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Ibovespa abaixo de 100 mil pontos: bolsa ‘barata’ é oportunidade?

Analistas defendem cautela até que haja um alívio no cenário político e macroeconômico que penaliza a renda variável

Ibovespa abaixo de 100 mil pontos: bolsa ‘barata’ é oportunidade?
Analistas reforçam cautela para quem quer investir na Bolsa. Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
  • Com quedas em fevereiro e março, o Ibovespa voltou a perder o patamar dos 100 mil pontos pela primeira vez desde julho de 2022
  • Agora, a Bolsa está com o 'valuation' considerado barato por analistas
  • Ainda assim, o patamar mais baixo exige cautela até que haja uma melhora no cenário

O Ibovespa encerrou esta segunda-feira (27) com alta de 0,85% aos 99.670,47 pontos. O desempenho oferece à Bolsa brasileira um pequeno respiro, reaproximando o índice do patamar de referência dos 100 mil pontos perdido na última semana pela primeira vez desde junho de 2022.

Os motivos para a queda vista nos últimos dois meses são muitos, como pontuamos nesta reportagem. Um pacote que inclui a espera da apresentação do novo arcabouço fiscal, sinalizações mais duras do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação ao futuro da Selic, continuidade da alta de juros no exterior e a possibilidade de crise bancária nos Estados Unidos e Europa.

Todos esses fatores fizeram o Ibovespa encerrar fevereiro com um dos piores desempenhos para o mês em 22 anos e dar sequência às perdas em março. Até a segunda-feira (27), o índice acumulava 5,01% de desvalorização no terceiro mês de 2023.

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Abaixo dos 100 mil pontos, a bolsa brasileira voltou a ficar “barata”. Um dos indicadores mais vistos pelos analistas para fazer essa avaliação é a relação de preço sobre lucro, o P/L, um indicador que mostra quantos anos levariam para se ter de volta o investimento feito. No atual patamar do Ibovespa, o P/L da bolsa brasileira está perto de 7 vezes.

“Antes da pandemia, esse indicador negociava na faixa de 17 vezes e a média histórica gira em torno de 12,5 vezes. Ou seja, olhando puramente P/L, a bolsa sim está barata”, explica Renato Sabino, head de renda variável da FMB Investimentos.

Mas o especialista tem cautela antes de classificar se o momento é de oportunidade ou uma “furada”. “É importante ter em mente que há dezenas de razões para a bolsa estar barata”, diz.

Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos, concorda. “A bolsa continua descontada e historicamente barata, podemos estar diante de uma oportunidade única. Porém, cautela sempre é bom.”

Como encontrar as oportunidades

Contamos nesta reportagem que analistas ainda estão em dúvida em relação ao tempo necessário para o Ibovespa se recuperar. Enquanto isso, por mais que as ações pareçam baratas, as opções de investimento precisam ser analisadas com critério.

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Afinal, com a taxa de juros em 13,75% e a renda fixa oferecendo mais de 1% ao mês, o custo de oportunidade para operar na bolsa aumentou.

É por isso que, mesmo com o valuation descontado, os analistas recomendam que o investimento em Bolsa no momento seja feito por quem tem maior apetite a risco e horizonte de investimento mais longo.

Para aqueles que estão dispostos a ver o patrimônio variar no curto prazo,  a recomendação é procurar por empresas mais resilientes. “As boas oportunidades são aquelas empresas muito bem consolidadas e líderes em seus respectivos setores, que estão negociando a múltiplos muito baixos, mas possuem uma resiliência maior e uma recuperação mais rápida quando o fluxo comprador voltar com mais força para nossa Bolsa”, explica André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Priorizar ações de empresas pagadoras de dividendos também pode ser uma alternativa, já que, de maneira geral, costumam ser modelos de negócios mais sólidos, pouco alavancados e com geração de caixa constante.

“Há oportunidades muito boas, desde setor de energia ao próprio setor financeiro, que tem alguns papéis que caíram bastante”, destaca Luccas Fiorelli, sócio da HCI Invest e planejador financeiro pela Planejar. “Mas temos conversado com os nossos clientes investidores para não fazer nenhum tipo de alavancagem, só comprar nomes que consigam segurar por um horizonte de longo prazo.”

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