Apesar do rebalanceamento, as cinco ações mais importantes do setor financeiro e de commodities continuam sendo as mesmas. Somando quase ⅓ do índice (31,520%), Vale (VALE3) (10,154%), Itaú (ITUB4) (6,170%), Petrobras (PETR4) (5,559%), B3 (B3SA3) (5,446%) e Bradesco (BBDC4) (4,806%) ditam a performance do Ibovespa.
Na carteira passada, as ações eram ainda mais fortes no Ibovespa, representando 34,196% do total. Até então, a composição era a seguinte: Vale (VALE3) (10,538%), Itaú (ITUB4) (7,414%), Petrobras (PETR4) (5,610%), B3 (B3SA3) (5,405%) e Bradesco (BBDC4) (5,611%).
Entre todos os 77 papéis, Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) foram os dois que mais perderam participação, com -1,244% e -0,806%, respectivamente. Na outra ponta, Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3) foram as que mais ganharam, com incremento de 1,077% e 1,031%. (Confira a nova carteira no final da reportagem)
Índice foi diluído e isso é uma boa notícia
Apesar de o Top 5 das ações com mais participação ainda ter grande representatividade, a concentração do Ibovespa está diminuindo. Prova disso é que a soma das cinco passou de 34,196% para 31,520%.
“É uma boa notícia ter mais ações e os pesos mais descentralizados, pois mostra que os papéis estão mais líquidos e isso é bom para o mercado como um todo”, diz Mauro Morelli, estrategista chefe da Davos Financial Partnership.
“A nova distribuição é saudável e vamos ter uma carteira mais diversificada”, concorda Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, salientando que as mudanças são positivas para todos.
A movimentação deixa o índice diversificado, com mais empresas ganhando força. “O Ibovespa tenta replicar o mercado. Então, quando uma ação começa a ganhar importância, seu peso dentro índice aumenta”, afirma Morelli.
Além disso, a reorganização exibe ao investidor de maneira mais clara que há uma maior quantidade de boas empresas e, consequentemente, oportunidades. “Uma carteira menos concentrada e mais diversificada é sempre mais saudável”, comenta Bertotti.
Qual é o impacto nos papéis?
O peso de um papel é definido pelo seu free float, que é o volume de ações que está em livre circulação – ou seja, excluindo-se aquelas pertencentes aos controladores. “É uma regra matemática da B3 que determina essa ponderação e não o desempenho das ações”, afirma Morelli, da Davos.
Um incremento de peso no Ibovespa, portanto, não significa que o papel passou a ser mais promissor, mas apenas que está sendo mais negociado. “A nova composição deixa o Ibovespa “correto”, pois dá mais espaço para as ações que aumentaram seu volume de negociação para representar melhor o mercado”, diz Bertotti, da Messem.
O que muda na variação do IBOV?
Mesmo com o reorganização dos pesos, o desempenho do índice não deve ser alterado drasticamente e a perspectiva do Ibovespa continua a mesma. Isso ocorre, porque por mais que o IBOV tenha sido diluído, o índice ainda é concentrado no setor financeiro e de commodities.
Dessa forma, o desempenho ainda é muito atrelado a performance dessas empresas e o Ibovespa deve continuar sendo guiado por essas companhias. Basta analisar o desempenho das cinco ações que representam quase ⅓ do Ibovespa.
Até o fechamento do mercado desta sexta-feira (4), Vale (VALE3) e B3 (B3SA3) tinham valorização agregada de 13,49% e 39,28%, respectivamente em 2020. Já Petrobras (PETR4), Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), desvalorização de 24,06%, 30,36% e 32,63%.
A performance média dessas ações é de queda de 6,86% em 2020. No mesmo período, o desempenho do Ibovespa é negativo em 12,45%, apesar de já ter 24 ações com variação positiva no ano, sendo que os cinco papéis mais valorizados tem alta superior a 60% no período. “Os dois segmentos ainda ditam o ritmo”, afirma Bertotti.
A tendência, no entanto, é que o índice continue se diluindo dos setores conforme mais companhias se desenvolverem e forem mais negociadas e seu comportamento fique menos dependente dessas companhias. “Se pegar a foto, ele ainda é concentrado. Porém, pegando o filme, ele já está bem mais diluído e deve continuar esse processo”, diz Morelli.
Para os especialistas, ainda é difícil cravar quais serão os setores que devem conquistar mais espaço no índice, pois tudo depende como a economia irá se desenvolver e se as empresas que se destacam neste cenário são listadas na B3.
“Temos forte candidatos, como os segmentos de e-commerce e infraestrutura, mas ainda é cedo para ter certeza”, afirma o estrategista chefe da Davos.
