- Nesta sexta-feira (26), a resseguradora divulgou que concluiu a investigação interna que identificou supostas fraudes praticadas por sua antiga diretoria
- A empresa enviou um fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CMV), informando que ex-executivos se apropriaram de cerca de R$ 60 milhões em forma de bônus pela venda de imóveis
- Na última terça-feira (23), a IRB Brasil também divulgou algumas medidas de reforma de sua estrutura de governança, para tentar melhorar a sua confiança no mercado, abalada por uma série de polêmicas nos últimos meses
O IRB Brasil RE divulgou na sexta-feira (26) que concluiu a investigação interna que identificou supostas fraudes praticadas por sua antiga diretoria. A transparência da decisão de prestar esclarecimentos sobre a sua profunda crise repercutiu bem entre os investidores. A ação da resseguradora subia 6,2% até às 13 horas do pregão de sexta.
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A empresa informou que enviou um fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CMV), afirmando que ex-executivos se apropriaram de cerca de R$ 60 milhões em forma de bônus pela venda de imóveis. Além disso, os ex-funcionários teriam recomprado um lote de ações avaliado em R$ 100 milhões, valor acima do limite autorizado pelo seu Conselho de Administração, na época da polêmica carta da gestora Squadra.
Na última terça-feira (23), a IRB Brasil também divulgou algumas medidas de reforma de sua estrutura de governança, para tentar melhorar a sua confiança no mercado, abalada por uma série de polêmicas nos últimos meses. A resseguradora enfrenta inquéritos para apurar supostas irregularidades fiscais, e a divulgação do último balanço, que deveria ter sido feita no início de maio, já foi adiada duas vezes – agora, está prometida para a próxima segunda-feira (29).
Como o mercado deverá reagir?
O analista chefe da Toro Investimentos, Rafael Panonko, avalia que a confiança do mercado na resseguradora depende de “tempo e uma sequência cronológica de medidas de governança corporativa que deem mais transparência para o acionista minoritário”.
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“Ainda é muito recente os fatos que agravaram a crise, portanto a volatilidade e especulações quanto ao futuro da empresa devem continuar ditando o ritmo dos negócios de suas ações na bolsa”.
Panonko não recomenda exposição à IRB Brasil no momento, e explica que a Toro retirou o ativo da empresa da carteira recomendada desde o início da crise, quando o papel era negociado próximo de R$ 35. “Mas seguimos acompanhando a empresa e futuramente poderemos voltar a recomendar compra”, diz o analista da Toro.
Para Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, a conclusão das investigações internas divulgadas nesta sexta não chegam a tornar a situação positiva, mas traz certo “alívio” para a empresa. “De alguma forma, a companhia foi lesada também, tal qual os investidores. Através dessa divulgação a nova diretoria busca responsabilizar os antigos diretores da empresa de todo o dano”.
Esteter acredita que o mercado tem considerado os esforços da empresa, sobretudo com o recente anúncio de mudanças de governança, mas também ressalta que a retomada de confiança será gradual.
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“A companhia está buscando uma evolução de governabilidade. Essa é a questão mais importante para o mercado voltar a olhar com carinho para a empresa. Não é uma situação simples. A gente precisa observar se esse movimento vai perdurar por mais tempo, se a companhia vai seguir nesse movimento de evolução de governança. Porém, é algo ainda mais para frente”.
Os papéis da empresa foram vendidos a R$ 11,25 no pregão desta quinta-feira (25), resultado um pouco melhor do que o do dia anterior, quando foram cotados em R$11,06. Mas esse valor ainda está longe da realidade da resseguradora no começo do ano, quando as ações ficaram acima dos R$ 40. Nos últimos 12 meses, a IRB Brasil apresenta uma queda de 66,08% na B3.