacionou na faixa entre R$ 7 e R$ 7,30. Na segunda-feira, o papel fechou o pregão negociado a R$ 6,87.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Com isso, quem apostou na alta de COGN3 se deu mal. Essas pessoas gastaram dinheiro em contratos que as autorizariam a comprar a ação por preços unitários mais altos que o valor ao qual ela foi negociada no dia de vencimento. E exercer esse direito no preço ajustado deixou de ser interessante. Portanto, o investimento que fizeram nas opções foi para o vinagre.

E o prejuízo não é pequeno: estima-se que o volume de contratos de opções de compra de COGN3 que viraram pó seja de pelo menos R$ 60 milhões. E agora?

Atrás de dinheiro fácil, investidor pessoa física errou a mão

O estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, conta que COGN3 se tornou uma espécie de “ação da moda”, cultuada em redes sociais como o Twitter. Isso atraiu a atenção de muitos investidores pessoa física, que viram nos contratos de opções um instrumento para ter lucros rápidos e expressivos com a valorização esperada do papel. Mas eles não estavam preparados para manejar os riscos desse tipo de contrato.

“Fazer opções é algo muito complexo. Há toda uma dinâmica para calcular o preço”, diz o especialista.

Ele explica que o custo do contrato de opções é bem menor que o valor de compra objetivado. Por isso, se o investidor fizer uma alocação pequena e não acertar o direcionamento do mercado, tudo bem. Mas o prejuízo se multiplica quando, imbuído de excessiva confiança, ele passa a apostar pesado e compra um volume grande de opções.

Publicidade

“Se o investidor paga R$ 0,50 pelo direito de comprar uma ação a R$ 10, ele está limitando o prejuízo dele a 5%. É uma forma de entrar sabendo qual será a perda máxima. Alocando um percentual pequeno do patrimônio, se der errado, não terá grande impacto”, explica. “O problema é quem acha que vai ficar milionário do dia para a noite. A ganância derruba esse cara.”

O analista Marcio Loréga, da Ativa Investimentos, ressalva que nem todos os investidores que tinham opções de compra da Cogna na mão ficaram com o pó. Alguns optaram por rolar as opções para ver se ganham mais tempo e recuperam o recurso investido.

“Vamos ver como vai ficar a movimentação das opções da Cogna para este mês, com vencimento em setembro, para ver se a aventura desses investidores foi apenas um sonho de verão ou se o mercado será mais bondoso com o papel”, afirma.

Recuperação do papel passa por fundamentos da empresa e situação do mercado

O que acontecerá com o preço de COGN3 depende de diversas variáveis. Mas esse grande volume de investidores que apostaram na sua valorização e se deram mal não deverá, por si só, pressionar as cotações do papel ainda mais para baixo.

“Uma coisa é o papel, outra são essas opções. São bichos totalmente diferentes, não dá para estabelecer uma relação”, afirma Bevilacqua. “O que vai determinar a cotação do papel serão os fundamentos da empresa.”

Publicidade

Embora não a tenha em seu portfólio atual, o estrategista-chefe da Levante considera a Cogna uma companhia bem gerida.

“É uma empresa diversificada e tem feito um bom trabalho de virar a chave no caminho da digitalização. Mas, até mostrar resultados por esse caminho, o ciclo será um pouco mais longo”, pondera.

A diversificação a que ele se refere é fruto da reorganização feita em 2019. Até então, sob o nome Kroton, ela atuava apenas com o ensino superior. Hoje, tornou-se uma holding que controla quatro empresas: a própria Kroton, a Saber (ensino básico e idiomas), a Somos (prestação de serviços de gestão para escolas) e a Platos (serviços de gestão para instituições de ensino superior).

Loréga frisa que a desvalorização de COGN3 é fruto de um movimento de realização dos investidores, natural depois de uma alta tão expressiva como a do mês passado.

Publicidade

“Em julho, o papel teve uma valorização de 25,26%, o que é bastante relevante. E a empresa se capitalizou com o IPO, o que é bastante bom. Mas existem desafios para e informações que pesaram negativamente, como a renúncia do diretor da companhia no início de agosto”, diz.

Além disso, é preciso considerar que a conjuntura do setor e da própria Bolsa não está muito favorável para a Cogna.

“O momento para a educação não é dos melhores possíveis. A inadimplência dos alunos começa a pesar. E a Bolsa está desmoronando, não apenas a ação da Cogna. É preciso melhorar alguma coisa em nível de Brasil para as ações começarem a andar um pouco mais”, afirma Bevilacqua.

Web Stories

Ver tudo
<
Cursos, passagens aéreas e cashback: confira as promoções da Black Friday do mercado financeiro
Como usar o Tesouro IPCA + 7% para aumentar a sua aposentadoria
Antecipação do 13º salário vale a pena?
Até 100% de desconto: carro elétrico tem isenção de IPVA no DF e em mais 5 Estados; saiba como pedir
Salário baixou? Conheça 5 países que reduziram jornada de trabalho
O retorno de Trump pode afetar as suas futuras viagens e investimentos?
Quanto você pode receber de cashback das contas de água, internet e luz?
A rua mais cara do mundo fica no Brasil? Descubra
13º salário: quem não tem direito ao pagamento?
Estas moedas de 50 centavos podem valer R$ 5 mil; veja se você tem em casa
Como Warren Buffett ganhou US$ 282 milhões com o Nubank?
Nem aquecedor, nem ar-condicionado: estes truques vão aquecer a casa sem pesar a conta de luz
>

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos