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Gol (GOLL4) em recuperação judicial prejudica ou beneficia a Azul (AZUL4)?

Analistas avaliam se a possibilidade de a Gol entrar em RJ pode mexer com os papéis da concorrente na B3

Gol (GOLL4) em recuperação judicial prejudica ou beneficia a Azul (AZUL4)?
(Foto: Fabio Motta/Estadão)
  • As ações da Gol (GOLL4) despencaram no pregão desta segunda-feira (15), fechando em queda de 6,05%, a R$ 7,14%, a maior do Ibovespa na sessão
  • Analistas não seguem uma direção única quanto aos possíveis impactos para a Azul. Wellington Antonio Lourenço, analista CNPI da Ágora Investimentos, por exemplo, afirma que não haverá impactos porque as empresas possuem teses diferentes

As ações da Gol (GOLL4) despencaram no primeiro pregão da semana, fechando a segunda-feira (15) em queda de 6,05%, a R$ 7,14%, a maior do Ibovespa na sessão. A performance refletiu a reação do mercado acerca da notícia de que a empresa avalia entrar em recuperação judicial em até um mês nos Estados Unidos. Diante das incertezas sobre os rumos da companhia, como ficam as perspectivas para as ações da Azul (AZUL4), única concorrente do setor aéreo listada na B3?

Analistas não seguem uma direção única quanto aos possíveis impactos para a Azul. João Daronco, analista CNPI da Suno Research, entende um possível grande impacto seria a desconfiança de investidores de que o setor passa um momento delicado. Em um segundo momento pode ser até uma oportunidade para a Azul. Um efeito positivo, na leitura de Daronco, seria um ganho de marketshare.

Wellington Antonio Lourenço, analista CNPI da Ágora Investimentos, discordo e afirma que não haverá impacto para Azul, porque as empresas possuem teses diferentes. Para ele, a questão de desconfiança com o setor não é um capítulo novo, uma vez que fragilidade desse segmento no Brasil já é reconhecida.

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“A Azul já conseguiu reestruturar sua dívida e alongar os prazos de vencimento. E um investidor deixar de investir na Gol não implica dizer que ele comprará Azul”, avalia Lourenço.

Quanto a ganho de mercado, ele aponta que as empresas têm operações distintas e não competem diretamente as mesmas rotas de voos. “A Gol está estudando a recuperação nos EUA exatamente para não ter efeitos sobre sua frota, logo continuaria operando normalmente. E numa eventual redução de slots, a Azul tem como estratégia voar para rotas em que não há sobreposição com as concorrentes Gol e Latam. Tanto é que não houve efeito nas ações da Azul nesta segunda”, diz o analista da Ágora.

Ainda que não veja impacto direto, a AZUL4 caiu 2,36% ontem, negociada a R$ 13,64. Para o analista da Ágora, contudo, a queda não se relaciona à notícia da Gol, mas sim ao fato de que a sessão de ontem não teve o principal referencial global já que as bolsas em Nova York não negociaram por conta do feriado de Martin Luther King.

“Isso por si só já é uma boa justificativa para que o investidor, em geral, tenha menor apetite ao risco, tanto é que o volume de negócios foi bem menor do que a média diária. O setor aéreo é um setor volátil, então é natural que sofra com o menor volume de negócios”, afirma Lourenço.

O que poderia impactar a Azul?

Fatores ligados à economia e à geopolítica podem ter mais peso sobre as ações AZUL4 na visão dos analistas. Lourenço valia que a companhia não tem grandes gatilhos de curto prazo e o que pode beneficiar os papéis é a recuperação de rentabilidade ao longo do tempo, uma vez que a companhia já reestruturou sua dívida. De modo contrário, as tensões geopolíticas no Oriente Médio, e eventuais efeitos de alta nos preços dos combustíveis poderiam trazer algum prejuízo. “O querosene de aviação é um dos principais custos para as aéreas”, explica Lourenço.

Daronco aposta que, se o mercado doméstico caminhar bem, a empresa terá impulso nas vendas e nas receitas. E se houver um maior controle dos custos de combustíveis, a Azul conseguiria recuperar margens.

Ganhos com infraestrutura nacional

Também ontem, o BTG Pactual divulgou relatório com perspectivas positivas para a Azul. O banco avalia que as notícias sobre os planos do governo federal para a indústria aeroportuária no Brasil em 2024, incluindo a construção de até 120 aeroportos regionais pela (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e por empresas privadas, é um fator positivo para a companhia.

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“A Corporação América poderá demonstrar mais interesse em desenvolver aeroportos menores, especialmente depois de receber reembolso para o aeroporto São Gonçalo do Amarante (ASGA), em Natal (RN)”, aponta o relatório. “Entre as companhias aéreas, acreditamos que o crescimento da infraestrutura aeroportuária regional é um impulsionador de volume positivo para a Azul”, escrevem Lucas Marquiori e Fernanda Recchia.

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