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Veja como diversificar os investimentos no exterior fora de EUA e Europa

Mercados indiano e chinês estão entre as indicações dos especialistas

Veja como diversificar os investimentos no exterior fora de EUA e Europa
Especialistas apontaram outros ativos interessantes para os brasileiros ao redor do mundo que querem buscar mais rentabilidade e sair do eixo tradicional ‘EUA-Europa’ (Fonte: Pixabay)
  • A pedido do E-Investidor, especialistas apontam ativos interessantes para os brasileiros que ainda buscam renda variável ao redor do mundo, mas fora do eixo 'EUA-Europa'
  • Guilherme Zanin, analista da Avenue, indica o mercado indiano, principalmente as companhias do setor de tecnologia

Um dos principais lemas do mercado financeiro é diversificar os investimentos, tanto no Brasil quanto no exterior, para reduzir as chances de risco e ter mais estabilidade nos rendimentos. Contudo, enxergar com bons olhos o mercado internacional de renda variável não é fácil, já que os bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos decidiram subir as taxas de juros em 0,75 ponto percentual nos últimos meses para enfrentar a inflação. Quando sobe os juros, o mercado de renda fixa tende a ficar mais atrativo do que as bolsas de valores.

A pedido do E-Investidor, especialistas apontam ativos interessantes para os brasileiros que ainda buscam renda variável ao redor do mundo, mas fora do eixo ‘EUA-Europa’. Guilherme Zanin, analista da Avenue, indica o mercado indiano, principalmente as companhias do setor de tecnologia, a exemplo do unicórnio Freshworks, e o mercado chinês, citando a varejista Alibaba Group (cujo BDR é BABA34). Vale lembrar que os BDRs são recibos lastreados em ações de companhias negociadas no exterior.

Ele explicou que a Índia está passando por uma ascendência da classe média, que pode trazer bons frutos para as companhias varejistas. Ao mesmo tempo, o setor de fintechs também está brilhando os olhos do mercado, já que houve uma maior demanda de tecnologia durante a pandemia.

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Ambos os movimentos fizeram a bolsa indiana, chamada de National Stock Exchange of India Limited (NSE), negociar nas máximas históricas.

China

Zanin e Tharcísio Santos, Co-CIO da Vita, afirmaram que o mercado da China demonstra um potencial grande de crescimento. O analista da Avenue acredita que a economia do país deverá ultrapassar a dos Estados Unidos entre 2027 e 2030.

De acordo com a consultora Alaby Consultores & Associados, em 2020 a classe média chinesa era composta por 400 milhões de pessoas - quase duas vezes o total da população do Brasil. E há previsões de que até 2025, 75% da população da China se converta para a classe média.

Os especialistas acreditam que esse movimento trará retornos interessantes aos brasileiros no longo prazo, já que quanto maior o consumo, melhor ficam os balanços financeiros e mais rentáveis se tornam os papéis.

Quanto as ações de tecnologia, elas já estão “brutalmente” descontadas do que deveriam ser negociadas no mercado, independente da métrica que se olha, afirma Cesar Crivelli, sócio e analista da Nord Research. “[Isso não se dá pelo fato não de aumentar o número de pessoas da classe média], mas por existir um risco político entre os chineses e os estadunidenses; o governo de ambos os países soltaram nos últimos meses declarações nada amistosas [que impactam a demanda de tecnologia na região asiática, colocando os papéis do setor para baixo]”.

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Com a eleição de Xi Jimping em outubro, deve haver uma centralização maior de poder no líder (que assumiu o governo em 2013). Ele tem uma postura muito mais pró-estado, de forte intervenção do governo na economia. Yihao Lin, coordenador de economia da Genial Investimentos, acredita que as batalhas comerciais ideológicas com o Ocidente também devem culminar em um fechamento maior da economia chinesa.

A expectativa do especialista é que no curto prazo sejam criadas mais regulações em alguns setores econômicos, como o de tecnologia e imobiliário, assim como taxação sobre riquezas, ao passo que os investimentos públicos em infraestrutura devem ser intensificados para manter um nível de crescimento econômico.

Cesar Crivelli, sócio e analista da Nord Research, afirma que o setor chinês que deve estar no radar dos brasileiros é o de automóveis elétricos, principalmente a Li Auto - companhia asiática negociada na bolsa de tecnologia norte-americana, Nasdaq.

A fabricante está nas indicações do analista pelo fato da empresa ter crescido cerca de 70% ao ano em termos de venda e por Crivelli acreditar que a China será a maior fabricante de veículos elétricos.

Para se comprar o papel da Li Auto, é necessário ter uma conta em uma corretora norte-americana. Saiba como abrir conta em uma corretora internacional.

Outras indicações

Marcos Vivacqua, co-gestor do Grupo Luxor, sugeriu papéis de companhias negociadas no Canadá, Austrália e Nova Zelândia, “pois são países com instituições fortes e economias com crescimento que podem oferecer boas perspectivas de retorno para o investidor”.

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Ele explicou que os três países possuem variáveis interessantes para o mercado: aumento de produtividade, desenvolvimento econômico, força e qualidade das instituições, mercado de capitais desenvolvido e riqueza nos recursos naturais. “Todas essas características trazem boas oportunidades de investimento”.

Para ter acesso a esses investimentos, o meio mais fácil é abrir conta no exterior. “No Brasil, existem ETFs [e BDRs] de ações internacionais negociados na Bovespa, mas a oferta é limitada e bastante direcionada para o mercado norte-americano”.

Veja a lista de BDRs disponíveis no Brasil

Brasil

A equipe de analistas da Terra Investimentos afirma que o Brasil ainda é o melhor investimento fora das potências do hemisfério norte.

O motivo é que o Banco Central nacional está adiantado no ciclo de juros, ou seja, “enquanto as taxas [no exterior] ainda estão sendo elevadas e as bolsas estão se desvalorizando, as taxas brasileiras estão estáveis”, diz Régis Chinchila, analista da Terra.

Ele destaca que o fluxo estrangeiro e os resultados das companhias devem apoiar os ganhos da bolsa brasileira nos próximos meses, enquanto o cenário no exterior estiver deteriorado.

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