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Dólar a R$ 5,40 é mais raro que IPCA + 6%; veja a evolução da cotação

Levantamento mostra que a moeda americana só esteve no atual patamar em 9% das sessões em 3 anos

Dólar a R$ 5,40 é mais raro que IPCA + 6%; veja a evolução da cotação
Dólar (Foto: Adobe Stock)
  • O mercado brasileiro está vivendo um momento atípico
  • Nas últimas semanas, a volta do "IPCA + 6%" nos títulos públicos chamou a atenção; mas essa não é a única alta atípica do momento
  • Levantamento mostra que o dólar só foi negociado acima dos R$ 5,40 em 9% das sessões nos últimos 3 anos; nos últimos 5, o câmbio só esteve tão elevado em 13% dos dias

O mercado brasileiro está vivendo um momento atípico. O movimento de abertura na curva de juros, que vem acontecendo desde meados de abril, trouxe de volta para a renda fixa um prêmio de crise, o famoso “IPCA + 6%”. O aumento das taxas dos títulos públicos foi muito comentado no mercado, como uma oportunidade rara de investimento – como mostramos aqui, em 10 anos, esse nível de juro real só foi oferecido em 14% das sessões.

Mas essa não é a única alta “rara” do mercado no momento. O atual cotação do dólar, acima dos R$ 5,40, aconteceu com ainda menos frequência do que o IPCA + 6%. Às 14h desta quinta-feira (20), a moeda americana valia R$ 5,46, o maior patamar em 18 meses.

Um levantamento feito pela Quantum Finance mapeou a evolução do dólar frente ao real nos últimos anos. A valorização da moeda americana já soma 11,46% em 2024, considerando o fechamento de R$ 5,408 do dia 12 de junho.

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Em um ano, a moeda americana só havia encerrado um pregão acima de tal patamar em uma única ocasião. Em 3 anos, em apenas 99 pregões; cerca de 9% do tempo total. Já em uma janela de 5 anos, o dólar superou os R$ 5,40 em 237 dias – cerca de 13% das sessões.

Os dados mostram ainda a evolução da moeda americana frente ao real ao longo da última década. O dólar encerrou o ano de 2014 valendo R$ 2,65. Apesar da disparada nas últimas semanas, a cotação mais alta do período ainda é de 2021. Naquele ano, a moeda americana chegou a valer R$ 5,86.

 

O dólar hoje

O dólar hoje iniciou o pregão com uma queda expressiva de 1%, cotado a R$ 5,38. O movimento refletia a reação positiva do mercado ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que na noite desta quarta-feira (19) optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano. Mais do que a decisão em si, a unanimidade na votação dos 9 membros do grupo monetário é que chama a atenção.

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No entanto, ao longo do dia, a divisa americana mudou o viés ao longo do dia diante de alta dos juros dos Treasuries (títulos da dívida pública dos Estados Unidos) e de novos ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o Banco Central, após a decisão da véspera. Por volta das 15 horas, a moeda norte americana atingiu os R$ 5,45, enquanto o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores, rondava próximo da estabilidade, com leve alta de 0,11%, aos 120.394 pontos.

Para onde vai o Ibovespa e o dólar pós Copom

A decisão desta quarta-feira do Copom já era esperada pelo mercado, tendo em vista a piora do risco fiscal nas últimas semanas. A indefinição sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ainda resistente para dar início ao ciclo de quedas, também minou o ambiente doméstico. Com esse novo cenário econômico, as corretoras e casas de investimentos se viram obrigadas a ajustarem as suas estimativas do Ibovespa e o dólar para o fim de 2024.

Agora, as chances de a moeda norte-americana encerrar o ano abaixo de R$ 5 ficaram ainda mais distantes. A maioria estima um câmbio entre R$ 5 e R$ 5,30, uma projeção em linha com a versão mais recente do boletim Focus. A estimativa atual é de R$ 5,13; no fim de abril, era de R$ 5 e de R$ 4,92 em janeiro.

Os agentes do mercado também minaram a confiança em relação ao Ibovespa. Na virada de 2023 para 2024, enquanto a Bolsa passava por um rali, havia quem projetasse que o índice brasileiro alcançaria os 170 mil pontos em dezembro – uma realidade que parece cada vez mais distante.

Como mostramos nesta reportagem, agora, as projeções variam entre 135 mil a 150 mil pontos.

O que esperar do câmbio no restante de 2024?

As projeções do mercado para o câmbio ao final de 2024 começaram a ser revisadas. Em janeiro, a expectativa era de que o dólar fechasse o ano na casa dos R$ 5, mas a tese tem cada vez menos respaldo no mercado. A última edição do Boletim Focus trouxe uma expectativa de R$ 5,13.

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O Itaú BBA, por exemplo, elevou nas últimas semanas a sua projeção para o dólar para R$ 5,15 em dezembro. “A nossa expectativa de um dólar forte para frente somada ao ambiente doméstico desafiador nos fez revisar recentemente [a previsão] para R$ 5,15 por dólar (antes R$ 5,00) em 2024 e R$ 5,25 por dólar (de R$ 5,20) em 2025 e a Selic terminal para 10,25 (de 9,75)”, menciona relatório.

E o banco não foi o único. A valorização obrigou alguns analistas a revisarem as suas projeções do câmbio para o fim de 2024. Nesta outra reportagem, mostramos o que as corretoras de investimento esperam do futuro do câmbio.

A Ativa Investimentos tinha até abril uma projeção de R$ 5,10 para o dólar em dezembro. Agora, a casa vê a moeda americana encerrar o ano a R$ 5,30. O C6 Bank fez o mesmo movimento. Alguns analistas ainda não reajustaram as projeções, mas pretendem fazê-lo. A Ágora Investimentos, que tinha como cenário-base um dólar a R$ 5,10 ao final de 2024, já sinalizou que vai revisar o valor.

Quer saber como a disparada do dólar afeta a sua vida? Contamos com detalhes aqui.

Para Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos, o patamar deve estar acima disso. “Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80, e a moeda deve chegar a esse patamar no curto prazo”, diz.

Como a disparada do dólar afeta sua vida

O dólar afeta diretamente o preço dos produtos importados que o brasileiro compra no varejo no Brasil. Mas, além deles, o câmbio pode estar embutido em itens fabricados aqui. Insumos importados são comumente utilizados na indústria nacional, a exemplo dos fertilizantes no setor agrícola e de peças para montadoras de veículos.

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“O dólar é a moeda mais forte do mundo e é por meio dela que são negociada as principais commodities e os principais produtos do nosso dia a dia. Ou seja, uma alta do dólar faz com que a gente tenha produtos mais caros, que haja inflação”, comentou Victor Furtado Pinheiro, head de Alocação da W1 Capital.

A alta do dólar também pode afeta a política monetária. Em um momento de alta da moeda americana, a economia brasileira perde apelo para os investidores internacionais, disparando, assim, pressão inflacionária. Uma medida do Banco Central para segurar a inflação e atrair investidores é manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamar alto. Tal movimento busca reduzir a escalada de preços ao frear o consumo e atrair investidores com a oferta de retornos mais atraentes nos títulos públicos brasileiros.

*Com informações do Broadcast

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