Confira a nova carteira do Ibovespa
Ação |
Participação % |
Variação do peso % |
Vale (VALE3) |
10,539 |
0,384 |
Itaú (ITUB4) |
6,17 |
-1,244 |
Petrobras (PETR4) |
5,559 |
-0,051 |
B3 (B3SA3) |
5,446 |
0,041 |
Bradesco (BBDC4) |
4,806 |
-0,806 |
Petrobras (PETR3) |
4,366 |
0,583 |
Magazine Luiza (MGLU3) |
3,339 |
1,077 |
Ambev (ABEV3) |
2,967 |
-0,428 |
WEG (WEGE3) |
2,407 |
0,514 |
Itusa (ITSA4) |
2,312 |
-0,469 |
NotreDame Intermédica (GNDI3) |
2,287 |
0,559 |
Banco do Brasil (BBAS3) |
2,278 |
-0,502 |
Natura (NTCO3) |
1,957 |
0,318 |
Lojas Renner (LREN3) |
1,912 |
-0,162 |
Suzano (SUZB3) |
1,897 |
-0,070 |
JBS (JBSS3) |
1,890 |
-0,767 |
Via Varejo (VVAR3) |
1,755 |
1,031 |
Localiza (RENT3) |
1,621 |
0,226 |
Rumo (RAIL3) |
1,595 |
0,161 |
Lojas Americanas (LAME4) |
1,452 |
0,261 |
BR DIstribuidora (BRDT3) |
1,368 |
0,39 |
Bradesco (BBDC3) |
1,311 |
-0,202 |
Equatorial (EQTL3) |
1,289 |
0,016 |
Raia Drogasil (RADL3) |
1,289 |
-0,205 |
B2W (BTOW3) |
1,233 |
0,252 |
Ultrapar (UGPA3) |
1,206 |
0,123 |
Vivo (VIVT4) |
1,074 |
-0,229 |
Gerdau (GGBR4) |
1,052 |
0,219 |
BTG Pactual (BPAC11) |
1,048 |
0,463 |
BB Seguiridade (BBSE3) |
0,976 |
-0,250 |
Sabesp (SBSP3) |
0,913 |
-0,024 |
BRF (BRFS3) |
0,886 |
-0,196 |
Klabin (KLBN11) |
0,865 |
0,084 |
CCR (CCRO3) |
0,841 |
-0,107 |
Hapvida (HAPV3) |
0,786 |
0,003 |
Totvs (TOTS3) |
0,765 |
0,218 |
Hypera (HYPE3) |
0,728 |
-0,087 |
Eletrobras (ELET3) |
0,721 |
0,124 |
Sul América (SULA11) |
0,659 |
-0,199 |
TIM (TIMP3) |
0,648 |
-0,061 |
Engie Brasil (EGIE3) |
0,596 |
-0,089 |
Energisa (ENGI11) |
0,595 |
-0,158 |
Cogna (COGN3) |
0,585 |
-0,112 |
Cemig (CMIG4) |
0,563 |
-0,069 |
Cosan (CSAN3) |
0,546 |
-0,091 |
Santander (SANB11) |
0,545 |
-0,128 |
Pão de Açúcar (PCAR3) |
0,540 |
-0,167 |
Bradespar (BRAP4) |
0,531 |
0,075 |
CSN (CSNA3) |
0,523 |
0,127 |
Qualicorp (QUAL3) |
0,4870 |
-0,015 |
Eletrobras (ELET6) |
0,485 |
0,026 |
IRB Brasil (IRBR3) |
0,470 |
-0,179 |
Fleury (FLRY3) |
0,458 |
-0,020 |
YDUQS (YDUQ3) |
0,445 |
-0,180 |
BR Malls (BRML3) |
0,431 |
-0,151 |
Carrefour (CRFB3) |
0,429 |
-0,100 |
Azul (AZUL4) |
0,404 |
0,024 |
Cyrela (CYRE3) |
0,365 |
0,057 |
Marfrig (MRFG3) |
0,345 |
-0,029 |
Taesa (TAEE11) |
0,334 |
-0,08 |
Gerdau (GOAU4) |
0,333 |
0,098 |
Multiplan (MULT3) |
0,324 |
-0,064 |
PetroRio (PRIO3) |
0,313 |
0,313 |
Braskem (BRKM5) |
0,301 |
-0,084 |
Embraer (EMBR3) |
0,298 |
-0,141 |
Energias (ENBR3) |
0,295 |
-0,050 |
Usiminas (USIM5) |
0,294 |
0,124 |
MRV (MRVE3) |
0,291 |
-0,016 |
CPFL (CPFE3) |
0,291 |
-0,049 |
Cielo (CIEL3) |
0,278 |
-0,034 |
EZTECH (EZTC3) |
0,209 |
0,209 |
Minerva (BEEF3) |
0,179 |
-0,040 |
Iguatemi (IGTA3) |
0,160 |
-0,038 |
CVC (CVCB3) |
0,147 |
0,009 |
GOL (GOLL4) |
0,139 |
0,024 |
Hering (HGTX3) |
0,135 |
0,005 |
Ecorrodovias (ECOR3) |
0,122 |
-0,001 |
Fonte: B3