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Empresa de energia pode deixar o País após 28 anos e dar lucro a acionistas

Analistas de mercado falam sobre o que fazer com as ações caso os rumores sejam confirmados nos próximos meses

Empresa de energia pode deixar o País após 28 anos e dar lucro a acionistas
(Imagem: only_kim em Adobe Stock)
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  • A americana AES Corporation, controladora da AES Brasil (AESB3), começou a investir no país ainda em meados de 1996, com a compra de uma participação na então recém privatizada Light (LGT3)
  • Quase 30 anos após a sua chegada, o Brasil foi perdendo importância no portfólio. E, nesta semana, surgiram informações de que o grupo se preparava para deixar os brasileiros de vez
  • Para os analistas, a notícia não surpreende, mas uma eventual venda do controle da AES Brasil é vista como positiva para os investidores 

A americana AES Corporation, controladora da AES Brasil (AESB3), começou a investir no País em meados de 1996, com a compra de uma participação na recém privatizada Light (LGT3). Ainda nos anos 90, adquiriu a Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê, formando a AES Tietê. Especializado em geração de energia renovável, o grupo também já teve uma fatia importante em outra empresa conhecida e presente no dia a dia dos paulistanos, a Eletropaulo.

Entretanto, conforme as décadas avançaram, o Brasil foi perdendo relevância no portfólio. Na última semana, porém, surgiram informações de que o grupo se prepara para deixar o País de vez. De acordo com informações de Lauro Jardim, colunista do O Globo, a AES Corporation contratou os bancos Itaú e Goldman Sachs para auxiliar na venda dos ativos no País.

Em comunicado ao mercado, publicado na última terça-feira (30), a AES Brasil confirma que a controladora AES Corporation “avalia alternativas para financiar o crescimento da companhia e reforçar sua estrutura de capital, não havendo qualquer conclusão a este respeito até este momento”. Veja nesta reportagem a história da AES no Brasil.

Para Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, caso a saída da AES do Brasil venha a se confirmar, a notícia não será necessariamente uma surpresa. Há anos, a AES vem se desfazendo dos ativos brasileiros, como ocorreu com a própria Eletropaulo. A participação da AES na concessionária, antes majoritária, foi sendo diminuída até que, em meados de 2018, a Enel assumiu 70% da empresa. “A AES é a antiga dona da Eletropaulo e também se desfez do ativo. Então, provavelmente o foco da AES não é o Brasil”, afirma Piovesan.

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Essa também é a visão da Genial Investimentos. “Não achamos a notícia surpreendente, pois o grupo AES já vem desinvestindo no País há algum tempo – citamos a venda da Eletropaulo e da Termoelétrica Uruguaiana”, afirma a corretora, em relatório.

Notícia positiva para o acionista da AES

Uma possível saída da AES do Brasil é interpretada como positiva pelos analistas consultados pelo E-Investidor. A eventual venda do controle da companhia via Oferta Pública de Aquisição (OPA), sem fechamento de capital, pode gerar um “prêmio de controle” aos investidores. Esse prêmio consiste em um valor adicional geralmente pago para a aquisição de uma empresa – que pode ser muito bem vindo, dada a performance morna da AESB3 na B3.

Há dois anos, as ações estão praticamente lateralizadas na Bolsa, com uma alta de 0,18%, aos R$ 11,39. Já em cinco anos, o prejuízo chega a 30%. “É uma empresa que tem uma alavancagem grande, que pegou muitos projetos para serem construídos, mas o grande ponto foi que ela não passou confiança de que esses projetos vão ter uma taxa de retorno boa. Ainda mais olhando os preços de energia na atualidade e os preços de longo prazo, que estão em níveis depreciados”, afirma Piovesan. “Não é uma tese que chama atenção.”

Segundo o especialista da Quantzed esse prêmio de controle costuma ficar em torno de 30% a 40% sobre o valor dos papéis. Contudo, sempre há a possibilidade de, em uma eventual venda de controle, o ágio a ser pago em uma OPA acabe ficando menor do que aquilo que os investidores gostariam.

“Se em última instância a AES aceitar um preço baixo para vender o controle, o acionista minoritário vai ter a opção de vender as ações dele junto com a AES, pelo direito de tag along”, afirma Piovesan. O tag along garante que, em caso de troca de controle de companhias, os minoritários com direito a voto vendam suas ações pelo mesmo valor ou, no mínimo, a 80% do preço pelo qual os controladores venderam a posição de controle. Há também a possibilidade de uma OPA de fechamento de capital, cuja aderência dos minoritários não é obrigatória.

Tuanny Blumer, sócia da Black Financial, também vê a possibilidade de uma venda da AES Brasil com entusiasmo. Entretanto, alerta para as dificuldades no caminho. “Estamos com uma visão mista em relação à decisão da AES de buscar um comprador para a AES Brasil”, diz Blumer. “Há preocupações com o cenário no Brasil de preços baixos no mercado de eletricidade, o que poderia dificultar operações de fusões e aquisições no setor de geração de energia. A conjuntura econômica e regulatória, particularmente em relação aos preços da eletricidade, pode impactar os planos da AES.”

Recomendações para quem tem a ação da AES

João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, vê as ações da AES caras do ponto de vista técnico, presas em um intervalo de preço entre R$ 9,60 e R$ 13,10 e sem tendência definida para os próximos meses. “Essa informação junto a dados mais fracos, do ponto de vista fundamentalista, mostra que não devemos ter posição comprada no ativo acreditando em fortes movimentações de alta”, afirma.

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Entretanto, caso a notícia de saída do Brasil se confirmar, os investidores com ativos na carteira devem aguardar a OPA. Desta forma, podem garantir algum prêmio em cima dos papéis.

A Quantzed e a Genial, também possuem recomendação para manter os papéis na carteira, para quem já está posicionado. “Não vejo a empresa tão atrativa assim, acredito que tenha opções melhores no mercado, mas uma possível troca de controle pode gerar algum prêmio em cima da cotação atual”, afirma Piovesan.

“Achamos que o evento pode ser positivo em relação aos últimos preços de fechamento tendo em vista o possível exercício de prêmios de controle a serem pagos caso os planos de venda do ativo venham a de fato avançar”, diz a Genial, em relatório.

No terceiro trimestre de 2023, a AES Brasil reportou números considerados pela Genial “ligeiramente acima” das expectativas. O lucro líquido foi de R$ 124,4 milhões, 21% a mais que o reportado no mesmo período do ano anterior, e a receita líquida avançou 15,5%, passando de R$ 786,6 milhões para R$ 908,6 milhões.

Procurada pelo E-Investidor, a AES preferiu não fazer nenhum comentário adicional sobre a possível saída do Brasil além do que já foi comunicado ao mercado no dia 30 de janeiro.

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