- Moderna Inc. divulgou, no dia 18 de maio, resultado positivo de testes de vacina contra o coronavírus
- Dois executivos da empresa tinham vendas programas de ações e lucraram, juntos, US$ 25 milhões na operação
- CEO da biotech, Stephane Bacel, faturou US$ 1,3 milhão com venda de ações na mesma semana
Os resultados positivos da biotech Moderna Inc. em testes de uma vacina contra o coronavírus não foram suficientes para oferecer uma cura confiável contra a covid-19, mas bastaram para render milhões de dólares alguns dos seus principais executivos. Na semana passada, após o anúncio dos estudos, dois executivos lucraram, juntos, US$ 25 milhões ao exercer opções previstas sobre ações da companhia. O CEO, Stephane Bancel, amealhou outro US$ 1,2 milhão com uma venda de papéis do laboratório.
Na segunda-feira (18), a Moderna anunciou resultados positivos de sua vacina em oito pacientes infectados. A esperança de que o dali pudesse surgir uma cura para o coronavírus em larga escala fez as ações se valorizarem 30%. Logo após o fechamento da Nasdaq, Bancel anunciou a oferta de US$ 1,25 bilhão em ações para financiar a produção do medicamento. Além disso, adotou um duro discurso cobrando investimento público e privado na fabricação da vacina.
Um dia depois, contudo, o site médico Stat News publicou contestações de especialistas aos resultados dos testes. Somente a aplicação em mais voluntários seria capaz de fornecer resultados confiáveis. O revés imediatamente derrubou as ações.
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Foi nestes dois dias que dois executivos da Moderna fizeram uma forte venda de ações, segundo informação da CNN Business, com base em relatório da Securities and Exchange Comission (SEC), dos Estados Unidos.
O diretor financeiro da companhia, Lorence Kim, exerceu ainda na segunda-feira a opção de US$ 3 milhões em ações e as vendeu em seguida a US$ 19,8 milhões. Um lucro de US$ 16,8 milhões.
No dia seguinte, Tal Zaks, chefe médico da Moderna, executou suas opções de US$ 1,5 milhão a US$ 9,77 milhões. Um lucro de US$ 8,2 milhões.
Apesar da proximidade entre a divulgação do resultado dos testes e as negociações, não há irregularidade visíveis nas movimentações. A companhia disse que “as transações estão sendo executadas automaticamente de acordo com os planos de negociação”.
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A tese foi corroborada pelo professor Charles Whitehead, da Cornell Law School. “À primeira vista, não há nada de errado com esses negócios. É para isso que esse planos de negociação se destinam, assumindo que os requisitos sejam cumpridos”, afirmou à CNN.
Na quarta-feira (20), o CEO Stephane Bancel vendeu 17 mil ações a US$ 70, segundo o site NeoFeed. A operação rendeu a ele US$ 1,3 milhão.
O episódio envolvendo a Moderna Inc. é somente mais um em que tímidos avanços provocam grandes movimentações no mercado. No dia 18 de maio, bolsas do mundo todo fecharam em alta animadas pela hipótese de uma vacina confiável contra o coronavírus.
Dias antes, o mesmo havia sido provocado pela Gilead Science, fabricante do remdesivir, remédio autorizado pelo governo norte-americano para tratamento de pacientes graves, e pela Sorrento Therapeutics, que anunciou ter encontrado um anticorpo 100% imune ao coronavírus. Em todos os casos, as ações das empresas tiveram uma valorização imediata, seguida de queda, o que reforçou uma certeza: a cura para o coronavírus não surgirá na velocidade que o mercado espera.
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