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- As ações do grupo Pão de Açúcar, o GPA (PCAR3), vão terminar o terceiro trimestre de 2023 valendo praticamente a metade do que valiam no primeiro semestre do ano
- Boa parte das quedas tem a ver com o spin off realizado no final de agosto, em que a companhia reduziu sua participação na rede colombiana Éxito
- Para frente, analistas mantêm cautela com a lucratividade da companhia, que tem despesas financeiras altas
As ações do grupo Pão de Açúcar, o GPA (PCAR3), vão terminar o terceiro trimestre de 2023 valendo praticamente a metade do que valiam no primeiro semestre do ano. Do início de julho até esta quarta-feira (27), os papéis saíram de R$ 7,75 para R$ 3,25 – uma expressiva queda de 50,83%. O desempenho só não foi o pior entre as ações do Ibovespa no período porque a Casas Bahia (BHIA3), antiga Via (VIIA3), teve problemas maiores, como contamos aqui.
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Foi uma jornada e tanto para o GPA, com o fim da novela envolvendo o Grupo Éxito, rede colombiana de varejo alimentar que antes era controlada pela varejista brasileira. No final de agosto, a companhia realizou uma operação de spin off de sua participação no Éxito, reduzida a 13%, distribuindo a seus acionistas a maior parte das ações que detinha do grupo colombiano.
Somente naquele dia 23, a PCAR3 cedeu 19,41% na B3. O valor de mercado do GPA, sem o Éxito, também caiu de R$ 5,3 bilhões para R$ 1,85 bilhão ao final do pregão.
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Apesar da queda, a Genial Investimentos não vê motivos para pânico. Na visão dos analistas da corretora, a correção, embora expressiva, é uma questão de reequilíbrio de preços. “Frente a um reajuste patrimonial, o mercado começa precificar os valores dos ativos segregados”, explicam Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon.
É inegável que a operação de spin off do Éxito contribuiu para a desvalorização das ações do Pão de Açúcar no trimestre. Mas não é só isso: olhando para frente, analistas também têm mostrado cautela com a queda nas receitas da companhia, em um momento desafiador para os lucros.
Um relatório recente do Santander destacou que as altas despesas financeiras e a elevada alavancagem do GPA estão se sobrepondo ao potencial de aumento da lucratividade da empresa. Por causa disso, o banco passou a esperar que o lucro líquido da companhia permaneça no negativo nos próximos anos.
“As receitas caíram 16%, em média, em 2023-25E, principalmente devido à recuperação das vendas mais lenta do que o esperado durante 2022. Também reduzimos significativamente a nossa previsão de margem bruta, pois vimos uma pressão maior que o esperado no 1º semestre do ano”, dizem os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Victor Fuziharo.
O que esperar das ações?
A perspectiva mais turbulenta na companhia não está refletida apenas no desempenho negativo das ações, mas também nas projeções dos analistas de mercado. No final de agosto, o BTG Pactual rebaixou a recomendação para PCAR3 de compra para neutra para incluir um ambiente mais desafiador para a empresa em termos de expansão de receitas e margens.
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“Reduzimos nossas estimativas de faturamento e EBITDA dos próximos quatro anos em média de 2% e 7%, respectivamente, enquanto a alavancagem financeira continua fundamental nos próximos trimestres”, destacaram os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima. O preço-alvo dos papéis ficou em R$ 7.
Na última semana, foi a vez do Santander rebaixar as ações do GPA, também para manutenção. A avaliação do time de research do banco é que o momento é desafiador para lucros na companhia, frente a um cenário de rentabilidade abaixo do ideal e resultados financeiros pressionados pela alavancagem elevada – dois fatores que, na visão do Santander, devem continuar a pressionar os ativos no curto prazo.
Para além do rebaixamento na recomendação, foi a atualização do preço-alvo que chamou a atenção no relatório escrito pelos analistas Ruben Couto, Eric Huang e Victor Fuziharo. O valuation justo para PCAR3 foi atualizado de R$ 35 para R$ 5,70, uma redução de 83,7% na projeção.
“A redução substancial do preço-alvo decorre principalmente do spin-off do Éxito, bem como das significativas revisões baixistas dos lucros nas operações brasileiras do GPA. Com as altas despesas financeiras sobrepondo o potencial aumento da lucratividade da empresa, esperamos que o lucro líquido do GPA permaneça negativo nos próximos anos”, destacou o Santander.
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Mas isso não significa que o mercado esteja unânime nessa posição mais cautelosa para com o GPA. Entre as 9 recomendações presentes no consenso de mercado do Broadcast, 7 são de manutenção, mas há 2 opiniões favoráveis à compra dos papéis.
Uma delas é da Genial Investimentos que, embora esteja revisando o preço-alvo das ações, mantém a recomendação de compra para PCAR3 desde o final de julho, após a divulgação do balanço referente ao segundo trimestre do ano.
Na visão dos analistas Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon, há pelo menos 5 drivers positivos que jogam a favor do GPA. Uma mudança de comportamento do consumidor, os efeitos positivos da nova estratégia da companhia que começam a aparecer, a expansão do parque de lojas do Minuto Pão de Açúcar e Mini Extra, um processo de recomposição da margem bruta, e uma base comparativa forte que compensou a diluição dos hipermercados ao Assaí.
“Chegou a hora do mercado corrigir distorções”, dizem os analistas em relatório. “Não acreditamos que essa volatilidade deva se repetir com tamanha magnitude, então a oportunidade de risco-retorno está servida. Em nossa visão, a companhia está em um momento crucial de alavancagem operacional e recomposição de margens.”
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