O investor day da Natura(NTCO3), realizado na segunda-feira (30), gerou otimismo entre alguns analistas, e cautela entre outros. No encontro, a companhia reforçou o foco em simplificar o negócio e retornar às suas origens. A XP, o Goldman Sachs e o Safra dizem que o evento se concentrou em apresentar as principais alavancas para crescimento, lucratividade e geração de caixa que a administração prevê para o futuro.
Segundo a equipe do Safra, os negócios da própria marca Natura serão a principal alavanca do grupo nos próximos anos, com desinvestimentos a serem feitos na marca Avon Internacional. A empresa também deve focar em ter marcas fortes, já que a varejista lidera em seis das sete principais categorias de cosméticos na América Latina.
A empresa também anunciou no evento um modelo de distribuição por meios digitais, centrado na venda direta e apoiado pelo crescimento de parcerias estratégicas com o TikTok e o Mercado Livre. A Natura também busca um modelo de negócios resiliente, com crescimento acima da inflação e oportunidades de expansão da lucratividade após a Onda 2 e o fim dos custos relacionados à transformação. A onda 2 é a junção dos negócios da Avon com a Natura no Brasil, que deve ser concluído ainda este ano.
Para os analistas do Safra, a varejista de perfumes e cosméticos apresentou um roteiro claro para impulsionar o crescimento e melhorar a lucratividade e a geração de caixa, apoiado pelo valor da marca, execução digital e alavancas claras na América Latina hispânica. Eles dizem que a equipe também demonstrou otimismo em relação ao futuro da empresa, particularmente em relação ao impulso contínuo no Brasil.
Já a equipe do Goldman Sachs diz que a reunião se concentrou somente na operação da Natura na América Latina. Dito isso, a administração reconheceu que o retorno às suas origens depende, na maioria, da separação da operação internacional da Avon. No entanto, a equipe não forneceu muitos detalhes ou uma atualização do status em relação a esse processo de separação, mas disse que está investindo pesado em inovação.
“A administração afirma ter o maior centro de pesquisa e desenvolvimento para cosméticos no hemisfério sul, com mais de 400 cientistas, 3 perfumistas internos e mais de 300 patentes ativas. A equipe também destacou as recentes reduções no tempo de novos lançamentos, mas não divulgou as métricas relacionadas a isso (por exemplo, o índice de inovação)”, afirmam Irma Sgarz, Felipe Rached e Gabriela Leme, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
A equipe da XP salienta que a empresa tende a trabalhar com a recuperação da receita da Avon como uma história para 2026, com a empresa focada em ajustar seu modelo comercial, portfólio e posicionamento da marca ao longo deste ano, para ser implementado a partir de 2026. Apesar da receita ainda pressionada, a gestão destacou que a Avon tem margem de contribuição positiva e gera caixa em todos os países integrados.
O que fazer com as ações da Natura?
Os analistas se dividem sobre o que o investidor deve fazer com as ações NTCO3. A XP recomenda compra para o ativo por acreditar que o papel está descontado com potencial de valorização expressivo para o investidor. A corretora recomenda compra, com preço-alvo de R$ 18 para o fim de 2025, alta de 62,89% na comparação com o fechamento de segunda-feira (30), quando a ação encerrou o pregão a R$ 11,05.
Publicidade
O Goldman Sachs tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 13, crescimento de 17,6% na comparação com o fechamento de segunda-feira (30). Os analistas enxergam alguns riscos no papel, como atrasos ou novas informações na separação anunciada da Avon, além de dificuldades na integração entre os negócios de Natura e Avon (onda 2).
A equipe do Safra também vê poucos gatilhos para o ativo ao calcular que a ação deve encerrar o ano a R$ 11, valor praticamente estável na comparação com o fechamento do dia anterior. “Embora observemos progresso na simplificação do portfólio e sinais de uma recuperação na região, mantemos uma postura neutra para Natura (NTCO3) devido à visibilidade limitada do desinvestimento da Avon International, bem como do caminho de execução para a recuperação da Avon da América Latina”, concluem Vitor Pini, Renan Sartorio e Tales Granello, que assinam o relatório do Safra.