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Um banco vai brilhar no 3º tri e outro terá resultado fraco: as previsões para os balanços de Itaú, Bradesco, Santander e BB

Uma das companhias pode ter um resultado mais poluído do trimestre, mas as expectativas de dividendos devem continuar positivas

Um banco vai brilhar no 3º tri e outro terá resultado fraco: as previsões para os balanços de Itaú, Bradesco, Santander e BB
Veja o que esperar dos dividendos grandes bancos e dos balanços do 3º trimestre de 2024 (Foto: Adobe Stock)
  • Analistas dizem que um banco será o grande destaque e o outro terá o resultado mais poluído pela inadimplência
  • Especialistas dizem que dois bancos terão resultados neutros, com uma recuperação gradual
  • O maior pagador de dividendos não terá o melhor resultado; veja qual é o banco

A temporada de balanços dos quatro principais bancos no Brasil começa nesta terça-feira (29), antes da abertura do mercado, com o Santander (SANB11) divulgando seus números. O Banco do Brasil (BBAS3) apresenta o desempenho trimestral no dia 13 de novembro. Em meio à divulgação dos resultados, algumas dúvidas ficam no ar para o investidor: qual banco deve pagar mais dividendos? E qual terá o melhor balanço no terceiro trimestre de 2024?

O consenso dos analistas ouvidos pelo E-Investidor é de que o Itaú – que solta seus números em 4 de novembro – terá o melhor balanço entre as quatro empresas. Para os analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI, a instituição financeira está bem posicionada para entregar números sólidos. Os analistas preveem que o Itaú deve entregar uma melhor carteira de crédito, impulsionada pelos empréstimos para as pessoas físicas.

“É improvável que as despesas com provisão apresentem quaisquer grandes surpresas e as taxas de inadimplência parecem estar sob controle, então podem mostrar uma ligeira contração no trimestre. O Itaú deve mostrar receita de tarifa estável no trimestre”, apontam Jose Cataldo da Ágora Investimentos e Gustavo Schroden do Bradesco BBI em relatório assinado em conjunto. A equipe indica que o banco deve lucrar R$ 10,3 bilhões no terceiro trimestre de 2024, alta de 14,6% na comparação com o lucro de R$ 9 bilhões do terceiro trimestre de 2023.

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Para Milton Rabelo, analista da VG Research, o Itaú reportará provavelmente os melhores resultados do trimestre entre os bancos, com crescimento de lucros, aumento de rentabilidade e aceleração no crescimento do crédito. Ele comenta que a companhia deve também apresentar reversão de provisões, devido ao provisionamento de Americanas.

O analista estima lucro de R$ 10,4 bilhões para o Itaú no terceiro trimestre de 2024, 15,55% em relação ao lucro do terceiro trimestre de 2023, o que pode impulsionar os dividendos do Itaú. A rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), deve ficar em 22%, alta de 0,9 ponto porcentual em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Já Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, também vê o Itaú com o melhor resultado entre os quatro. Ele acredita que o lucro do banco deve crescer 15% na base anual do terceiro trimestre em 2024. “Temos uma perspectiva de crescimento e resiliência em um cenário de alta de juros, colocando o Itaú em uma posição favorável”, argumenta Chincila. O especialista estima um lucro de R$ 10,39 bilhões para o Itaú no terceiro trimestre de 2023, com um ROE esperado de 16%.

Na visão de Pedro Marques, corretor de ações da EWZ, o Itaú será o grande destaque em função das receitas de prestação de serviços e expansão de seguros acima do PIB nominal, com índices de inadimplência historicamente baixos. “A perspectiva de um ROE acima de 25% para uma empresa que gera mais de R$ 10 bilhões de lucro por trimestre é um dos principais pontos positivos para o banco”, explica Marques.

Qual banco terá o pior balanço no terceiro trimestre de 2024?

O consenso entre os analistas é de que o Banco do Brasil deve apresentar o pior resultado entre os quatro grandes bancos. Não que os números serão totalmente ruins, mas sim devido ao contexto e à comparação com o balanço da empresa em relação ao terceiro trimestre de 2023. Para Milton Rabelo, o Banco do Brasil deve revelar um resultado mais fraco, por causa da deterioração da qualidade do crédito do segmento rural, em que a instituição é líder de mercado.

“O aumento da inadimplência no setor deve aumentar o volume de provisões que, por sua vez, impactarão os resultados do terceiro trimestre de 2024, cujo lucro deve ser pouco inferior ao reportado no segundo trimestre deste ano. Além disso, é razoável esperar uma pressão na rentabilidade, que ainda deve se manter num patamar elevado”, afirma Rabelo.

