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O que analistas de Nvidia (NVDC34) dizem sobre comprar a ação e dividendos da empresa

Companhia de tecnologia americana que vem surfando na onda da IA surpreendeu com lucro de US$ 14,8 bilhões e receita recorde

O que analistas de Nvidia (NVDC34) dizem sobre comprar a ação e dividendos da empresa
(Imagem: H_Ko em Adobe Stock)
  • Analistas estimam que ação da Nvidia pode ser vista como boa pagadora de dividendos no longo prazo
  • Um dos analistas diz que o papel está caro e vê outras empresas do setor mais interessantes
  • Especialistas calculam alta de 28% a 50% para as ações da Nvidia

A empresa de tecnologia Nvidia (NVDC34) surpreendeu os analistas do mercado financeiro nos resultados do balanço do primeiro trimestre de 2024, divulgado após o fechamento do mercado nesta quarta-feira (22). A companhia apresentou lucro líquido de US$ 14,8 bilhões no primeiro trimestre de 2024, alta de 628% na comparação com o de US$ 2 bilhões em igual período de 2023. Com os números, o Brazilian Depositary Receipt (BDR, título emitido no Brasil que representa uma ação de companhia aberta sediada no exterior) da companhia disparavam 7,93%, a R$ 110,01, no final da manhã desta quinta-feira (23).

A XP Investimentos diz que o lucro ficou 5,6 vezes acima do esperado pelos analistas da casa. Na visão de Paulo Gitz e Maria Irene Jordão, a Nvidia reportou um resultado excelente no primeiro trimestre do ano e um guidance (projeções da empresa) bastante forte para o período seguinte, mostrando a confiança da gestão da empresa de tecnologia na atual tendência de investimentos em inteligência artificial. A XP também estimava uma receita de US$ 24,7 bilhões, porém a empresa reportou uma receita de US$ 26 bilhões, 5,26% acima do esperado.

O crescimento do lucro por ação foi o menor desde fevereiro de 2023, quando o indicador apresentou alta de 80% na comparação com um ano antes. No fim de 2023, o lucro por ação subiu 586% na base anual, enquanto em setembro de 2023 ele cresceu 693% – maior patamar até o momento – na relação a um ano antes.

No balanço atual, divulgado nesta quarta-feira, o avanço ficou em 461% na comparação anual. Na visão dos especialistas, os números mostram uma desaceleração na empresa, fazendo com que o mercado passe a precificar a ação de uma forma melhor, sem aquelas grandes altas.

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Para Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, o destaque do balanço fica com a contribuição da receita de data center vindo das empresas de “cloud” (serviços em nuvem), que agora está por volta de 45% do total – anteriormente, ela representava 50%. “Isso mostra que a Nvidia tem conseguido diversificar a receita aos poucos. O que é importante, visto que os investidores se preocupam com o fato de a receita da Nvidia vir de clientes como Microsoft, Google, Amazon e Meta (dona do Facebook), sendo que todos esses clientes fazem esforços de desenvolver aceleradores de IA para substituir o gasto que eles têm com a Nvidia”, afirma.

Já Acilio Marinello, managing director da Essentia Consulting, lembra que a Nvidia conseguiu lucrar 628% mais que no mesmo período ano anterior com um custo apenas 39,4% maior. Os custos operacionais da Nvidia pularam de US$ 2,5 bilhões no primeiro trimestre de 2023 para US$ 3,49 bilhões nos três primeiros meses de 2024.

Nvidia pode virar uma ação de dividendos?

No balanço, a companhia anunciou o pagamento de US$ 0,10 por ação em dividendos, valor 150% acima do provento anunciado no balanço anterior, de US$ 0,04. Para Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, essa mudança sinaliza que a empresa pode se tornar uma boa pagadora de proventos. No entanto, ele salienta que o investidor ainda vai precisar de paciência. “A empresa deve pagar ótimos dividendos ao investidor, mas isso não acontecerá exatamente neste ano e deve ocorrer no longo prazo”, afirma.

Lage também faz uma ressalva para o investidor que está de olho nos papéis da Nvidia. “Mesmo após esse resultado melhor que o esperado não é o momento de comprar a ação: o papel ainda continua caro, atingindo novas máximas históricas, o que indica que a ação deve passar por correções turbulentas”, afirma.

Os demais analistas entrevistados pelo E-Investidor se mostram mais otimistas. Marinello, da Essentia Consulting, destaca que embora a ação tenha disparado 221,86% no último ano, o lucro saltou 628%. Além disso, ele afirma que as projeções de lucratividade da empresa mostram que o investidor pode esperar mais crescimento. A própria Nvidia acredita que suas receitas podem subir 2% no próximo trimestre em relação ao atual, chegando a US$ 28 bilhões. “Sendo assim, as expectativas são de que a empresa passe a pagar mais dividendos nos próximos anos com esse aumento de lucro e receita”, afirma.

Em meio a esse cenário de crescimento e aumento de dividendos, o especialista estima que a ação da empresa pode facilmente chegar a um patamar na faixa entre US$ 150 e US$ 175, considerando o desdobramento de ações de 1 para 10, anunciado nesta quarta-feira (23).

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Ontem, a ação da Nvidia em Nova York fechou o pregão negociada a US$ 949,50. A companhia vai repartir 1 ação em 10 para ficar mais acessível para os investidores. Desse modo, preço unitário da ação passaria a ser de US$ 94,95 após o desdobramento. Sendo assim, ele vê que o papel na Nasdaq, a bolsa eletrônica de Nova York, pode subir 57% nos próximos 12 meses na comparação com o fechamento de quarta-feira (22),

Alternativas à Nvidia

Lage aconselha o investidor a procurar outros papéis, como a Advanced Micro Devices (AMD), Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSM) e KLAC. Para ele, as ações dessas empresas podem ser consideradas opções interessantes para o investidor, porque o mercado focou totalmente na Nvidia e deixou as demais para trás. “As ações de semicondutores no mundo todo, no Japão, em Taiwan e na Europa , dispararam após o balanço da Nvidia. Isso mostra que essas companhias estão atrativas e podem ser alternativas para os investidores que não querem pagar caro nem correr o risco da volatilidade do mercado com a Nvidia”, explica Lage.

Por outro lado, Popst, da Arbor Capital, diz que a Nvidia está muito mais avançada que os seus concorrentes na corrida por produtos relacionados à inteligência artificial em termos de rentabilidade. Enquanto a AMD espera fazer US$ 3,5 bilhões de receita de inteligência artificial neste ano, a Nvidia está numa receita anualizada de US$ 112 bilhões.

“Acreditamos que, ao longo do tempo, a vantagem competitiva da Nvidia na IA corre o risco de diminuir, mas de forma leve e morosa. Apenas o esforço do próprio Google em parceria com a Broadcom, com as suas Unidades de Processamento de Tensor (TPUs), é capaz de rivalizar com a Nvidia. Mas o Google, obviamente, não vende as TPUs deles para outras empresas, o que torna melhor o caminho de dominância para a Nvidia”, diz Popst.

Sendo assim, o especialista se posiciona com otimismo e diz que a inteligência artificial pode ainda provocar grandes transformações na Nvidia. Mas isso deve levar alguns anos e será preciso que os modelos de IA generativa atinjam retornos um pouco mais lucrativos.

Popst estima que a Nvidia poderia se tornar tão valiosa quanto a Microsoft, com um valor de mercado US$ 3 trilhões, o que implica em uma alta de 28% para as ações da empresa na comparação com o valor de mercado do fechamento desta quarta-feira (22), quando encerrou o pregão avaliada em US$ 2,34 trilhões.

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