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Ações ou renda fixa? Onde estão as oportunidades para investir em abril

Analistas avaliam a renda fixa, posição em commodities e ações na bolsa brasileira

Ações ou renda fixa? Onde estão as oportunidades para investir em abril
Entenda quais as oportunidades para as próximas semanas. Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
  • No acumulou de 2023, o índice apresentou a quarta pior performance para o um primeiro trimestre desde o plano Real, de 1995
  • Vários assuntos azedaram o humor dos investidores no período, como o colapso da Americanas, a quebra dos bancos no exterior e as reiteradas críticas do Executivo ao Banco Central pelos juros altos
  • Mesmo com as perspectivas ruins, há oportunidades na Bolsa. Renda fixa e fundos imobiliários também estão atrativos

O Ibovespa fechou o mês de março em baixa de 2,91%, aos 101.882,20 pontos. No acumulado de 2023, o índice apresenta uma queda de 7,16% , a quarta pior performance para o um primeiro trimestre desde o plano Real, de 1994.

Vários assuntos azedaram o humor dos investidores no período, como novos desdobramentos do colapso da Americanas, a quebra dos bancos no exterior e as críticas do Executivo ao Banco Central pelos juros altos, de 13,75% ao ano. Apesar da derrocada, os especialistas divergem sobre a Bolsa brasileira estar ou não barata.

Apesar de o arcabouço fiscal, apresentado na última quinta-feira (30), ter sido relativamente bem-recebido pelo mercado em um primeiro momento, as perspectivas econômicas para 2023 continuam ruins. De acordo com o Boletim Focus, a inflação deve fechar o ano a 5,93%, enquanto a taxa Selic continuará em dois dígitos, para 12,75% ao ano.

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Essa conjuntura tira atratividade da renda variável e dificulta a vida das empresas, que precisam pagar mais caro em empréstimos e financiamentos. O aumento das despesas financeiras culmina na diminuição dos lucros, principalmente em empresas mais endividadas e sensíveis aos ciclos econômicos.

Onde investir em abril

Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica, enxerga a Bolsa como barata e ressalta que esse momento de pessimismo no mercado fez com que ações de boas empresas caíssem tanto quanto os papéis de empresas “medianas”. Essa situação, segundo ele, criou oportunidades de investimento interessantes, em negócios capazes de sobreviver à crise e prosperar no longo prazo.

Seria o caso dos papéis da Porto Seguro (PSSA3), líder em seguros automotivos no Brasil e uma das investidas pela gestora Ártica. Até o fechamento desta sexta-feira (31), os papéis eram negociados a R$ 23,52 – ainda bem distante do patamar de antes da pandemia, quando a PSSA3 estava cotada acima dos R$ 30.

“A empresa passou por um período de menor rentabilidade nos últimos anos, mas tem um excelente histórico de criação de valor para seus acionistas ao longo de décadas. Acreditamos que a empresa está bem posicionada para resistir à temporada de economia mais fraca e retomar os seus níveis de rentabilidade históricos”, afirma Barboza.

Outra reomendação da gestora é a Marcopolo (POMO4), maior fabricante de carrocerias de ônibus do país. Segundo Barboza, a tese é baseada no fato de que a frota de ônibus brasileira está mais velha do que o usual, o que tende a aumentar a demanda por novos ônibus nos próximos anos e favorecer a empresa.

Alex Carvalho, analista CNPI da CM Capital, por outro lado, acredita em oportunidades pontuais na Bolsa. Para ele, empresas que se destacaram nos resultados do 4º trimestre podem ser boas oportunidades para o cenário adverso de investimentos em 2023.

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Entre os principais destaques, estão os números apresentados pelo Banco do Brasil (BBAS3), empresas de tecnologia como Locaweb (LWSA3) e Positivo (POSI3) e até pela aérea Gol (GOLL4). O banco estatal terminou o ano de 2022 com um lucro líquido de R$ 31 bilhões, 57,3% acima do que foi registrado em 2021.

“Esse foi um belo destaque entre os bancos, que no geral tiveram os resultados comprometidos pela exposição à Americanas”, afirma Carvalho. Já Locaweb reverteu um prejuízo de R$ 15,7 milhões em 2021 para um lucro de R$ 30,3 milhões no ano passado (+293,3% de melhora), enquanto as receitas também subiram 42,3%.