A equipe da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI estima que o Banco do Brasil deve anunciar uma desaceleração na receita de tarifas, enquanto as despesas operacionais podem permanecer sob controle. O lucro líquido, segundo os analistas, pode atingir R$ 9,5 bilhões no terceiro trimestre de 2024, alta de 8,2% na comparação com o terceiro trimestre de 2023.

Régis Chinchila, da Terra Investimentos, estima que o Banco do Brasil deve lucrar R$ 9,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024, alta de 8% na comparação anual. Ele observa que o banco sofrerá com a alta da inadimplência do agronegócio e ter o pior resultado entre os quatro. No entanto, o especialista pondera que o segmento não será de todo ruim e ainda pode gerar alguns frutos maduros e saudáveis, trazendo esse crescimento na base anual, o que pode impactar positivamente em quanto o Banco do Brasil deve pagar em dividendos.

Como serão os balanços de Santander e Bradesco?

No consenso entre os analistas ouvidos pelo E-Investidor, os balanços de Bradesco e Santander devem ser mornos, em comparação  com o Itaú e com o Banco do Brasil. Régis Chinchila, da Terra Investimentos, diz que Santander e Bradesco devem ser impactados pela alta da taxa básica de juros da economia. A elevação da Selic pode impactar negativamente as margens com o mercado dos dois bancos, uma vez que suas posições são sensíveis aos juros. Ainda assim, ele diz que ambos os bancos devem apresentar uma melhora gradual no resultado.

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“Para o Santander, destaca-se o crescimento esperado de 28,2% no lucro, totalizando R$ 3,49 bilhões, impulsionado pela expansão das carteiras de crédito, especialmente no varejo. O Bradesco também mostra um desempenho saudável, com previsão de lucro de R$ 5,1 bilhões, 11,1% acima do ano anterior, refletindo uma boa gestão das carteiras de crédito e um aumento nas receitas de serviços”, diz Chinchila.

A equipe da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI estima um lucro para o Santander de R$ 3,6 bilhões no terceiro trimestre de 2024, alta de 32,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo os especialistas, a melhora pode ser significativa, mas porque no ano passado o lucro veio mais fraco que a habitual. Em linhas gerais, a Ágora diz que o resultado será misto: a receita líquida de juros do Santander deve ser afetada pelo crescimento mais lento dos empréstimos. Por outro lado, os resultados da tesouraria podem ser semelhantes aos do primeiro trimestre de 2024 e ao segundo trimestre de 2024 em cerca de R$ 300 milhões.

Pedro Marques, da EWZ, diz que o resultado do Santander deve apresentar uma melhora gradual. A expectativa é de que a margem financeira dos clientes comece a crescer em linha com o incremento dos empréstimos. Com o banco tendo uma margem financeira líquida mais estável no futuro, lembra ele, há espaço para a margem financeira ajustada ao risco melhorar neste trimestre. “Para o terceiro trimestre, a principal conclusão é que se espera que o ROE do banco continue melhorando gradualmente. A empresa deverá apresentar uma melhora contínua, porém em ritmo mais lento”, afirma Marques.

Para o Bradesco, as estimativas são de melhora. Milton Rabelo, da VG, diz que os resultados devem continuar, beneficiados pela evolução da taxa de inadimplência, boa dinâmica de controle de despesas operacionais, além de aceleração da carteira de crédito de segmentos menos arriscados. Ele também comenta que o banco deve continuar com sua lenta e gradual recuperação, o que poder ser positivo para os dividendos do Bradesco.

No caso do Santander, o especialista diz que, após a limpeza da carteira dos últimos trimestres, é possível haver um aumento no apetite à concessão de crédito para segmentos mais rentáveis e arriscados, como crédito consignado e pequenas e médias empresas. “O Santander deve continuar o seu processo de recuperação de lucros e rentabilidade, porém num ritmo mais lento do que o observado no primeiro trimestre”, aponta Rabelo.

Qual banco deve pagar mais dividendos nos próximos 12 meses?

Embora o banco estatal pode trazer o pior resultado entre os quatro maiores do país, o Banco do Brasil tende a ser o maior pagador de dividendos nos próximos 12 meses. As estimativas da VG Research são que o BB deve pagar cerca de 10% do seu valor de mercado em proventos. Nas projeções da Terra Investimentos, os dividendos da ação BBSA3 devem ficar em 12% do preço da ação da empresa. Já na visão de Marques, o BB entregará um rendimento em dividendos (dividend yield) de 11,2%. A Ágora estima que o Banco do Brasil deve pagar um dividendo de 10,4% do seu valor de mercado.

