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Como o risco de colapso em Maceió derrubou a ação da Braskem (BRKM5)

Justiça de Alagoas intimou a Braskem a ampliar os programas de compensação e reparação para os moradores

Como o risco de colapso em Maceió derrubou a ação da Braskem (BRKM5)
As ações da Braskem são os destaques negativos desta sexta-feira. (Foto: AILTON CRUZ/ESTADÃO)
  • A prefeitura de Maceió, capital de Alagoas, decretou estado de emergência por 180 diante do colapso de uma das minas da Braskem
  • As operações da mina 18 estavam suspensas desde 2018 quando a companhia identificou indícios de rachaduras ou trincas relacionadas às atividades de extração

A prefeitura de Maceió, em Alagoas, decretou estado de emergência por 180 dias após o alerta de risco iminente de colapso em uma das minas da Braskem (BRKM5), localizadas na região. Segundo a Defesa Civil de Maceió, o colapso da mina 18 pode ocorrer a qualquer momento e causar mais um desastre ambiental no Brasil envolvendo o setor de extração mineral.

O risco “iminente” é o grande responsável pela reação negativa do mercado para as ações da Braskem (BRKM4). Já nas primeiras horas de negociação de sexta-feira (1º), o mercado já observava a derrocada das ações. Por volta das 12h, a queda chegou a 8,42%, com a ação negociada a R$ 17,52. Os papéis da petroquímica fecharam o dia em queda de 5,85% cotados a R$ 18.

A depreciação acentuada reflete o potencial de consequências para a empresa com o colapso da mina e a tendência é que permaneça em ritmo de queda. “As ações irão sofrer até que tenha um conhecimento do impacto do desastre na operação da empresa e em suas finanças. Se houver o desastre ambiental, a empresa vai enfrentar ações judiciais, que são longas, custosas e de alto impacto financeiro para a empresa”, diz João Ricardo Coutinho, Diretor da RJ+ Asset.

Nesta quinta-feira, a Justiça de Alagoas intimou a Braskem a ampliar os programas de compensação e reparação para os moradores prejudicados pelos problemas ambientais das atividades da empresa desde 2018. O valor que a companhia deve desembolsar para atender a ordem judicial fica em torno de R$ 1 bilhão.

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Os custos, na avaliação da corretora, não estavam previstos e correspondem a 6,6% do valor de mercado da companhia. “Não é certo que a Braskem se comprometa a pagá-los. Embora achemos provável que o faça para não atrasar o processo de venda das suas ações detidas pela Novonor (acionista controladora da Braskem)”, informaram os analistas da Guide.

Os tremores de terra e o risco de colapso da mina foram alertados por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) desde 2010, como mostra esta reportagem do Estadão. No entanto, a Braskem informou que os indícios de rachaduras ou trincadas relacionadas à extração de sal-gema em Maceió surgiram em 2018, quando as operações foram suspensas.

A situação contribuiu para que as ações acumulassem uma desvalorização de 65,05% nos últimos cinco anos. Isso porque, desde o desastre ambiental de Mariana (MG), em 2015, com o rompimento da barragem da Vale (VALE3), os investidores ficaram mais atentos aos riscos ambientais das operações de companhias e às práticas para evitar os acidentes. A preocupação ficou ainda mais reforçada com o desastre ambiental de Brumadinho (MG), em 2019.

“Desastres anteriores aumentaram a conscientização sobre os impactos socioambientais, influenciando as decisões de investimento e, em alguns casos, resultando em pressões para aprimorar regulamentações e padrões de sustentabilidade”, afirmou Fabrício Gonçalvez CEO da Box Asset Management.

Segundo uma pesquisa internacional realizada pela Ernst & Young, empresas de consultoria e auditoria global, 78% dos investidores entrevistados acreditam que as empresas devem fazer investimentos que abordem as vertentes de ESG – sigla para governança ambiental, social e corporativa, em inglês –, mesmo que isso cause uma redução de lucro nos próximos meses.

Entre os gestores financeiros, a tolerância é menor, mas ainda segue sendo a maioria com 55% dos líderes dispostos a aceitar resultados menores no curto prazo. O estudo ouviu 1.040 líderes financeiros seniores e 320 investidores em novembro do ano passado em cinco países europeus: França, Reino Unido, Holanda, Suécia e Noruega.

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Os resultados acenam para um amadurecimento dos investidores, pelo menos no mercado europeu, sobre a importância da agenda ESG para os negócios e que ajuda a aliviar a pressão em cima das companhias para a entrega de bons resultados nos seus balanços trimestrais.

Com informações do Estadão

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