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Entre o otimismo e a cautela: o que esperar da Bolsa em dezembro?

Alta de novembro faz investidor sonhar em ver o Ibovespa superar recorde de 130 mil pontos no último mês do ano

Entre o otimismo e a cautela: o que esperar da Bolsa em dezembro?
(Foto: Envato)
  • Faltam apenas 31 dias para que 2023 chegue ao fim e, até aqui, o Ibovespa parece caminhar para um saldo bastante positivo
  • Depois de uma alta de dois dígitos em novembro, analistas não veem novos gatilhos para manter o ritmo de valorização expressivo na Bolsa. Ainda assim, defendem que a tendência é positiva
  • Veja quais fatores precisam ficar no radar para dezembro

Faltam apenas 31 dias para que 2023 chegue ao fim e, até aqui, o Ibovespa parece caminhar para um saldo bastante positivo. O índice subiu 16,04% entre janeiro e novembro, encerrando esta quinta-feira (30) aos 127.331,12 pontos – o maior patamar desde 2021.

Para dezembro, analistas mantêm o otimismo para com a Bolsa brasileira. Ainda assim, ressaltam que investidores não devem esperar por uma valorização tão expressiva como a vista em novembro, quando Ibovespa teve uma alta de dois dígitos no seu melhor desempenho mensal em 36 meses. Explicamos aquio que aconteceu.

Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, explica que boa parte da valorização vista na Bolsa no último mês aconteceu na esteira da correção das Treasuries, os títulos de dívida pública do tesouro dos Estados Unidos. As taxas, que estavam em outubro em seu maior patamar desde 2007, voltaram a cair à medida que o mercado passou a enxergar que o ciclo de alta na taxa de juros por lá pode ser chegado ao fim. “Nitidamente, foi o que puxou a Bolsa”, diz.

Para dezembro, boa parte desse movimento já passou. “A nossa meta para o final de ano, de 125 mil pontos, já foi atingida. Acreditamos que o Ibovespa pode subir, sim, mas o grosso dessa alta ligada ao ajuste de curva de juros americana já é passado”, afirma Soares.

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Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, concorda: para que o movimento positivo de novembro seja sustentado em dezembro com a mesma intensidade serão necessários fatos novos que ainda não estejam precificados pelo mercado. O especialista chama a atenção para as reuniões de política monetária no Brasil e nos EUA, ambas marcadas para os dias 12 e 13 de dezembro, quando tomarão novas decisões sobre juros.

Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve optar por mais uma redução de 0,5 ponto porcentual na Selic, levando a taxa básica de juros brasileira para 11,75% ao ano. Nos EUA, a expectativa é que o Federal Open Market Committee (FOMC, órgão americano equivalente ao Copom brasileiro) mantenha os juros da maior economia do mundo na atual faixa de 5,25% e 5,5% ao ano.

Sem grandes surpresas nas decisões, são as comunicações que vão ficar no radar. “A princípios, as reuniões do FOMC e do Copom não devem surpreender ninguém. As autoridades monetárias costumam evitar se comprometerem com futuras decisões, mas as entrelinhas das comunicações poderão sinalizar o que pensam para a condução dos juros no próximo ano”, destaca Nishimura.

Do lado político, a discussão sobre o orçamento de 2024 também vai movimentar dezembro. O parecer da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve ser apresentado na primeira semana do mês para que o Congresso debata os vetos presidenciais antes do recesso de fim de ano, que começa no dia 21. Temas importantes para o mercado, como a desoneração da folha de pagamentos e a meta de déficit zero, estão na pauta.

“A LDO de 2024 poderá referendar a trégua nas preocupações com a dinâmica fiscal ou justificar uma realização após o forte fluxo positivo de novembro”, aponta o economista da Nomos. “A reforma tributária também voltará a se movimentar no Congresso e tem potencial para influenciar nos ânimos dos investidores”, diz.

Rali de fim de ano?

Depois da alta de novembro, investidores começaram a sonhar em ver o Ibovespa superar seu recorde histórico de 130 mil pontos. A tendência, segundo analistas, é que o índice caminhe nessa direção, mas em um movimento que não necessariamente seguirá uma linha reta.

É por isso que Marco Monteiro, analista CNPI da CM Capital, recomenda que investidores tenham cautela com a euforia na reta final do ano. “Podem, sim, acontecer realizações de lucro e seria natural uma correção do Ibovespa antes de retomar essa movimentação de alta.”

Mas há um outro ponto que pode sustentar o Ibovespa em alta até o fim do ano: a entrada de capital estrangeiro. O fluxo gringo na B3 entre os dias 01º e 27 de novembro foi de R$ 17,5 bilhões, o maior valor mensal de 2023. E esse movimento de dólares em direção à Bolsa brasileira pode continuar em dezembro.

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“Esse fluxo de capital estrangeiro pode continuar entrando no Brasil por ser um país, dentre os emergentes, em que o investidor global está mais atento”, diz Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo. “A primeira parte desse capital veio para as blue chips (maiores companhias), quem sabe a partir do mês de dezembro, com o Banco Central brasileiro podendo sinalizar uma redução da taxa Selic com maior intensidade, ele possa migrar para empresas do segmento doméstico, como as small caps (empresas de menor tamanho).”

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