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Primeiro índice da B3 a ficar positivo no ano deve continuar em alta

Confira quais são as ações que compõem o IMAT e os motivos para a valorização

Primeiro índice da B3 a ficar positivo no ano deve continuar em alta
(Foto: Amanda Perobelli/Reuters)
  • Entre os 22 índices de empresa brasileiras da B3, o IMAT é o primeiro a ter variação positiva no ano
  • Segundo especialistas, a alta do índice foi alavancada pela reabertura das economias globais antes do esperado, o que fez aumentar a demanda pelos produtos das empresas que o compõem
  • Perspectivas para o IMAT ainda são boas. O investidor pode comprar as ações que compõem a carteira teórica do índice e obter um desempenho próximo

Com mais de 300 ações listadas, a B3 não se limita a apenas ao Ibovespa. Ao total, entre os setoriais, de governança, de sustentabilidade e mais amplos, são 23 índices que compõem o mercado de capitais nacional.

Destes, 22 são compostos por papéis de empresas brasileiras* e apenas um destes tem variação positiva no ano até o fechamento desta segunda-feira (3), o Índice de Materiais Básicos (IMAT), com valorização de 2,42%.

Composto por 11 ações de diferentes empresas, ele tem o objetivo de medir o comportamento dos papéis das companhias que compõem a indústria nacional de materiais básicos. Fazem parte do setor de materiais básicos empresas das áreas de fabricação de papel e celulose, mineração, siderurgia e petroquímica.

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Para efeito de comparação, até o seu pior momento na crise, o IMAT caiu 43,21% (20 de março) e o IBOV 45,03% (23 de março). Desde então, o Índice de Matérias Básicos já se valorizou 80,35%, chegando aos 3.696,71 mil pontos, e o Ibovespa 61,76%, aos 102.829,96 mil pontos. No agregado do ano, o principal índice da B3 ainda tem desvalorização de 11,08%.

Confira a carteira teórica com o rendimento de cada ação e a porcentagem da sua participação no índice:

Empresa Rendimento ano ano Participação no índice
Bradespar (BRAP4) 12,46% 7,77%
Braskem (BRKM5) -22,08% 5,42%
CSN (CSNA3) -7,51% 5,96%
Duratex (DTEX3) -0,42% 3,44%
Gerdau (GGBR4) -12,60% 13,35%
Gerdau (GOAU4) -12,93% 4%
Klabin (KLBN11) 14,14% 10,91%
Suzano (SUZB3) 8,42% 21,16%
Unipar (UNIP6) -23,13% 1,04%
Usiminas (USIM5) -10,53% 3,59%
Vale (VALE3) 12,61% 23,36%

Fonte: Estadão/Broadcast

Retomada das economias impulsionou alta dos ativos

Segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor, todas as empresas que compõem o IMAT são grandes exportadoras. Assim, com o dólar alto e as economias mundiais reabrindo mais rápido do que o esperado, as companhias foram beneficiadas pela alta demanda por seus produtos. “O setor produz insumos para tudo. Eles são a base para qualquer outra economia que quer investir em infraestrutura e crescer”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

Neste contexto, José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos, comenta que o mercado já começou a precificar a retomada do setor há algum tempo e, por isso, o IMAT conseguiu zerar as perdas do ano antes do que qualquer outro índice da bolsa de valores do Brasil. “Os números vieram melhores que o esperado, o que aumenta as expectativas pelos produtos dessas empresas”, diz ele.

Bruno Musa, sócio da Acqua Investimentos, também aponta que as tensões entre os EUA e a China ajudaram a alavancar as empresas do setor. Segundo ele, como o Brasil não escolheu um lado na briga, ele está se beneficiando das restrições que um país está impondo ao outro. “A gente passou a ter uma vantagem competitiva por isso, o que também contribuiu para o aumento da demanda dos materiais básicos daqui e consequentemente a alta das ações”, afirma Musa.

Expectativa do IMAT ainda é positiva

Os especialistas afirmam ainda que a onda positiva com o IMAT não deve acabar tão cedo. “As indústrias ao redor do mundo estão voltando a crescer e vão continuar demandando material, e o preço por eles é alto”, diz Franchini, da Monte Bravo.

Segundo Cataldo, a expectativa é de que pelo menos três das quatro empresas com maior participação no IMAT sejam beneficiadas por preços de seus produtos mais elevados do que o esperado no começo da pandemia. “Enxergamos um upside muito grande para Vale, Klabin e Suzano, que sozinhas representam 59,43% do índice ”, afirma o head da Ágora.

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Ou seja, é provável que o IMAT não perca o posto de melhor índice da B3 por enquanto. “As projeções são boas e ele tende a continuar andando forte no curto prazo”, comenta Musa, da Acqua.

Apesar disso, eles fazem um alerta: ainda há riscos no mercado. Franchini pontua que o mundo ainda passa por uma crise e as economias correm o risco de não conseguirem manter a consistência no crescimento e voltarem a cair, o que prejudicaria novamente o índice. “Se a perspectiva mudar, o IMAT vai ser altamente prejudicado”, afirma o sócio da Monte Bravo.

Por isso, Musa ressalta a importância da diversificação nas aplicações para o investidor se proteger em eventualidades. “Estamos em um cenário completamente incerto e as coisas podem mudar por diversos fatores”, diz o sócio da Acqua.

É possível investir no IMAT?

Por se tratar de um índice, não é possível investir diretamente nele. Porém, o investidor pode comprar as ações que compõem a carteira teórica do índice e obter um desempenho próximo. Outra opção é aplicar diretamente no ETF MATB11, um fundo de índice cujo propósito é ter um comportamento semelhante ao do IMAT.

“É um nicho dentro da bolsa que o investidor pode achar ganhos interessantes”, afirma Franchini, da Monte Bravo. No agregado do ano o MATB11 tem alta de 2,30%, ante a valorização de 2,42% do IMAT.

*A única exceção é o BDRX, índice composto por Brazilian Deposit Receipts (BDRs), que são recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas na bolsa brasileira e tem alta de 39,07% no ano.

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