Positivo teve lucro de R$ 306 milhões no ano passado, o recorde histórico da empresa. Por fim, a Gol reportou lucro de R$ 230,9 milhões no 4° trimestre do ano passado, revertendo um prejuízo de R$ 2,8 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Há oportunidades nas commodities?

Fora estas, Carvalho aponta que empresas ligadas a commodities devem se valorizar no curto prazo com a perspectivas de recuperação. “Graficamente, tanto o petróleo Brent quanto o WTI corrigiram bastante nos últimos dias e agora voltaram para o movimento ascendente, em função do controle das reservas”, afirma. “O minério de ferro segue trabalhando em forte alta de médio e longo prazo.”

De acordo com Carvalho, a petroleira Prio (PRIO3) e mineradora Vale (VALE3) devem ter um cenário favorável nos próximos dias.

A carteira recomendada da Ágora Investimentos para abril também traz os papéis da Vale e da Prio, junto com Weg (WEGE3), Totvs (TOTS3), Itaú (ITUB4), Iguatemi (IGTI11), Gerdau (GGBR4), CCR (CCRO3), Auren (AURE3) e Assaí (ASAI3). Sobre a commodity metálica, a Ágora também vê uma dinâmica positiva de preços.

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“Continuamos a ver um mercado apertado nos próximos meses, agravados pelos baixos estoques de minério de ferro (principalmente entre as siderúrgicas chinesas), o que deve manter os preços da commodity em patamares elevados”, afirma a Ágora, em relatório.

A tese sobre commodities, entretanto, não é unanimidade. Fábio Sobreira, sócio e analista da Harami Research, é um dos que acredita que a Bolsa não está barata, mesmo após as quedas entre janeiro e março. “Para a Bolsa estar barata, o mercado tem que acreditar pelo menos na manutenção dos lucros das empresas, o que não parece ser verdade”, afirma Sobreira. “Existem ativos pontuais com oportunidades.”

Na visão dele, estas oportunidades, entretanto, estão fora do setor de commodities. Ele espera um cenário mais difícil para o setor, com uma diminuição da demanda por esses insumos em um momento de instabilidade econômica no mundo.

O principal destaque para os próximos meses, segundo Sobreira, será o setor financeiro (bancos e seguradoras), que devem continuar pagando bons dividendos apesar da alta da inadimplência.

As empresas elétricas também devem continuar resilientes, pois tem receitas previsíveis e contratos de longo prazo. Ele alerta para que os investidores não percam o timing do investimento, ou seja, o momento de comprar esses papéis seria agora, que os preços estão bastante depreciados.

Renda fixa e Fiis

Sobreira, da Harami, também destaca a renda fixa e os fundos imobiliários (Fiis) como ótimas oportunidades. Hoje, o conservador Tesouro Selic paga retorno de 1% sem risco. Prefixados estão pagando dois dígitos de retornos, enquanto é possível encontrar títulos híbridos (IPCA+) oferecendo mais de 6% de rendimento real (acima da inflação).

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Na seara dos FIIs, a média de dividendos pagos (Dividend Yield – DY) está nas máximas em seis anos. De acordo com levantamento feito por Einar Rivero, do TradeMap, os fundos imobiliários estão pagando em torno de 10,19% ao ano em proventos, a maior taxa desde 2017.

Para os próximos 12 meses, a projeção é de que os fundos imobiliários continuem pagando bons proventos. Na mediana, a expectativa é de que os Fiis apresentem um DY de 11,51%, com destaque para os “fundos de papel” (que aplicam em títulos ligados ao setor imobiliário).

Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, também aponta a renda fixa como a principal oportunidade do mercado. Os ativos que pagam a variação da inflação + uma taxa prefixada devem ser a principal oportunidade, já que esses papéis se valorizaram quando os juros caem e o entendimento do especialista é de que os cortes na Selic devem ocorrer no 2º semestre do ano.

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“Recomendamos papéis com vencimentos não muito longos (2029 a 2035), pois enxergamos uma maior “gordura” nestas taxas”, afirma Beyruti. Os títulos mais curtos também são menos voláteis que os mais longos (em caso de venda antes do vencimento). Isso significa que são menos afetados por mudanças nas expectativas econômicas.

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