- O Ibovespa encerrou a quinta-feira (30), penúltimo dia de março e do primeiro trimestre de 2023, aos 103.713,45 pontos.
- O mercado brasileiro foi impactado principalmente por 3 eventos: a reabertura mais fraca da economia da China, consequências do aumento dos juros nos EUA e ruídos políticos
- Agora, para o próximo trimestre, analistas destacam que a melhora do desempenho da Bolsa vai depender especialmente do novo arcabouço fiscal
O Ibovespa encerrou a quinta-feira (30), penúltimo dia de março e do primeiro trimestre de 2023, aos 103.713,45 pontos. Apesar do rally da última semana, quando o índice de referência da Bolsa brasileira conseguiu uma recuperação de recuperação de 4,94% impulsionado pela divulgação do novo arcabouço fiscal, a queda acumulada nos primeiros trimestres do ano ainda foi de 5,49%.
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Este é o 4º pior resultado para o primeiro trimestre de um ano na Bolsa desde o início do Plano Real, em 1995.
O mercado brasileiro foi impactado principalmente por três eventos neste começo do ano. A reabertura da economia da China, que está acontecendo, mas não da forma como era esperado pelos analistas. As consequências do aumento dos juros nos EUA e Europa, que já começou a deixar algumas vítimas como o Silicon Valley Bank e o Credit Suisse. E, por aqui, os ruídos políticos causados pelo novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falas contra a autonomia da instituição, questionamentos contra o atual patamar da taxa de juros, além de declarações a favor da reestatização da Eletrobras (ELET6). Um pacote de atitudes que, somado ao cenário externo mais adverso, fez com que os investidores brasileiros botassem um pé no freio nas alocações em renda variável.
Por causa disso, o Ibovespa chegou a perder os 100 mil pontos na segunda quinzena de março pela primeira vez desde julho de 2022.
Ironicamente, é desse cenário político que pode sair o gatilho positivo para que a bolsa brasileira se recupere no segundo trimestre do ano. Com o exterior ainda incerto, qualquer redução dos ruídos domésticos já seria uma oportunidade de melhora para o Ibovespa recuperar as perdas vistas neste primeiro trimestre, explicam os especialistas ouvidos pelo E-Investidor.
“O processo de reabertura da economia chinesa também pode contribuir, mas é uma questão de tempo até refletir na precificação das commodities. Nos EUA, a inflação ainda pode ser bastante persistente, não vai ser um trabalho tão simples nos próximos trimestres”, destaca Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial. “Uma surpresa positiva no governo poderia se sobressair a isso”, diz.
O tema principal será o novo arcabouço fiscal. O conjunto de regras que substituirá o teto de gastos no novo governo Lula foi divulgado na quinta-feira (30) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, limitando o crescimento da despesa a 70% do aumento das receitas no ano. O texto também estabelece metas de zerar o déficit primário em 2024 e alcançar um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) já em 2025; veja os detalhes da proposta de política fiscal.
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A priori, o mercado financeiro gostou do arcabouço. A apresentação de uma regra que fosse considerada crível e garantisse responsabilidade fiscal às contas públicas era uma das grandes preocupações de economistas e analistas, que temiam que um novo mandato político mais à esquerda aumentasse os gastos sem uma contrapartida sustentável para garantir a estabilidade econômica do País.
Tirando esse “bode da sala”, a incerteza que pairava sobre a Bolsa diminui, abrindo espaço para o início de uma recuperação no segundo trimestre do ano.
“O arcabouço fiscal, sem dúvidas, é a pedra angular desse cenário. Tem bastante peso porque é a grande preocupação em relação ao novo governo”, afirma Damont Carvalho, gestor de fundos macro da Principal Claritas.
Agora, o texto ainda precisa ser apresentado e votado no Congresso e Senado. Se a versão final aprovada nas casas for considerada positiva e suficiente para estabilizar as contas públicas, abre espaço para que o Banco Central comece a pensar em um corte na taxa Selic para o segundo semestre do ano – conforme a expectativa de algumas casas de investimento do mercado.
Do contrário, se agentes do mercado entenderem que a nova regra fiscal não será suficiente para levar a uma queda nos juros, investidores podem se preparar para mais um trimestre volátil.
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“A execução disso ao longo do segundo trimestre será muito importante”, destaca Carvalho, da Principal Claritas. “Se virar para o negativo, pode atrapalhar a Bolsa, que vai depender muito mais do ambiente externo do que nosso doméstico. Mas, se tivermos um fiscal bom, estamos muito mais baratos do que outros pares, então podemos ter um impulso.”