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Mineradoras surfam onda chinesa e são campeãs de outubro na Bolsa

CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4) estão no top 10 de maior valorização mensal no índice

Mineradoras surfam onda chinesa e são campeãs de outubro na Bolsa
Um pedaço de minério de ferro nas mãos de um mineiro. Foto: David Gray/ Reuters
  • No top 10 de maior valorização mensal na carteira do Ibovespa, aparecem três empresas do setor de materiais básicos: CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4)
  • A retomada econômica da China, impulsionada pela alta demanda por minério de ferro e o alto preço do dólar, ajudam a explicar o bom desempenho do setor
  • O setor bancário também foi destaque no mês. Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) registraram valorização superior a 14% no mês

O mês de outubro encerrou com boas notícias para os setores de mineração e siderurgia na B3. No top 10 da maior valorização mensal na carteira do Ibovespa, que caiu 0,69% no período, aparecem três empresas do setor de materiais básicos: CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4). A retomada econômica da China, impulsionada pela alta demanda por minério de ferro e o alto preço do dólar, ajudam a explicar o bom desempenho.

Nesta sexta-feira (30), a CSN encerrou o último pregão do mês com a maior valorização mensal (25,09%) do principal índice da bolsa brasileira, com a ação cotada em R$ 20,64.

Usiminas e Gerdau ocuparam a sétima e a décima posição, respectivamente, entre as dez ações com maior crescimento no Ibovespa em outubro. Enquanto a USIM5 cresceu 8,67%, a GGBR4 avançou 5,77% no período.

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Ainda que o setor de siderurgia tenha alcançado um bom patamar de produção, atendendo à demanda brasileira, Paloma Brum, economista da Toro Investimentos, explica que o cenário positivo é reflexo do resultado das exportações de commodities.

“As companhias conseguiram um resultado mais positivo na siderurgia, vendendo para o mercado interno, mas é o segmento de mineração que se beneficiou da forte demanda da China. O minério de ferro que elas vendem para o mercado externo é o que traz resultado em peso”, analisa Brum.

A economia chinesa cresceu 4,9% no terceiro trimestre deste ano, na contramão de diversos países que ainda tentam se reerguer após os duros efeitos da pandemia de covid-19. Neste contexto, a demanda por matéria-prima, como o minério de ferro, para a produção de aço é alta no gigante asiático, que continua investindo fortemente em infraestrutura e construção civil.

“O preço do minério de ferro continua em um nível atraente, apesar de ter caído abaixo dos US$ 120 a tonelada, e está em torno de US$ 116. Mas é um patamar de preço bom para as mineradoras”, diz José Falcão, especialista em renda variável da Easynvest.

O especialista também chama atenção para o desempenho da Gerdau, que teve como um dos seus principais impulsionadores a demanda do setor de construção civil do Brasil, que continuou em fase de expansão durante a pandemia.

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“A Gerdau também tem uma carteira pulverizada, em alguns países pelo mundo. A depreciação do real nos últimos 12 meses favoreceu o resultado da companhia, principalmente na operação norte-americana”, diz Falcão.

A valorização do dólar frente ao real também ajuda a o feito dessas companhias exportadoras, que tiram grande proveito do câmbio. Em 2020, o real se desvalorizou cerca de 43% em relação ao dólar. Nesta sexta-feira (30), a moeda norte-americana fechou em queda de 0,50%, cotado a R$ 5,7380.

“Quando se está em um período de dólar bastante apreciado em relação ao real, toda empresa que tem maior exposição à moeda estrangeira, as exportadoras, no caso, tendem a ser beneficiadas”, afirma José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.

Bancos também tiveram recuperação

O setor financeiro foi outro destaque em outubro. No top 10 do Ibovespa, se destacou o Santander (SANB11), na terceira posição, com valorização mensal de 14,99%. Mas, estendendo o ranking para as 15 maiores altas do mês, aparecem também o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4), com altas de 4,85% e 4,44%, respectivamente.

“Vimos os bancos se recuperando em outubro porque estavam com os papéis muito descontados”, justifica Cataldo. O head de research da Ágora Investimentos também destaca que, com uma menor necessidade de provisionamento para perdas, o Santander superou as expectativas do mercado após divulgação do balanço do terceiro trimestre. “Esse resultado é algo que deve se repetir nos outros grandes bancos”, projeta.

Vale lembrar que o setor financeiro foi fortemente afetado pela pandemia, tanto que a maioria dos ativos de bancos acumulam perdas robustas na bolsa.

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“As provisões ficaram muito altas no segundo trimestre de 2020. Ou seja, os bancos tiveram que segurar recursos e deixaram de pagar bons dividendos, que é uma característica muito forte desse setor. Isso acabou impactando muito negativamente e os papéis ficaram para trás”, contextualiza Brum, da Toro.

Mas os esforços iniciados ainda durante a crise, para evitar o já esperado aumento da inadimplência, gerou boas expectativas no mercado. No caso do Bradesco, por exemplo, tanto as ações ordinárias (BBDC3) quanto as preferenciais (BBDC4) abriram o mês na bolsa com indicadores descontados, como o de preço sobre lucro. “Esses papéis estavam negociados a um preço de menos vezes o lucro do banco nos últimos 12 meses. Isso torna o papel mais atrativo”, diz Brum.

A economista também ressalta que o banco tem o diferencial de atuar com mais força do que os seus pares no segmento de Seguros, que representa 30% do seu resultado.

Confira as 10 maiores altas de outubro no Ibovespa

Nome Código Retorno (%)
1 CSN CSNA3 25,09%
2 WEG WEGE3 16,74%
3 Santander SANB11 14,99%
4 Magazine Luiza MGLU3 11,35%
5 Braskem BRKM5 9,86%
6 Suzano SUZB3 9,73%
7 Usiminas USIM5 8,67%
8 MRV MRVE3 7,60%
9 Localiza RENT3 7,20%
10 Gerdau GGBR4 5,77%

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