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A boa notícia nos EUA que fez o Ibovespa bater recorde aos 131 mil pontos

BC dos EUA surpreendeu ao indicar cortes de juros em 2024; para especialistas, otimismo do mercado se confirmou

A boa notícia nos EUA que fez o Ibovespa bater recorde aos 131 mil pontos
Edifício do Federal Reserve nos EUA, em Washington DC (Foto: Envato Elements)
  • O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, surpreendeu positivamente o mercado em sua última reunião de política monetária do ano
  • A taxa de juros foi mantida entre 5,25% e 5,5%, mas a instituição indicou que o ciclo de cortes deve começar já em 2024
  • Logo após o comunicado, as Bolsas nos EUA e no Brasil chegaram às máximas; e, para especialistas, cenário mais otimista para 2024 foi confirmado

Aconteceu nesta quarta-feira (13) a última “Super Quarta” de 2023, dia marcado pelas reuniões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Mas a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em reduzir mais uma vez a Selic em 0,5 ponto percentual acabou ficando de lado nos holofotes, ofuscada pela mensagem vinda do exterior. A decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, fez o Ibovespa bater a máxima do ano antes mesmo de investidores conhecerem a decisão do BC brasileiro.

O BC americano manteve, por unanimidade, a taxa de juros no atual patamar de 5,25% a 5,5%. Mas foi o tom do comunicado e do discurso de Jerome Powell, presidente da instituição monetária, que balançou – no bom sentido – os investidores.

As projeções do Fed para a economia dos EUA mudaram: crescimento menor para 2024, mas, por consequência, inflação e juros igualmente menores do que o anteriormente previsto. É a primeira vez que o Fed reconhece a possibilidade de redução de juros em 2024, confirmando uma expectativa que já pairava sobre os mercados desde que dados mais benignos de inflação dos EUA foram divulgados em novembro.

“O Fed surpreendeu o mercado com uma revisão das projeções de juros para o final de 2024, uma queda coerente com um cenário de menor crescimento e uma inflação que cede. Mais e mais vemos o cenário de redução de juros se materializar e a grande questão agora reside mais em quando e quanto serão esses possíveis cortes de juros”, avalia William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

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A maioria dos membros do Federal Open Market Committee (FOMC), o Copom americano, vê espaço para cortes na taxa já em 2024, com uma mediana apontando para três reduções de 0,25 ponto percentual. “Na prática, são previstos três cortes de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros no ano que vem caso o balanço de riscos não se altere muito. A discussão agora deverá se concentrar em quando o próximo ciclo de queda deverá começar” , diz Danilo Igliori economista-chefe da Nomad.

O CME FedWatch Tool, uma espécie de termômetro das expectativas do mercado quanto aos movimentos do Fed, indica que investidores veem uma maior probabilidade de início nos cortes de juros nos EUA já na reunião de março. A projeção dos dados é que a taxa encerre o próximo ano entre 4,00% a 4,25%.

Cenário positivo para os investidores brasileiros

A decisão desta quarta-feira fez o Dow Jones, principal índice acionário dos Estados Unidos, fechar o dia acima dos 37 mil pontos pela primeira vez na história. Mas não é só a Bolsa americana que se beneficia do novo cenário desenhado pelo Fed.

A dinâmica de juros nos Estados Unidos já vem ditando o tom do mercado global há algum tempo, inclusive no Brasil. Em outubro, por exemplo, a abertura da curva de juros por lá foi um dos principais motivos por trás da queda de quase 3% do Ibovespa. Em novembro, no entanto, a reversão das expectativas mais pessimistas fizeram o índice saltar mais de 12%, no seu melhor mês em três anos.

Desde então, essa expectativa otimista – de que o ciclo de alta de juros nos EUA havia chegado ao fim e que a taxa poderia começar a ser reduzida já em 2024 – prevaleceu. Ditando, inclusive, o tom mais otimista das primeiras projeções que começaram a aparecer sobre 2024.

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A XP Investimentos vê o Ibovespa aos 142 mil pontos ao final do próximo ano, uma expectativa apoiada, entre outros fatores, na queda dos juros e na volta do apetite a risco de investidores globais. Como contamos aqui, novembro foi o melhor mês de entrada de capital estrangeiro no Brasil de todo 2023, uma tendência que pode continuar sustentando a valorização da Bolsa brasileira ao longo do próximo ano.

E o tom do Fed nesta Super Quarta parece confirmar isso, dizem especialistas. Às 17h36, logo após o fim do discurso do Powell, o Ibovespa chegou à máxima do ano, aos 129.682,49 pontos, com uma alta de 2,59% no dia – muito próximo da máxima histórica de 130 mil pontos, atingida no dia 07 de junho de 2021. Às 17h48, o bom humor já havia contaminado praticamente toda a Bolsa brasileira: apenas 3 das 86 ações presentes no Ibovespa operavam no negativo. Por fim, o índice encerrou o pregão com uma valorização de 2,42%, aos 129.456,08 pontos.

Nesta quinta-feira (14), o índice ultrapassou os 131 mil pontos, renovando o recorde. no final da manhã, porém, o índice desacelerou e operava aos 130 mil.

“Fed confirma o otimismo para o ano que vem. Isso foi bem visto pelo mercado, as taxas de juros dos títulos caem forte, enquanto a bolsa está subindo”, diz Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores. “Com a queda de juros, o investimento nas Treasuries passa a ser um pouco menos atrativo. A Bolsa em tese se valoriza com os juros mais baixos”, explica.

A possibilidade de queda dos juros americanos em 2024 também é uma notícia positiva para o câmbio, com tendência de enfraquecimento do dólar frente ao real e outras moedas da América Latina. Esta é a avaliação de Renato Campos, Latam Senior Market Analyst da Hantec Markets.

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Nesta quarta, a moeda americana fechou o dia com uma queda de 0,91%, cotada a R$ 4,91. “O possível deterioro [da moeda americana] tem um efeito positivo para o real; no entanto, seu fortalecimento carece de fundamentos que possam levá-lo por si só a alcançar novos e maiores avanços”, diz.

Esse tom de cautela no meio da euforia está presente em algumas outras análises. Apesar dos indicativos positivos, o Fed reforçou a mensagem de “data dependent”, ou seja, de que seguirá atento aos indicadores da economia americana para balizar suas decisões. Isso significa que as quedas de juros para 2024 não estão cravadas em pedra.

“Temos visto o mercado antecipar bastante esse movimento, inclusive com projeções de corte de juros mais fortes do que o FED vem falando. Temos que ter um certo cuidado, porque essa queda de juros deve vir junto com um desaquecimento da economia e do mercado de trabalho”, destaca Marcelo Oliveira, da Quantzed, sobre o otimismo para 2024.

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