- Os números operacionais reportados pela companhia inferiores ao primeiro tri 2023 não intimidaram os analistas que mantêm recomendação para a ação
- Para eles, a companhia apresentou avanços significativos, como a redução de custos, que sinaliza ao mercado o compromisso da gestão em melhorar a sua operação
A Eletrobras (ELET3/ELET6) apresentou resultados menores no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano passado, mas os números não foram o suficiente para mudarem as perspectivas positivas do mercado para a companhia.
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De janeiro a março deste ano, a empresa reportou uma receita líquida de R$ 8,71 bilhões, volume 5% menor em comparação ao mesmo período do ano anterior. Já o lucro líquido reduziu 19% durante o mesmo período. Os resultados do balanço foram divulgados nesta quinta-feira (9). Veja os detalhes nesta reportagem.
Para EQI Research, mesmo com os números inferiores, a companhia mostrou avanços operacionais em áreas importantes, como os custos PMSO (pessoal, material, serviços e outros) que caíram 10% em 12 meses. “Os custos com pessoal também tiveram uma redução de 7% na comparação anual, indicando um esforço contínuo para reduzir os custos operacionais”, destaca a corretora em relatório divulgado nesta quinta-feira (9).
O crescimento em transmissão com a implementação de 240 projetos de grande porte também foi visto como bons olhos pelo mercado. Segundo a EQI Research, os projetos serão responsáveis por gerar uma Receita Anual Permitida (RAP) adicional de R$ 1,1 bilhão entre 2024 e 2028.
A Ativa Investimentos segue a mesma linha em relação aos números do 1T24 da Eleteobras. Além das reduções dos custos, a visão otimista para a Eletrobras se pauta na evolução do volume de energia vendida de 12,4% e de 3,5% nos segmentos de mercado cativo (definição para a oferta de energia destinada à residência, indústrias e comércios com baixa tensão) e mercado livre (quando as empresas têm o poder de escolha de definir o seu fornecedor de energia), respectivamente.
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“Com uma visibilidade ainda baixa dos preços (de energia) de longo prazo, a companhia executou com êxito sua estratégia de costurar acordos com uma duração mais curta”, escreveu Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, em relatório. A corretora destacou ainda que a Eletrobras encerrou o primeiro trimestre de 2024 com um caixa de R$ 17,3 bilhões e uma dívida R$ 43,0 bilhões. Na prática, esses números viabilizam uma alavancagem próxima a 2x, considerado um patamar saudável para a empresa.
Esse desempenho sustenta a recomendação de compra para as ações ordinárias da companhia com um preço-alvo de R$ 54, o que representa um potencial de valorização de 36,4% em comparação à cotação do papel no pregão de quarta-feira (8).
Ainda com preço de estatal
Os avanços operacionais da Eletrobras reforçaram também a recomendação de compra da Genial Investimentos para os papéis ordinários com um preço-alvo de R$ 52. No entanto, a orientação não se deve apenas aos ganhos operacionais vistos no último balanço.
Vitor Sousa, analista do setor elétrico e saneamento da corretora, explica que a companhia continua com múltiplos em patamares semelhantes ao de uma empresa estatal. Isso porque, na visão dele, a taxa interna implícita de retorno em termos reais permanece na faixa de 13,3% e a empresa ainda possui um preço sobre valor patrimonial (P/VP) de 0,7x – quando o resultado da relação P/VP for menor do que 1 significa que o papel é negociado na bolsa abaixo do valor considerado ideal pelo mercado.
A título de comparação, as outras empresas privadas de geração e transmissão de energia costumam ser negociadas a um P/VP em torno de 3x. “Esse desconto não acontece sem nenhum motivo tendo em vista todo o risco político ao redor do case da empresa e ausência de novidades claras quanto a evolução do aumento de eficiência da empresa (PDIs, venda de ativos, incorporação de subsidiárias, etc)”, escreveu Sousa em relatório.
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Apesar da avaliação positiva, as ações da Eletrobras operam no vermelho no pregão desta quinta-feira (9). Às 12h, os papéis ordinários caíram 5,41%, cotados a R$ 37,45. Já as ações preferenciais classe B operam uma desvalorização de 3,92%, negociadas a R$ 42,17. Já as 12h30, a desvalorização chegou a 4,19% e 3% para as ações ELET3 e ELET6, respectivamente.