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Os analistas da reportagem ressaltam que, embora o banco terá um resultado ruim devido ao agronegócio, a ação está atrativa e descontada em relação aos lucros e dividendos que o papel pode entregar. Desse modo, todos os analistas recomendam compra para as ações do Banco Brasil.

O maior preço-alvo é o da VG Research: a ação pode chegar até a casa dos R$ 36 nos próximos 12 meses, uma alta de 36,5% na comparação com o fechamento de sexta-feira (25), quando o papel encerrou o pregão a R$ 26,37. A Ágora Investimentos é a única a ter recomendação neutra para o Banco do Brasil. Os analistas comentam que, mesmo com o dividendo de dois dígitos, o resultado pode não ser tão atrativo, o que pode causar volatilidade nas ações.

Quanto o Itaú deve pagar em dividendos?

O segundo banco que mais deve pagar dividendos, na visão dos analistas, é o Itaú. Régis Chinchila prevê que a ação ITUB4 pagará 8% do seu valor de mercado em dividendos, o mesmo porcentual de dividendos do Itaú estimado por Milton Rabelo, da VG. Pedro Marques calcula um provento de  7,9% do valor de mercado do Itaú. A Ágora Investimentos é mais dura ao projetar um provento de apenas 6,5%.

O maior preço-alvo estimado entre os analistas é de R$ 46 da Ágora Investimentos para o fim de 2025, uma alta de 30,3% na comparação com o fechamento de sexta-feira. O menor preço-alvo é o da VG, que é de R$ 40 para os próximos 12 meses, uma alta de 13,31% na comparação com o fechamento de sexta. O banco é o favorito dos analistas e tem recomendação de compra de forma unanime.

Quais são as estimativas de dividendos para Santander e Bradesco?

Para o Bradesco e o Santander, as estimativas de dividendos são positivas, mas nem todos os analistas recomendam compra para as duas ações. A VG estima um dividend yield de 6,5% para o Santander e de 7% para o Bradesco. A Terra Investimentos acredita que a ação BBDC4 pagará 10% do seu valor de mercado em proventos. Já no caso do Santander, a estimativa da corretora é de um depósito de 4% do valor de mercado da empresa em proventos. A EWZ, de Pedro Marques, estima um pagamento de 7,4% do valor de mercado do Santander em proventos e outro de 7,1% para o Bradesco. A Ágora indica um pagamento de provento de 7,7% para as ações SANB11.

A recomendação para o Santander é neutra para três das quatro casas ouvidas pelo E-Investidor. Em linhas gerais, os analistas comentam que a companhia está em recuperação e que isso tende a ser gradualmente. Já a Ágora Investimentos é a única que recomenda compra para a ação: os analistas dizem que o papel está atrativo e descontado para o investidor. O preço-alvo para a ação é de R$ 36,00 para o fim de 2025, alta de 26% na comparação com o fechamento de sexta-feira (25), quando a ação encerrou o pregão a R$ 28,56.

No caso do Bradesco, dois analistas recomendam compra e um tem recomendação neutra. (A Ágora não emite opinião sobre Bradesco pelo fato de pertencer ao grupo). Milton Rabelo, da VG, e Régis Chnchila, da Terra, recomendam compra, pois acreditam que o Bradesco está indo bem na reestruturação de seus negócios. O maior preço-alvo é o da VG de R$ 18,50. Já a Terra estima um preço-alvo de R$ 18. Os valores representam altas de 23,9% e 20,5% na comparação com o fechamento de sexta, quando a ação encerrou o pregão a R$ 14,93.

Já Pedro Marques, da EWZ, diz que o investidor não deve comprar as ações do Bradesco no momento. O analista tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 16 para os próximos 12 meses, uma alta de 7,16% na comparação com o fechamento de sexta. Ele avalia que o Bradesco tem um caminho difícil e muito longo pela frente. Ele espera que, neste próximo trimestre, o banco tende a trazer uma foto muito melhor que a do ano passado, mas a “jornada para a recuperação total ainda é muito longa”.

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De modo geral, os analistas têm a ação do Itaú como a sua favorita, mas o Banco do Brasil deve ser o maior pagador de dividendos. Santander e Bradesco deve seguir em recuperação, mas ainda não dominam a confiança de todos os analistas. A decisão final sempre fica com o investidor, mas se o quesito for dividendos, o Banco do Brasil é o banco campeão, mesmo que o resultado tende a ser poluído neste trimestre devido à inadimplência do agronegócio.

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