

O Ibovespa terminou outubro em alta de 5,45%, aos 116.037,08 pontos. Durante o mês, o índice foi substancialmente afetado por questões políticas – tanto no Brasil, quanto no exterior.
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O Ibovespa terminou outubro em alta de 5,45%, aos 116.037,08 pontos. Durante o mês, o índice foi substancialmente afetado por questões políticas – tanto no Brasil, quanto no exterior.
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Logo no primeiro pregão (3 de outubro), os reflexos da disputa eleitoral entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) encontraram eco na bolsa. Na data, o IBOV subiu 5,54%, com os investidores repercutindo o primeiro turno da votação realizada um dia antes, no domingo (2).
Diferente do que as pesquisas eleitorais apontavam até então, a diferença entre Lula e Bolsonaro ficou apertada. O petista recebeu 48,43% dos votos, enquanto o militar da reserva levou 43,2% do eleitorado.
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A expectativa de que o atual chefe do Executivo, considerado de viés mais liberal e pró-mercado, conseguisse reverter a conjuntura e ganhar a corrida presidencial foi o principal motivo para a alta na sessão e para as valorizações subsequentes. Na primeira semana após o primeiro turno, o Ibovespa teve quatro pregões positivos em sequência.
“O resultado das eleições no primeiro turno veio bem diferente do esperado e isso fez com que a Bolsa subisse. Tivemos também alianças inesperadas, como os candidatos Simone Tebet e Ciro Gomes apoiando o ex-presidente Lula. Foram acontecimentos importantes”, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
Veja como foi o Ibovespa em outubro, segundo dados levantados por Einar Rivero, head comercial do TradeMap.
O cenário externo de juros e inflação voltou a pesar sobre o índice, com os investidores acompanhando de perto as sinalizações econômicas dos EUA e Europa. As principais economias do mundo estão elevando suas taxas de juros para conter o aumento acelerado dos preços, o que potencializa o risco de recessão global.
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Além disso, a escalada dos juros aumenta o rendimento das treasuries (títulos do tesouro dos EUA), os mais seguros do mundo, o que provoca uma saída de capital das bolsas de nações emergentes para a renda fixa norte-americana.
“Tivemos em outubro a inflação divulgada no mundo, com as maiores taxas dos últimos anos. Algumas históricas”, afirma Cohen. “Os bancos centrais mundiais também estão subindo juros, também em patamares históricos.”
A renúncia da primeira-ministra do Reino Unido Liz Truss após apenas 44 dias no cargo e a reeleição de Xi Jinping para mais cinco anos na China também marcaram o mês. A leitura do mercado sobre a saída da premiê no dia 20 de outubro foi positiva e a bolsa de Londres terminou o dia em alta de 0,27%, enquanto o IBOV subiu 0,77%.
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A agenda econômica de Truss de redução de impostos e aumento de gastos públicos era considerada controversa, em um momento de inflação alta na região. “A saída foi muito bem recebida não somente no Reino Unido, mas na comunidade europeia, e isso reverberou para o mundo todo. Assim que ela assumiu, apresentou um programa de redução de impostos muito agressivo, encarado com muito desconforto e desconfiança”, afirma Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios
Já a consolidação do líder chinês, a favor da forte intervenção do estado na economia e de lockdowns rigorosos dentro da política de “covid zero”, derrubou a bolsa de Hong Kong. O índice Hang Seng cedeu 6,36% em 24 de outubro refletindo a conjuntura política do país asiático, maior queda intraday desde 2008.
Na data, o IBOV caiu 3,27%, refletindo não só os temores relacionados à China, mas os movimentos políticos internos. No dia 23 de outubro, o ex-deputado federal e aliado do presidente Jair Bolsonaro, Roberto Jefferson, atacou com fuzil e granadas policiais federais que estavam cumprindo um mandado de prisão contra ele. O episódio repercutiu mal e o entendimento era de que poderia enfraquecer Bolsonaro frente aos eleitores indecisos.
A última semana antes do 2° turno das eleições presidenciais, foi de cautela na bolsa brasileira. Somente nesta reta final, entre 24 e 28 de outubro, o Ibovespa cedeu 4,4%.
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“A aproximação de Bolsonaro com o Lula nas pesquisas trouxe uma incerteza e imprevisibilidade para o mercado, o que gerou uma ansiedade em relação ao resultado das eleições no domingo”, diz Marinello.
Lula (PT) foi eleito presidente da república no último domingo (30). Ele teve 50,9% dos votos, contra 49,1% dos votos do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Com isso, os investidores esperam ter muita volatilidade na bolsa em novembro, já que o ex metalúrgico não antecipou os integrantes de sua equipe – nem mesmo quem será o próximo ministro da economia.
“Uma das principais dúvidas agora é qual será o discurso adotado por Lula e quem serão os integrantes da equipe dele. Será um discurso voltado para o centro, de conciliação e reformas? Ou será um discurso de gastos exagerados e falta de cuidado em relação ao fiscal?”, diz Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores.
A expectativa é de que o novo governo facilite o acesso ao crédito e turbine programas educacionais, o que deve favorecer as companhias de educação e construtoras ligadas à população de baixa renda. Por outro lado, as estatais devem sofrer mais, com o risco de ingerência política.
(Veja aqui as ações recomendadas para investir com a vitória de Lula)
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Contudo, diferentemente do que era esperado, o primeiro pregão pós-segundo turno foi de alta de 1,31%, com os investidores digerindo a escolha do novo presidente. Enquanto setores como varejo e turismo se destacaram positivamente, as estatais sofreram. Somente os papéis da Petrobras (PETR4) cederam 8,47%.
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